NL Arquivo | Projeto AnimArq

Na passagem dos dez anos de funcionamento do projeto AnimArq do Serviço Socioeducativo do Arquivo Municipal de Setúbal, que se constitui num conjunto de iniciativas formativas dirigidas essencialmente à comunidade educativa, fazemos o seu balanço com as novidades futuras que se aliam a esta ação que tem como enfoque dar a conhecer a história e o acervo documental local.


Funcionando essencialmente como um instrumento educativo extracurricular junto dos mais jovens, o projeto AnimArq conta, nesta década de implementação e desenvolvimento, com um assinalável número de atividades que primam tanto pela diversidade de ofertas idealizadas para cada faixa etária a quem se destinam, como também pela crescente adesão da comunidade educativa concelhia, ano após ano.

Isto indicia não só o sucesso pleno do projeto, mas, igualmente, e tal como destaca o técnico municipal responsável pela dinamização da ação, Nuno Soares, “a constante necessidade de repensar e aperfeiçoar tanto as iniciativas já em curso, como também um investimento permanente na elaboração e materialização de novas iniciativas”.

Um projeto, acrescenta, que ambiciona a reflexão constante sobre o papel dos arquivos e da preservação da história local, “enquanto contributo essencial para a construção de uma sociedade mais justa e plural”, o que decorre exatamente de estarmos todos mais informados, a começar pelas camadas mais jovens. Tudo isto em estreita colaboração com unidades de ensino, professores e educadores.

Para o técnico, o “segredo” do êxito da iniciativa e da crescente aceitação e incorporação nos programas educativos de cada estabelecimento de ensino que se têm vindo a aliar ao projeto AnimArq passa muito pela capacidade de se saber inovar em cada oferta formativa temática dada, sendo esta uma condição essencial para manter sempre o interesse elevado em cada participante e durante todo o período de duração de cada ação que lhe é destinada.

Não é fortuito que, entre os relatos das ações disponibilizadas aos jovens participantes, as suas próprias autoavaliações dão conta da importância das experiências vivenciadas no Arquivo Municipal de Setúbal. Entre os variados testemunhos, encontramos relatos como, “gostei de aprender as letras que usaram no Foral Manuelino de Setúbal. Conheci o Brasão de Setúbal e como era antes”, ou “gostei muito de aprender coisas sobre Setúbal, aprendi também a escrever como antigamente e foi uma das minhas melhores experiências de estudo de sempre”. São registos que constam entre as inúmeras menções, citações e relatos, já que todos podem, devem e são incentivados a expressar o seu sentir ao trabalhar a temática do que é ser arquivista. Nada aqui é feito sem estar bem pensado, apresentando-se tudo em formulações que surpreendem pela positiva, tanto os alunos como os docentes e educadores, que reconhecem as enormes vantagens formativas do projeto AnimArq.

Ao se olhar para os dados recolhidos, estes indicam que no biénio 2011/2012, na época do lançamento do projeto AnimArq, houve uma sessão que contou com a participação de 25 alunos, sendo que, no último biénio relatado, correspondente a 2018/2019, já estes indicadores apontam para 119 sessões em que participaram um total de 2.975 alunos. Isto indica claramente a ordem de crescimento exponencial que o projeto aponta atualmente, contando-se com uma larga taxa de crescimento futura já num cenário pós-pandémico. Estão igualmente previstas novas atividades para juntar às já existentes, perspetivando-se já para este ano o reforço da aposta em projetos de índole intergeracional de partilha de saberes, tertúlias, visitas a outros arquivos municipais e ensino à distância, entre outras, sendo estas novidades divulgadas à medida que forem sendo disponibilizadas.

Reflexivamente, podemos apontar que há a necessidade premente de desmistificar o papel dos arquivos, muitas vezes tidos como lugares escuros e quase em luz e onde se guardam papéis avulsos, fazendo todo o sentido a formação de cidadãos conscientes da importância de sensibilizar tanto os alunos como a comunidade em geral para a importância da conservação e preservação do património documental local pois estamos a falar de fontes primárias de informação insubstituíveis.

Acima de tudo, preservar este legado único para as gerações futuras e do qual resultará uma sociedade mais participada, justa e informada.