O projeto de requalificação que vai permitir uma melhoria profunda nas condições para usufruto da população da área envolvente do Convento de Jesus foi apresentado publicamente no dia 25, à noite, a moradores e comerciantes da zona.


“Estamos a fazer um enorme esforço dar dignidade ao ex-líbris da cidade. É uma requalificação estratégica e histórica que vai dar uma vivência completamente distinta àquela zona da cidade”, sublinhou o vereador das Obras Municipais, Carlos Rabaçal, na sessão, que praticamente encheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A requalificação da área envolvente do monumento, já em curso, num investimento municipal de cerca de 1,5 milhões de euros, com financiamento comunitário de 65 por cento, transforma o Largo de Jesus numa área vocacionada para usufruto da população e a zona norte/poente com capacidade para duas centenas de lugares de estacionamento.

A intervenção no largo contempla um projeto de arquitetura paisagística que resulta na criação de uma “zona de lazer, para qualificar a vivência pela população e pelo comércio ali existente”.

O skate parque, que já foi desmantelado, será transferido para junto do futuro campo de râguebi em construção na área da Várzea, zona da Algodeia, solução que, frisa Carlos Rabaçal, foi “decidida em conjunto pela autarquia e pelos utilizadores daquele equipamento”.

A diretora do Departamento de Obras Municipais, Lénia Mouro, conduziu uma apresentação pormenorizada do projeto, que inclui a conservação e restauro do cruzeiro, o qual será recolocado num local do largo que permite que fique ao eixo em relação ao portal da igreja.

A intervenção na praça envolve a criação de um espaço verde, de percursos pedonais, de um plano de água elevado e de um banco ao redor de toda a zona verde para descanso e lazer.

A ampliação do adro, que será revestido com um novo lajeado de pedra, a criação de 18 lugares de estacionamento e a relocalização da paragem de autocarro são outras intervenções programadas no Largo de Jesus.

A obra é concebida numa lógica de prevenção de cheias, nomeadamente para se evitar que, em situação de intempérie, a água invada o convento. “Para isso, vão ser colocadas pequenas comportas que abrem e fecham consoante a necessidade”, adiantou Lénia Mouro. 

Já o projeto para as traseiras do Convento de Jesus, entre a Cerca Pequena e a Cerca Grande, contempla a reorganização do estacionamento com a criação de 161 lugares gratuitos, com pavimento em pedra, e a plantação de mais de uma centena de árvores, como laranjeiras, amendoeiras e oliveiras, e de arbustos de plantas aromáticas.

O objetivo é fazer uma ligação histórica com os antigos pomares e espaços de cultivo existentes na cerca do convento.

Lénia Mouro sublinhou, igualmente, a restauração do hornaveque, uma antiga estrutura de defesa do convento que atualmente não é visível, com o objetivo de “dignificar este elemento de grande valor histórico, tornando-o mais facilmente identificado”.

Será criada uma zona verde de enquadramento de prado regado junto do hornaveque, que também ficará iluminado.

A intervenção na zona norte/poente do convento inclui, igualmente, a melhoria dos acessos ao Museu de Setúbal e edifício técnico, a instalação de mobiliário urbano e a criação de mais 41 lugares de estacionamento num terreno da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, onde também serão plantadas árvores de fruto.

Tendo em conta a importância do projeto de requalificação da área envolvente deste ex-líbris da cidade, Carlos Rabaçal pede “a compreensão e a ajuda de todos os moradores e comerciantes”, não apenas para “levar a bom porto esta intervenção estratégica”, mas também para que o estaleiro de obras cause a menor perturbação possível.

“Pedimos que se mantenham atentos e nos ajudem, com as vossas sugestões, a minimizar os impactes das obras na vossa vida. Pensamos que a parte mais pesada, a que está a decorrer agora, é a que provoca maior perturbação. Depois desta fase, diminuem os constrangimentos.”

 O chefe da Divisão de Projetos, Concursos e Empreitadas, José Amaro, garantiu que a autarquia está a desenvolver todos os esforços para que “a convivência com as obras seja passiva” e para que, sempre que possível, sejam encontradas alternativas para minimizar os incómodos.

O projeto apresentado à população enquadra-se na requalificação geral do Convento de Jesus e área envolvente, uma intervenção assumida pela Câmara Municipal de Setúbal, que se substituiu ao Estado para estancar o processo de degradação do monumento e permitir a reabertura ao público.

A requalificação geral do convento, composto por diversas fases, algumas por realizar, num investimento estimado em 12 milhões de euros, começou em 2012 com o restauro do núcleo museológico e o reforço estrutural da cobertura do monumento e do Coro Alto da Igreja de Jesus.

A segunda fase, em curso, contempla a recuperação da cobertura, do Coro Alto e da Sala do Capítulo.

As terceira, quarta e quinta fases do projeto contemplam a recuperação das salas interiores do convento, que serão transformadas em núcleos museológicos, o restauro do restante edifício e a transformação do Balneário Paula Borba num edifício técnico de apoio ao convento.

Esta última fase representa um investimento de um milhão de euros que será alvo de uma candidatura a fundos comunitários no âmbito do Portugal 2020.