Caros Munícipes, Caras Munícipes,
Em março de 2013 escrevi aqui, pouco depois de ter sido conhecida uma deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que reconhecia, a pedido da Câmara Municipal, a falta de rigor de um “estudo” da revista Proteste sobre a qualidade de vida nas cidades portuguesas e no qual Setúbal surgia em último lugar numa duvidosa classificação que resultava apenas de pouco mais de 150 inquéritos, que era frequente perguntarem-me se éramos ou não a terceira cidade do País.
Na reflexão que então fiz, concluía que era “difícil saber qual o critério utilizado para atribuir esta, ou outra, posição a Setúbal, se partirmos do pressuposto que Lisboa e o Porto são a primeira e segunda classificadas”. Seria o critério da população? O do contributo para a economia nacional?
Continuo a ter a mesma opinião, ainda que, muito recentemente, um estudo realizado por uma consultora independente com base em indicadores estatísticos oficiais e consolidados ter classificado Setúbal, num ranking de atratividade urbana, em primeiro lugar entre os municípios da Península de Setúbal, em quinto lugar no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, apenas atrás de Lisboa, Oeiras, Cascais e Sintra, e em 13.º a nível nacional.
Ainda que assuma, com toda a clareza, que o nosso objetivo é continuar a subir nestas e noutras classificações como resultado do constante trabalho de modernização de Setúbal, continuarei a responder a quem me colocar a questão sobre qual a nossa posição nas classificações de importância das cidades portuguesas que somos, sem qualquer margem para dúvidas e sob todos os pontos de vista, uma das mais importantes cidades de Portugal. Julgo que, sobre isto, nenhum setubalense terá dúvidas, porque a importância das cidades não se mede apenas em rankings e classificações em que muitas realidades são esquecidas e ocultadas…
A Região de Lisboa só será mais forte e competitiva quando for igualmente mais coesa. O reforço do desenvolvimento da Península de Setúbal é, por isso, essencial para um melhor posicionamento da Área Metropolitana de Lisboa (AML) no quadro das áreas metropolitanas europeias.
Pela nossa parte temos plena consciência do papel e da importância que o concelho de Setúbal tem no reforço do desenvolvimento da Península de Setúbal.
Por várias razões…:
- Por ser o polo urbano mais autónomo e menos dependente das relações pendulares diárias com a cidade de Lisboa.
- Por ser a cidade charneira de articulação da AML com o Litoral Alentejano.
- Pelo enorme potencial ambiental e paisagístico da Serra da Arrábida e do Estuário do Sado, que nos confere enormes capacidades turísticas.
- Por ser uma importante cidade portuária cujo porto tem vindo a desenvolver um papel crescente no contexto dos portos nacionais.
- Por acolher na Península da Mitrena um conjunto de importantes atividades económicas, algumas delas responsáveis pelos bons resultados das nossas exportações.
Por todas estas razões queremos aprofundar, de forma articulada com a estratégia de desenvolvimento regional e com a participação ativa dos diversos agentes económicos e sociais, uma estratégia de desenvolvimento baseada no compromisso entre a vitalidade económica de alguns setores de atividade e a necessidade de aprofundamento da dinâmica cultural e turística, da coesão social e da qualidade de vida.
Neste contexto, consideramos centrais alguns objetivos e áreas de atuação que, sendo importantes para o concelho, são também decisivos para o desenvolvimento da região.
Desde logo o desenvolvimento da estratégia para o Estuário do Sado e para a Frente Ribeirinha de Setúbal dando continuidade ao excelente trabalho de articulação com a administração portuária. Aqui, dois objetivos que têm clara importância regional.
Em primeiro lugar, a instalação de uma plataforma intermodal, ferroviária, rodoviária e fluvial, que intensifique a articulação da Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano.
Depois, o desenvolvimento de atividades náuticas desportivas, de turismo e lazer com a instalação de uma marina, para a qual estão a ser elaborados estudos para encontrar a melhor localização e a viabilidade técnica e económica.
O complemento evidente destes dois projetos prende-se com a continuação do processo de reabilitação urbana na frente ribeirinha, com o duplo objetivo de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e de atrair atividades económicas, designadamente turísticas, para este território.
Outro grande objetivo reside na aposta de tornar Setúbal um território mais competitivo e internacionalizado, pretendendo a Câmara Municipal retomar a proposta do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa de criação do Parque de Ciência e Tecnologia de Setúbal.
Portugal, e a Região de Lisboa em particular, precisam da Península de Setúbal mais desenvolvida, mais competitiva e socialmente mais coesa.
O concelho de Setúbal tem, neste processo, responsabilidades acrescidas, não só por ser um inquestionável polo urbano regional, mas também por ser um território charneira e de articulação com uma região mais alargada e polarizada por Lisboa.
Portugal e a Região de Lisboa precisam de uma Capital da Margem Norte do Sado que simbolize a força e as capacidades de toda a península mais do que uma imensa margem sul desconhecida que está ali ao lado, mas que é uma eterna desconhecida. Precisam de uma Margem Norte do Sado que jamais será um deserto.
Maria das Dores Meira
Presidente da Câmara Municipal de Setúbal