Film Fest - Festival de Cinema Musicado ao Vivo 2019 - apresentação

O primeiro Film Fest – Festival de Cinema Musicado ao Vivo, que arranca no dia 10 em Setúbal, exibe mais de duas dezenas de filmes mudos ou sem som, com bandas sonoras interpretadas no local por músicos como Noiserv e Tó Trips.


“Este evento é o início de uma nova narrativa para a cultura no território, onde a criação artística é o caminho que queremos trilhar.” Foi assim que a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, assinalou a apresentação da primeira edição do Film Fest – Festival de Cinema Musicado ao Vivo, num encontro que decorreu no dia 4, no antigo Armazém de Papéis do Sado.

O certame, que se realiza entre os dias 10 e 20, recupera o formato original do cine-concerto, criando “encontros interdisciplinares únicos”, com a exibição de filmes mais conhecidos do público, bem como de cinema de autor, com a particularidade de serem todos acompanhados musicalmente por artistas que atuam ao vivo perante o público, reinventando as bandas sonoras de forma singular.

Na apresentação pública do festival, Maria das Dores Meira destacou os principais eixos do evento que considera ser “o ponto de partida para elencar a marca cultural para Setúbal, a cidade da criação artística O território onde se cria, tendo como pano de fundo a sua entidade, o seu património natural e paisagístico, a sua memória e as suas gentes, que desde de sempre foram elementos que serviram de inspiração para muitos artistas emblemáticos na área da literatura, do cinema, do teatro, da dança e na música”.

O Film Fest, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e dinamizado em parceria com a Associação Cultural Festroia e a 50 Cuts – Associação Cinematográfica, incluiu na sessão de apresentação a exibição da película francesa de ficção científica “L’Inhumaine”, de Marcel L’Herbier, musicado ao vivo por Inês LAMIM.

O festival, que tem como locais centrais da programação o Fórum Municipal Luísa Todi e o Cinema Charlot – Auditório Municipal, apresenta-se como “um evento diferenciador”, com a exibição de 21 filmes, entre longas e curtas-metragens.

As obras são exibidas em 12 sessões, oito para o público em geral, duas para as escolas, uma de Pais e Filhos e ainda uma de apresentação dos resultados de um workshop desenvolvido junto da comunidade educativa do concelho.

“Mais do que programar eventos pré-concebidos, que podem acontecer em qualquer outra cidade, procuraremos impulsionar o trabalho artístico”, garantiu Maria das Dores Meira, adiantando que o novo festival aposta, para isso, em “projetos futuros assentes em residências artísticas nacionais e internacionais, envolvendo a comunidade e os agentes culturais da cidade”.

A abertura, a 10, com início às 21h30 no Fórum Luísa Todi, é feita com “L’Inferno”, de Francesco Bertolini, Giuseppe de Liguoro e Adolfo Padovan, obra de 1911 musicalmente acompanhada ao vivo pelo Coro Setúbal Voz, dirigido pelo maestro Jorge Salgueiro, e narração de Rui Sidónio, vocalista dos Bizarra Locomotiva.

O Film Fest é também o palco da estreia nacional, dia 12, às 21h30, no Fórum Luísa Todi, em formato de cine-concerto, de “Beautiful Things”, obra vencedora da categoria “Melhor Filme Italiano” na 74.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, que conta com a presença do realizador, Giorgio Ferrero. A exibição da obra durante o festival sadino é acompanhada musicalmente num dueto entre Giorgio Ferrero e Rodolfo Mongitore.

Uma homenagem ao realizador escocês Norman McLaren, nome histórico do cinema de animação, decorre também a 12, mas mais cedo, pelas 16h00, no cinema Charlot, com a exibição de “Mosaico”, “A Chairy Tale”, “Blinkity Blank”, “Neighbours” e “Loops”, com bandas sonoras ao vivo a cargo de Daily Misconceptions, projeto de música eletrónica de João Santos.

