A autarca socorreu-se, na sessão solene comemorativa da Assembleia Municipal de Setúbal, dia 25, de manhã, das palavras do cantautor Fausto para referir que “outros tempos hão de vir”, diferentes dos vividos pelos portugueses nos últimos anos, com os problemas verificados, entre outros, ao nível do emprego, dos salários e dos direitos e prestações sociais.

“Este é, pois, o tempo de apostar na mudança, de impedir que outros, que não os mesmos que nos governam hoje, repitam os mesmos erros de sempre com diferentes e gastas explicações”, advertiu Maria das Dores Meira no discurso de dia 25 no Salão Nobre dos Paços do Concelho, num apelo a uma conjugação dos esforços de todos “para que aí venham melhores tempos”.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal alertou para a necessidade de refutar o “fanatismo político dos que apenas sabem da vida o valor dos números e esquecem que por trás dos cifrões estão pessoas concretas, que veem, ouvem e leem”.

A autarca destacou o protagonismo dos municípios na criação de melhores condições de vida para os cidadãos nestes 41 anos de Portugal livre. “Somos, nas autarquias, responsáveis por novos tempos, pelo Portugal melhor que ajudamos a construir, o Portugal que é obra do Poder Local Democrático nascido em Abril e que todos nos orgulhamos de continuar a construir, dia após dia, no mais recôndito canto dos nossos concelhos.”

A polémica da descentralização de competências da administração central para os municípios foi igualmente abordada, com Maria das Dores Meira a reafirmar discordância do modelo proposto pelo Governo, “sem critérios, sem discussão prévia”, que, sinalizou, pode aprofundar as desigualdades territoriais.

“Precisamos de uma lei das finanças locais que respeite as especificidades de cada concelho. Precisamos que as transferências financeiras para as autarquias sejam adequadas aos serviços que estas prestam às populações”, acentuou.

A valia do trabalho autárquico, não obstante as dificuldades, nomeadamente financeiras, foi exemplificado com o caso de Setúbal, a viver “tempos de mudança, de modernização da cidade e do concelho, tempos em que se pratica uma gestão próxima dos cidadãos, em que se ouve o que as pessoas têm a dizer”.

Setúbal, frisou a presidente da Câmara Municipal, é hoje “um município participado que incorpora no seu trabalho as propostas que setubalenses e azeitonenses fazem, praticando o aprofundamento da democracia participativa e cumprindo o espírito de Abril”.

Este modelo político envolve a preocupação de “afirmar Setúbal como a grande capital que é com a requalificação urbana da cidade e do concelho”, o que se traduz em ganhos de qualidade de vida para os habitantes, em criação de riqueza e num aumento de visibilidade e atratividade externas, como, neste caso, demonstram os resultados turísticos do último ano, bem acima da média nacional.

Maria das Dores Meira realçou que a modernização do território é feita de forma sustentada, em sintonia com o respeito pelo património existente no concelho, de que é exemplo a recente recuperação do Convento de Jesus, em que a Autarquia teve de se substituir ao poder central na concretização da obra.

“Assumimos o que nunca ninguém antes quis assumir e hoje, em 2015, passados 23 anos do encerramento do Convento e do Museu de Setúbal para obras, vamos reabrir parte do monumento restaurado e melhorado graças a um investimento global de cerca de 3 milhões e 600 mil euros”, adiantou. “Vamos reabrir o monumento para fruição de todos, devolvendo ao País e à cidade o seu mais precioso património histórico, a mais preciosa peça da nossa memória coletiva, local onde parte importante da História de Portugal foi também escrita.”

Esta requalificação, completou a presidente da Câmara Municipal, demonstra o contributo que as autarquias e os autarcas dão ao Portugal de Abril. “Por isso, tão importante é celebrar Abril da plenitude das suas conquistas.”