“Setúbal, terra intimamente ligada ao seu rio e ao mar, sempre foi, com maior ou menor intensidade, de acordo com os tempos, uma cidade com atividade aquícola de relevo”, apontou Maria das Dores Meira na sessão de abertura do encontro, que decorreu no auditório do Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal, na qual destacou o “retomar da produção de ostras” no Estuário do Sado nos últimos anos.

A autarca adiantou que são “ainda muitas as empresas que se dedicam à exploração de aquiculturas de onde sai peixe de grande qualidade”, razão pela qual o Município continua a dar uma “grande atenção” ao setor, sobretudo através da “promoção dos produtos como fator de atração turística”.

A realização do colóquio “A Aquicultura na Reserva Natural do Estuário do Sado: contributos”, organizado pela RNES/Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, com o apoio de vários parceiros, incluindo a Câmara Municipal, é, de acordo com a presidente da Autarquia, de capital importância para, em conjunto com os vários agentes, “entender as razões de um eventual declínio do setor” e encontrar “estímulos para o aparecimento de novas empresas”.

Maria das Dores Meira vincou ainda que a autarquia setubalense “encara este estímulo não apenas como uma forma de ter mais e melhores produtos do mar, mas também como uma forma de estimular um setor com tradições e saberes que convém não desperdiçar”.

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, que também participou na sessão de abertura do encontro que assinalou o Dia da Reserva Natural do Estuário do Sado, afirmou que “o desenvolvimento económico e a preservação da biodiversidade são dois pilares indissociáveis”.

O governante, ao salientar o potencial das ostras portuguesas, “um tesouro que importa valorizar”, desafiou os especialistas presentes a propor medidas que possam impulsionar a atividade da aquicultura no Estuário do Sado.

Apresentou ainda o Natural.pt, um portal dedicado às áreas protegidas de Portugal, com informação dos valores naturais de cada uma das reservas e pontos de interesse nas comunidades envolventes.

Já a presidente do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, Paula Sarmento, destacou a importância da “biodiversidade como fator de riqueza para as comunidades” e apresentou os traços gerais do trabalho desenvolvido pela entidade ao longo dos vários anos.

O colóquio, dinamizado ao longo da manhã, prosseguiu com um conjunto de intervenções técnicas, a primeira sobre o “Enquadramento da Atividade Aquícola na Reserva Natural do Estuário do Sado”, por Maria de Jesus Fernandes, diretora do Departamento de Conservação da Natureza e das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo.

Seguiram-se as comunicações “A Atividade Aquícola no Estuário do Sado na Última Década”, por Cristina Borges, da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, “A Cultura da Ostra Portuguesa no Estuário do Sado”, por Francisco Ruano, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, e “Plano Integrado de Controlo Oficial das Pisciculturas”, por Ângela Jardim, da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

Os trabalhos do encontro incluíram ainda a intervenção “A Titularidade dos Recursos Hídricos”, por Fernanda Ambrósio, da Agência Portuguesa do Ambiente, e “A Ocupação do Domínio Público”, por Jorge Montalvão, da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra.

Até ao final foram apresentados os temas “Projeto: Estado Atual da Ostra Portuguesa no Estuário do Sado”, por José Lino Costa, do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e “Situação Atual da Produção Aquícola no Sado”, por Fernando Gonçalves, da Associação Portuguesa de Aquicultores.

 

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