Ruas com História | Rua Luís Gonzaga Nascimento

A vida e obra do cientista e naturalista que dá o nome à Rua Luís Gonzaga do Nascimento é o destaque desta rubrica que dá a conhecer a história toponímica setubalense, desta vez a partir de uma personalidade com feitos impares ao nível da ciência marítima.


Situada no Bairro Alves da Silva, o nome desta artéria, atribuído na reunião da Câmara Municipal de Setúbal de 10 de janeiro de 1973, surge como forma de homenagear e perpetuar o nome de Luís Gonzaga Nascimento, mediante os avanços e descobertas científicas que preconizou.

Este conterrâneo, nascido em 1882, mereceu o reconhecimento mundial ao nível das ciências ligadas ao mar e à biodiversidade e logo desde muito novo. Com aproximadamente 15 anos vê o seu nome ligado a instituições de charneira como o Museu Britânico de História Natural ou o Museu de Madrid, acontecendo isto pela oferta que fez de ninhos de aves marítimas. Como reconhecimento é nomeado imediatamente como sócio correspondente nestas instituições.

Ainda que não tivesse formação académica nestas áreas do conhecimento científico isto não obstou a um cada vez maior reconhecimento mundial, designadamente pelos brilhantes e distintos estudos que conduziu, tendo o seu nome chegado a locais tão remotos como a Ásia, já que foi convidado pelo reitor da Universidade Imperial do Japão, em 1934, a participar num boletim elaborado pela Sociedade de Oceanografia Nipónica. Também a Universidade de Buenos Aires, ou ainda o Instituto Espanhol de Oceanografia, pretenderam que fosse seu colaborador, tendo mesmo, esta última instituição, incluído duas novas espécies ictiológicas portuguesas. A saber, a “Callinymos Belenos” e a “Diodon Hystrix”, duas espécies piscícolas cujo estudo coube a este naturalista setubalense. O reconhecimento mundial que obteve era de tal monta que a Universidade de Leide, na Holanda, não teve dúvidas em atribuir nomes científicos a espécies diversas descobertas utilizando o nome do nosso conterrâneo como inspiração e para lhe prestar homenagem. Aconteceu isto com as espécies marinhas “Gorgonia Gonzaga”, “Leptogorgia Gonzaga” e “Eucinella Nascimento”.

Para além da colaboração na captura e identificação de inúmeras espécies marinhas que revolucionaram o panorama científico pelo mundo fora, foi ainda agraciado e subsidiado nos seus estudos pelas mais diversas instituições ligadas ao mar, designadamente espanholas, mas nunca aceitou cargos diretivos preferindo continuar a viver em Setúbal.

Chegou mesmo a ter um museu oceanográfico com o seu nome em Setúbal, na Estrada dos Arcos, na Quinta da Alfarrobinha, tal como aponta João Francisco Envia na obra “Setubalenses de Mérito” e cujo texto serve integralmente como base a este artigo. Perante a extinção deste museu com o seu nome, o espólio de Luís Gonzaga Nascimento passou a estar patente no Museu Oceanográfico Gonzaga do Nascimento, sito no Portinho da Arrábida, podendo ser devidamente apreciado pelos visitantes do espaço.

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