Navegante - entrada em vigor - Cerimónia em Setúbal

O passe único Navegante, que uniformiza a utilização, a preços reduzidos, do sistema de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa, incluindo Setúbal, arrancou a 1 de abril, naquela que é uma mudança histórica que consagra o direito de mobilidade para todos.


A entrada em vigor do novo passe juntou governantes e autarcas numa viagem simbólica entre os extremos norte e sul da Área Metropolitana de Lisboa, que culminou em Setúbal, cidade que acolheu a cerimónia alusiva à introdução do Navegante nos 18 municípios desta comunidade intermunicipal.

No ato solene realizado no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, salientou a importância desta medida, que traduz um “momento em que se operou uma mudança histórica na forma como em Portugal se utiliza e paga os transportes públicos”.

O Navegante Municipal, que no concelho setubalense tem a designação “Navegante Setúbal”, custa 30 euros e permite viagens nos transportes públicos coletivos dentro do território sadino, enquanto o “Navegante Metropolitano”, no valor de 40 euros, possibilita deslocações na rede de transportes públicos de toda a Área Metropolitana de Lisboa.

A autarca sublinhou que o passe permite uma “considerável reposição de rendimentos por via da redução do preço dos passes sociais”, constituindo, em simultâneo, “uma medida fundamental para cada vez maior sustentabilidade ambiental”, assegurada pela “retirada de milhares de viaturas das estradas”.

A partir do dia 1 de abril, com o “Navegante Setúbal”, quem utilizar a Fertagus para ir trabalhar para Lisboa deixa de pagar mensalmente 133 euros e 95 cêntimos e passa a pagar 40 euros, o que representa uma poupança mensal de 93 euros e 95 cêntimos euros e anual de 1127 euros 40 cêntimos.

Já uma família em que dois membros se desloquem diariamente a Lisboa e tenham de recorrer aos serviços dos TST, Metro e Carris, deixa de pagar 356 euros 70 cêntimos mensais para pagar apenas 80 euros, o que se traduz numa poupança mensal de 276 euros e 70 cêntimos e anual de 3320 euros e 40 cêntimos.

Maria das Dores Meira afirmou que o “mais importante está feito”. Contudo, alertou, a entrada em vigor desta medida “não anula a urgência de identificar rapidamente quais as ligações a zonas confinantes da Área Metropolitana de Lisboa que importa integrar neste novo sistema” de utilização de transportes coletivos.

No caso de Setúbal, a presidente da autarquia adiantou ainda que “existem questões que carecem resolver rapidamente, como é o caso da travessia do Sado”, a qual classifica de “injusta e desnecessariamente dispendiosa”.

O primeiro-ministro, António Costa, regozijou-se com a entrada em vigor do passe Navegante, “um título único que serve a todos” e que, frisou, constitui “a maior revolução nos transportes públicos coletivos das últimas décadas”.

O governante, que embarcou às 07h30 numa viagem simbólica que uniu Mafra a Setúbal, naquele que é o percurso mais longo que pode ser usufruído com a utilização do Navegante entre os extremos norte e sul da Área Metropolitana de Lisboa, destacou as vantagens ambientais e económicas alcançadas.

O chefe do Governo, ao enaltecer “o impacte que a medida tem nos rendimentos das famílias”, reforçou que o passe, alargado a outras comunidades intermunicipais, devidamente adaptado às características locais, “gera muito mais oportunidades de mobilidade, sem maior custo”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, na condição de presidente da Área Metropolitana de Lisboa, o passe Navegante “consagra o direito de mobilidade para todos”, uma “mudança repleta de significado” que, só no caso deste território, abrange 2,7 milhões de cidadãos.

A “melhor prova da dimensão alcançada com esta medida”, sublinhou Fernando Medina, é o facto de em março “terem sido vendidos mais 70 mil títulos” do que no mês homólogo de 2018, grande parte a “pessoas com mais de 65 anos, que adquiriram o passe não por necessidade mas porque é um direito”.

O presidente da Área Metropolitana de Lisboa enfatizou, igualmente, que o Navegante, responsável pela eliminação de mais de sete centenas de passes no território, “resulta da vontade férrea de 18 municípios” e constitui “um passo de gigante na revolução que está a acontecer nos transportes públicos”.

Fernando Medina adiantou ainda que está em desenvolvimento mais uma solução que procura complementar o Navegante, “um projeto de mais de 30 milhões de euros, assegurado pelos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa, para expansão da rede de transportes públicos”.

O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, apontou, igualmente, a relevância desta medida de mobilidade, “interpretada como um direito social”, para depois destacar as mais-valias ambientais alcançadas.

“Este é um contributo sério no combate às alterações climáticas, que se traduz na melhoria da qualidade de vidas das populações e das cidades”, frisou o governante, ao adiantar que constitui também mais um passo no “processo de descarbonização”, cujo objetivo é alcançar “menos 40 por cento até 2030” das emissões de dióxido de carbono de 2011.

Na cerimónia, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal ofereceu ao primeiro-ministro uma oferta que simboliza o fim dos inúmeros passes utilizados nos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa, casos do “L123”, “A23SX” e “00A23”, replicados e personalizados com a fotografia e o nome de António Costa.

Ao Navegante metropolitano e municipal juntam-se, a partir de julho, os passes válidos para famílias, independentemente da dimensão do agregado, com o valor de 60 euros para os títulos circunscritos a um único concelho e de 80 euros para os que darão acesso a deslocações em toda a área metropolitana.

Todos os passes são de periodicidade mensal e permitem recarregamentos efetuados a partir da rede Multibanco. Existem ainda o “Navegante 12 anos”, gratuito, para crianças até 12 anos, e o “Navegante +65”, com o valor fixado em 20 euros, para pessoas com mais de 65 anos.