Mais de oito centenas de alunos da comunidade estudantil do concelho de Setúbal participaram no dia 24 de maio no desfile de percussão do Festival de Música de Setúbal, que encheu a Baixa da cidade de alegria, cor e sonoridades.
“O Rio é a nossa casa.” Foi a partir desta máxima que o músico Fernando Molina criou o emblemático desfile inclusivo de percussão, que, pelo nono ano consecutivo, marcou presença no início do Festival de Música de Setúbal.
“Uma vez que fizemos o encontro à beira-rio e que o percurso nos levava a entrar pela cidade, até junto da estátua de Bocage, que já foi praia um dia, quis oferecer uma maré rítmica à cidade, um maremoto de ritmo e música”, explicou o coordenador do evento.
Ainda não eram dez da manhã e já o espaço defronte do Cais 3 do Porto de Setúbal estava repleto de crianças e jovens estudantes pertencentes aos agrupamentos de escolas do concelho e a instituições de inclusão social da cidade.
A diversidade rítmica e cultural foi partilhada por todos, numa mistura de sons conseguida através da junção de instrumentos musicais habituais e outros não convencionais.
Tambores feitos de baldes e de recipientes de plástico, latas de tinta usadas e latas de conservas reutilizadas serviram para fazer música.
“Dadas as características de participação maciça das escolas foi impossível fazer um ensaio geral. Era imprevisível perceber como ia correr, mas estiveram todos alinhados e afinados”, referiu Fernando Molina.
Do porto de Setúbal a maré sonora seguiu pela Avenida Luísa Todi, passando pelas ruas da Baixa da cidade até à Praça de Bocage, onde as mais de oito centenas de participantes, entre alunos, profissionais e encarregados de educação, formaram um circulo à volta da estátua do poeta.
“Foi um sucesso. Tivemos uma participação mais trabalhada e elaborada por parte das escolas. Este evento deve-se não só às escolas, mas também ao envolvimento dos vários departamentos municipais. Todos são peça-chave e fundamentais na realização deste desfile”, realçou Molina.
Para o “barulho” dos tambores que esta manhã percorreram a cidade contribuíram também os músicos do Grupo Balsol, com Nuno Carpinteiro no acordeão, Manuel Amarelo, no trompete e flautas, e David, na guitarra e cavaquinho.
Ao longo dos últimos nove anos já passaram pelo desfile de percussão do Festival de Música de Setúbal trinta por cento das crianças das escolas do concelho.
Segundo Fernando Molina, na primeira edição, a iniciativa contou com 250 participantes. Há dois anos estiveram envolvidos 1240, tendo este número caído, entretanto, devido à realização de provas de aferição nas escolas do concelho.
“Este ano conseguimos subir novamente no número de participantes. Posso dizer que dez por cento da população de Setúbal, trinta por cento da população jovem, já participaram neste festival por via deste desfile. Estamos a criar público para as futuras edições do festival”, concluiu, com orgulho.
O Festival de Música de Setúbal, a decorrer até segunda-feira, conta com artistas nacionais e internacionais conceituados, que partilham o palco com mais de 1500 crianças e jovens, em eventos a decorrer em diversos locais do concelho.
O certame, cujo tema, à semelhança do ano passado é “Casa”, é organizado pela A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal e The Helen Hamlyn Trust e apoio da Antena 1 e 2 e da Caetano Drive.
A direção artística do festival é de Ian Ritchie. Recentemente, numa entrevista, o diretor artístico reforçou o caráter “cultural e único” deste certame, “que continua a reunir artistas convidados aclamados com a comunidade local, a fazer música e a enriquecer a vida cultural desta linda cidade”.
O espírito inclusivo e distinto do Festival de Música de Setúbal manifestou-se já no dia 23, no concerto de boas-vindas, no Fórum Municipal Luísa Todi, com Beatriz Nunes, cantora e compositora, a partilhar o palco com o quarteto de cordas do Conservatório Regional de Setúbal e o Coro Infantil de Setúbal.
“Adoro Viajar” foi o tema da noite, escrito pela turma do 4.º ano da Escola Básica do 1 de Brejos do Clérigo, no âmbito do Projeto de Escrita de Canções, com Carlos Garcia e Susana Cachão.
O Festival de Música de Setúbal mantém como principal linha o princípio que serviu de predicado à sua génese, em 2010, o de contar com o envolvimento da comunidade local, desde o movimento associativo, escolas, estabelecimentos de ensino musicais e pessoas portadoras de deficiência, na participação artística ativa nos espetáculos do programa, muitos deles em estreita parceria com músicos profissionais e consagrados.
