Vereador da Cultura, Pedro Pina, na sessão plenária da Conferência Municipal de Cultura.

A comunicação e a captação de público, principalmente jovem, foram em 26 de novembro temas em destaque na Conferência Municipal de Cultura de Setúbal, onde se recordou que a cultura é transversal, abrangendo assuntos como o ambiente, a educação, a inclusão social ou o património.


Depois de um dia dedicado à realização de quatro grupos de trabalho, o Cinema Charlot – Auditório Municipal acolheu a sessão plenária da Conferência Municipal de Cultura, um dos vários instrumentos para a elaboração do Plano Estratégico Municipal de Cultura de Setúbal 2022, na qual a população e a comunidade artística puderam dar os seus contributos.

Afirmando-se “muito satisfeito” com “este processo partilhado”, o vereador da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Pina, considerou que “fez-se cultura na cidade de Setúbal”, porque os participantes nos diferentes painéis fizeram “um exercício de política cultural”.

Segundo o autarca, esse exercício consistiu em “encontrarem-se e disponibilizarem-se para refletir, para discutir, para discordar, para concordar, para convergir” no que diz respeito à cultura para o território de Setúbal.

“Este é um processo em que nós acreditamos. Sabemos que é um processo difícil, longo, mas, acima de tudo, é um processo que vale a pena”, disse, considerando “importante que o poder local democrático se sinta na disponibilidade para fazer dos territórios um espaço de participação política e cultural”.

Segundo Pedro Pina, “é este caminho” que a Câmara Municipal está a fazer com o parceiro Universidade do Minho e com os cidadãos, agentes culturais e políticos que têm participado neste processo.

“É um processo alargado. Não se faz democracia sem pessoas, não se faz democracia sem participação, constroem-se as soluções se todos quisermos ser parte dessas soluções ou quisermos contribuir, mesmo na divergência, para que essas soluções sejam construídas de uma forma coletiva”, afirmou.

A observadora externa da conferência, Ana Oliveira Silva, diretora do Departamento de Cultura da Câmara Municipal do Seixal, notou que “as preocupações mais comuns transmitidas nos grupos de trabalho têm muito a ver com as questões da divulgação”, que apontou como sendo “uma base fundamental para depois se atingir um conjunto de objetivos”.

Ana Oliveira Silva reconheceu que os recursos humanos ou a requalificação do património “são preocupações generalizadas”, com “dificuldades e constrangimentos semelhantes em quase todo o país” e, por isso, essa foi uma “vertente muito refletida” na conferência, tal como o público. “Saber como é que chegamos às pessoas, como é que as trazemos a participar nos projetos, nas iniciativas que desenvolvemos”.

“Senti uma maior necessidade de aprofundamento de algumas matérias, até se chegar à fase em que se pode definir o que serão políticas culturais municipais, neste caso para a próxima década. Este é um dos passos do processo, que é construído de forma coletiva e vai refletir aquilo que é a nossa identidade territorial e a forma como queremos posicionar-nos no nosso território”, afirmou.

A conferência, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, decorreu durante todo o dia e inclui quatro grupos de trabalho, organizados por diferentes temas e cada um aberto a um número máximo de 20 participantes – “Políticas culturais municipais na última década”, “Mediação Cultural e Público da Cultura”, “Setúbal: Cultura sem Barreiras” e “Políticas culturais municipais para a próxima década” foram os temas.

A sessão plenária foi destinada à apresentação, discussão e comentários ao trabalho desenvolvido em cada um dos grupos de trabalho.

O Plano Estratégico de Cultura de Setúbal está a ser desenvolvido pelo município, que convidou para a sua elaboração uma equipa liderada pelo professor Manuel Gama, da Universidade do Minho, que integra o Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura.

Este projeto realiza-se no âmbito de candidatura comunitária ao Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa, do Portugal 2020, destinada ao incremento de ações artísticas e culturais para valorização da participação cívica e fruição cultural e patrimonial.

“O desafio que nós lançámos é estarem connosco para refletirmos e pensarmos de forma consistente e estruturada a definição de um Plano Estratégico Municipal de Cultura e esta Conferência Municipal de Cultura é, efetivamente, um instrumento que nós aplicamos na nossa metodologia. Faz todo o sentido dar protagonismo aos agentes do território na definição deste Plano Estratégico Municipal”, referiu Manuel Gama.

Adiantando que a adesão “foi muito grande”, com “mais de uma centena de inscrições”, o académico sublinhou que os resultados preliminares da Conferência Municipal de Cultura vão ser incluídos no documento colaborativo, “que estará pronto em janeiro”, enquanto apontou a data de 27 de junho para a apresentação do Plano Estratégico Municipal de Cultura.

Esta conferência é um dos vários instrumentos incluídos no processo de criação do Plano Estratégico Municipal de Cultura, a par de, entre outros, entrevistas diretas, focus group e um inquérito online à comunidade, o qual continua disponível até ao final de dezembro.

 

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