No mesmo dia, igualmente no Charlot, o Film Fest dedica uma sessão à cineasta pioneira Germaine Dulac, a partir das 17h00, com La Negra, projeto de Sara Ribeiro, e Alexandre Bernardo, na guitarra, a musicarem ao vivo as curtas-metragens “Étude Cinématographique sur une arabesque” e “L’Invitation au voyage”.

Um programa eclético que a presidente da Câmara Municipal destacou ser o reconhecimento do “importante papel desempenhado por mulheres na indústria cinematográfica, não esquecendo obras e realizadores de cinema de animação”.

Variedade que se estende ao cinema para o público mais jovem. “É cada vez mais nossa preocupação o envolvimento da comunidade educativa nos projetos culturais da cidade, sensibilizando os jovens, com vista a um futuro melhor, mais participativo e enriquecedor”, afirmou Maria das Dores Meira.

Da programação para escolas destacam-se, a 18, no Fórum Luísa Todi, um cine-concerto com a colaboração de Charlie Mancini a musicar a curta-metragem de Albert Lamorisse “Le Ballon Rouge”, e a apresentação do atelier de sonorização “Mini-Mancinis”, com os filmes “Felix in Hollywood” e “O Imigrante”, ambos com acompanhamento musical ao vivo por Charlie Mancini e formandos do atelier.

A pensar nas famílias, o Film Fest reserva para dia 20, pelas 16h00, no Fórum Luísa Todi, a sessão Pais & Filhos, com a exibição de “Sherlock Jr.”, de Buster Keaton, musicado ao vivo por Noiserv, considerado um dos mais criativos e estimulantes projetos musicais criados no país na última década.

Incluídos no lote de 21 filmes em exibição estão ainda “Shoes”, com música por Gonçalo Simões, “O Homem da Câmara de Filmar”, com Norberto Lobo a cargo do acompanhamento musical, e “I’m Furious Red” e “Giuseppi”, ao som dos MODS Collective.

As produções portuguesas têm também presença garantida no certame, com a exibição de dois filmes dos anos 20 no Cinema Charlot – Auditório Municipal.

De Reinaldo Ferreira, “Rita ou Rito?…”, com Alves da Costa, Fernanda de Sousa e Antónia de Sousa no elenco, é apresentado a 13, pelas 18h00, no Charlot. A banda sonora é entregue a O Manipulador, projeto musical do baixista e compositor Manuel Molarinho.

No mesmo dia, mas às 21h30, também no Charlot, passa “Os Lobos”, de Rino Lupo, com concerto a cargo de Tó Trips, músico que também de destaca como ilustrador, apresentando no Film Fest a exposição de originais “Eram os Cartazes mais Rápidos do Mundo”, a decorrer no Espaço Ilustração da Casa da Cultura até dia 30.

O certame proporciona ainda a oportunidade para descobrir um conjunto de atividades paralelas na Casa da Cultura e no Espaço 50 Cuts, como conversas dedicadas ao cinema e oficinas de cinema para famílias.

Os bilhetes para as sessões do Film Fest, à venda na Casa da Cultura, Cinema Charlot e Fórum Municipal Luísa Todi, têm o custo de 8 euros para o público em geral e de 6,5 euros para estudantes, jovens até 25 anos e maiores de 65 anos. Há ainda um passe para todos os cine-concertos do festival por 35 euros.

O programa e horários completos do Film Fest – Festival de Cinema Musicado ao Vivo pode ser consultado aqui e mais informações podem ser obtidas através do endereço de correio eletrónico pulsar.fest@mun-setubal.pt.

O evento conta, ainda, com as parcerias da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Cineteca di Bologna, Fundação Friedrich Wilhelm Murnau, Il Sorpasso – Associação Cultural, do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, de Valletta 2018 – Capital Europeia da Cultura, da Light Cone Films, Lobster Films, Milestone Films e National Film Board of Canada.