Caro munícipe, Cara munícipe,

O 25 de Abril devolveu a Portugal a liberdade, usurpada durante quase cinquenta anos por um regime brutal que prendia, torturava, deportava os que lutavam pela democracia.

Que explorava sem qualquer hesitação os trabalhadores, empurrando para a emigração à procura de melhores condições de vida centenas de milhares de portugueses, que condenava a juventude a morrer ou a ficar para sempre marcada nos campos de batalha de um império colonial decadente.

Recuperada a liberdade, o povo e o Movimento das Forças Armadas, que tinha empreendido a ação militar que derrubou o antigo regime, iniciaram uma revolução democrática que transformou Portugal.

Foram transformações profundas na política, na economia, na sociedade.

Foram as Conquistas de Abril que a Constituição consagrou.

Comemorar hoje, passados 38 anos, o 25 de Abril não é um acender momentâneo da memória para essa data não cair no esquecimento.

É afirmar a defesa dos valores democráticos e patrióticos da Revolução dos Cravos.

É defender as Conquistas de Abril que ainda não foram destruídas ou desvirtuadas e lutar para reconquistar as que, ao longo destes anos, têm sido sistematicamente destroçadas.

Comemorar hoje o 25 de Abril é lutar pela esperança.

É reacender a esperança.

É rejeitar soluções do passado, que nos remetem de novo, como nos tempos salazaristas, para a emigração, perante a incapacidade de encontrar soluções justas para os problemas dos portugueses.

Nestes 38 anos de Abril é imperioso recordar que há outros caminhos, outras soluções que não as que nos impõem aqueles que estão sempre confiantes num falso conformismo dos portugueses.

Soluções que não as que estão no Pacto de Agressão que a Troyka e o Governo nos impõe e com as quais nos sufoca.

Como podemos aceitar que queiram transformar justos direitos arduamente conquistados em benefícios ilegítimos?

A resposta é apenas uma: não podemos!

Não permitiremos que, 38 anos depois, se destrua Abril, se destruam o que os portugueses começaram a construir em 1974.

Por isso é tão importante reacender a esperança.

A esperança numa vida melhor, a esperança de que é possível uma vida melhor.

Este é o caminho que escolhemos.

O caminho que honra Abril e não esquece décadas de luta por uma vida melhor.

Uma vida com direitos, com dignidade.

Uma vida em que se valoriza o trabalho, em que a política comanda a economia e a vida das pessoas, e não o contrário.

Rejeitar que o conformismo tome conta de nós é um imperativo.

Rejeitá-lo é acreditar nos valores de Abril, é acreditar que não é no empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses que está a solução.

Comemorar hoje o 25 de Abril é lutar pela esperança, porque o direito à esperança, esse não nos poderão nunca tirar!

Viva o 25 de Abril!

Maria das Dores Meira
Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

 

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