Cidade do Conhecimento | Segunda reunião do Conselho Consultivo | Apresentação do Plano Estratégico | Manuel Pisco

A implementação de um novo paradigma social, assente no trabalho em parceria, com os atores comunitários a assumirem papel ativo na construção de uma nova urbanidade, representa a base do Plano Estratégico da Cidade do Conhecimento, apresentado no dia 29, nos Paços do Concelho.


A Cidade do Conhecimento é um projeto do grupo The Pitroda Group LLC, desenvolvido em estreita parceria com a Câmara Municipal, que vai congregar em Setúbal, numa nova área urbana a edificar, entre várias outras valências, polos catalisadores de empresas e instituições ligadas ao desenvolvimento tecnológico e do conhecimento.

O Plano Estratégico foi apresentado ao Conselho Consultivo do projeto, que está a ser elaborado pela consultora CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano.

O presidente da Pitroda Group Portugal, Gustavo Miedzir, sublinhou no início da apresentação que a Cidade do Conhecimento “é um investimento que ronda os mil milhões de euros. Que não restem dúvidas de que esta cidade vai ser uma realidade”.

O Plano Estratégico, que poderá ser agora melhorado com os contributos recolhidos ao longo da tarde junto do Conselho Consultivo, pretende ser a base teórica que irá tornar realidade o master plan, documento responsável pela execução, no terreno, do processo de construção da Cidade do Conhecimento.

“A dimensão do projeto exige que seja feito dentro de um quadro de credibilidade e qualidade”, afirmou Sérgio Barroso, associado da CEDRU, que conduziu a apresentação do Plano Estratégico.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Manuel Pisco, resumiu a futura Cidade do Conhecimento como uma “nova área urbana voltada para o conhecimento, associada a uma indústria do conhecimento. Há décadas que as sociedades comercializam o conhecimento, mas não com uma dimensão destas”.

O autarca garantiu, ainda, que “não se vai fazer uma simples cidade. Trata-se de fazer um novo modelo de sociedade local”.

A futura Cidade do Conhecimento de Setúbal deverá respeitar um conjunto alargado de critérios capazes de satisfazer as necessidades das populações no futuro, nomeadamente em termos de comodidade urbana, como questões relacionadas com mobilidade, mas também ser capaz de responder aos desafios que se avizinham, nomeadamente ambientais.

O Plano Estratégico assenta num modelo multiescala, no qual se destaca a importância da clusterização urbana, que engloba áreas como a mobilidade e a logística, a especialização tecnológica, capaz de atrair empresas e profissionais de setores como a nanotecnologia ou robótica, e o ecossistema de inovação, que deverá ter como chave a construção de um novo centro de congressos.

“A Cidade do Conhecimento estará em velocidade de cruzeiro dentro de vinte anos. É preciso que todos os parceiros locais, nas suas mais variadas dimensões, estejam preparados para a acompanhar”, destacou Sérgio Barroso.

O trabalho em parceria, nomeadamente de cariz interinstitucional, foi sublinhado insistentemente como o elemento determinante para o êxito da Cidade do Conhecimento.

“O projeto precisa do envolvimento de todos para que seja de excelência. O volume de investimento que representa é assinalável. A realidade de hoje permite trazê-lo para Portugal, mas não se sabe como vão pensar os investidores daqui por três anos. Por esse motivo, há que ser diligente”, frisou Gustavo Miedzir.

A proteção ambiental é uma forte componente estratégica que está também incorporada para determinar o êxito do projeto.

A urbanidade da Cidade do Conhecimento vai ser capaz de corresponder, da forma mais eficiente possível, às atuais agendas da neutralidade carbónica, da resiliência climática, da biodiversidade e de cidade para todos.

Sérgio Barroso destacou, igualmente, os principais desafios identificados para que a futura cidade obtenha o êxito desejado, enumerando fatores relacionados com conceitos de “governança”, não sendo possível “concretizar um projeto desta natureza se este funcionar como uma ilha, sem ser em rede”.

Destacou, também, conceitos relacionados com “planeamento e urbanismo”, em que a conectividade, em termos de mobilidade, é fundamental, “pelo que, por exemplo, a construção do novo aeroporto de Lisboa é de extrema importância”.

Para que a estratégia agora delineada se torne uma realidade, Sérgio Barroso indicou, ainda, a importância de corresponder eficazmente a desafios provenientes das áreas da “gestão”, relacionada com a capacidade de atrair talento e investimento internacional para o projeto, bem como da “operacionalização”, relacionada com a agilidade burocrática necessária para possibilitar a concretização de subprojetos.

A Cidade do Conhecimento de Setúbal, que prevê a edificação de infraestruturas modernas, numa área de 180 hectares na zona do Vale da Rosa, próxima de um importante polo industrial e de serviços do concelho, bem como do campus do Instituto Politécnico de Setúbal, vai assumir-se como um local onde pessoas e empresas vão viver, trabalhar, cooperar e inovar em conjunto.

A criação de uma plataforma capaz de concentrar geograficamente os stakeholders de um determinado setor, potenciando a troca de conhecimentos de modo eficaz, é outro objetivo.

O projeto vai englobar a construção de escritórios, área residencial, hotel, centro de conferências, hospital, escolas e universidades, zonas comerciais e parques de estacionamento, assim como polos de lazer, arte e cultura.

Além do The Pitroda Group LLC e da autarquia, o Conselho Consultivo da Cidade do Conhecimento é constituído pelas cinco juntas de freguesia do concelho, Assembleia Municipal, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, AICEP Portugal Global, AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal e Área Metropolitana de Lisboa.

BlueBiz Global Park, Centro de Emprego e Formação Profissional de Setúbal, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Fundação Escola Profissional de Setúbal e Instituto Politécnico de Setúbal também integram o Conselho Consultivo.