Festa da Flor 2019

A Festa da Flor regressou a Setúbal, mais atrativa e participada, com a emblemática Praça de Bocage a ser transformada, nos dias 20, 21 e 22, no principal jardim do certame, com arte efémera, instalações artísticas e exposições de plantas e de flores.


O jardim da Festa da Flor instalado na Praça de Bocage contou, no dia 21 de manhã, como uma demonstração de cozinha ao vivo pelo chef Hélio Loureiro e a empresa Gertal, com a apresentação de duas receitas criativas relacionadas com o uso das plantas na gastronomia.

Para prato principal, o chef portuense apresentou frango salteado com espargos verdes, cebolo, rebentos de beterraba e mostarda, enquanto para sobremesa ficou reservado um pudim semiquente, com pão, uvas sem grainha, frutos vermelhos congelados e compota de violetas.

Entre plantas e flores, também houve produtos hortofrutícolas, como os biológicos produzidos na Casa Gaiato. E de barro também de fez a Festa da Flor 2019, com a ancestral Olaria Nova, de Setúbal, a exibir algumas das tradicionais peças moldadas à mão que nunca passam de moda.

Para a vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro, a Festa da Flor é uma aposta ganha. “É uma iniciativa que, nesta quarta edição, se consolidou, mais atrativa e com um maior número de expositores e uma maior intervenção de empresas neste setor económico.”

Importante, destacou a autarca, “é ter um município convidado no certame, para que as pessoas possam conhecer as tradições e as riquezas de outras cidades em particular no que respeita ao património floral que, no caso da Horta [município convidado em 2019], as hortênsias e as próteas são dois excelentes exemplos”.

Nesta edição, realçou Carla Guerreiro, foi também dada uma maior primazia à decoração do espaço, “com vários motivos criativos de interesse”, e também à arte efémera, “com o tapete e a mandala floral a serem conduzidos por artistas e apoiados pela participação popular”.

Quem também marcou presença no certame, dia 21, foi Tó Romano, entusiasta floral e dinamizador do projeto Eva Dream – Portugal a Florir, que se aliou desde a primeira edição à Festa da Flor de Setúbal. “É recompensador ver que a semente de há quatro anos brotou.”

Sobre a edição de 2019 da Festa da Flor, Tó Romano enalteceu a evolução do certame. “Está mais ampla, criativa e convidativa”, elogiou o responsável do projeto Eva Dream – Portugal a Florir, através do qual ambiciona, pela beleza das flores, voltar a estabelecer uma ligação, em harmonia, a Natureza e o Homem.

A acompanhá-lo estava Paulo Pires, ator que entre pedidos de fotografias, ia conseguindo apreciar a festa, “Uma bela iniciativa numa cidade pela qual nutro bastante carinho, em particular no verão, pelas praias. Mas também cá venho noutras alturas. É um lugar especial.”

A Festa da Flor revelou-se ao público das mais variadas maneiras. Formas coloridas, desenhadas no chão defronte do edifício-sede da Câmara Municipal de Setúbal, geraram surpresa e deslumbramento. Era arte efémera, num tapete florido feito com mais de nove mil flores.

Na grande maioria, eram flores da família dos crisântemos, que fizeram este tapete de arte efémera. Arranjos de flores dentro de flores, que impressionaram tanto pela dimensão, doze metros por seis, como pela beleza, fruto de um trabalho meticuloso, de longas horas de preparação, repartido por várias mãos.

“É arte participada, movida pura e simplesmente pela vontade de várias pessoas em colaborar na sua conceção”, explicou a artista Isabel Curto Castan, impulsionadora da criação do tapete floral inspirado na imagem promocional da Festa da Flor deste ano.

O tapete de arte efémera não deixou ninguém indiferente. Despertou sentimentos, emoções e contemplações, umas mais longas do que outras. Foi rara a observação que não ficou perpetuada num instantâneo, quase sempre pela lente da câmara de um telemóvel, seja numa selfie ou num retrato mais em família.

A escassos metros deste tapete florido, no centro da Praça de Bocage, um outro jardim convidava a uma visita mais demorada, sendo este mais diversificado, com plantas e arbustos ornamentais, como medronheiros, lavandas e alecrins, a flores de corte e a variadas opções que inspiram a criativa arquitetura paisagista.

Neste jardim, entre as mais de três dezenas de expositores, houve apontamentos artísticos que captaram a atenção. Antigos globos de luminárias públicas foram convertidos em vasos ornamentais, enquanto na Fonte da Musa uma imagem feita em mural de flores destacou Setúbal enquanto município participado.

Um dos stands despertou maior interesse entre o público. Ali havia hortênsias e próteas, exemplares de duas importantes espécies florais produzidas no arquipélago dos Açores, em particular na cidade da Horta, este ano município convidado da Festa da Flor.

“São enormes. As da nossa região não ficam tão grandes”, comentou Anabela Matos, surpreendida, com a amiga, enquanto admiravam as viçosas hortênsias azuis, que também podem ser secas. “E as próteas? Estas não as conhecida de todo”, confessa, sobre a espécie floral decorativa.

“Tanto as hortênsias como as próteas têm despertado muita curiosidade e têm tido bastante procura, até porque, não as há por aqui, em particular estas próteas, cultivadas a partir da Planta de Prata”, afirmou o vice-presidente da Câmara Municipal da Horta, Luís Botelho, honrado pelo convite para participar no certame.

O stand da Câmara Municipal da Horta, que foi repartido com dois empresários também da ilha do Faial, foi um dos pontos de paragem da visita, no dia 20, do Executivo da autarquia de Setúbal à Festa da Flor 2019, com a presidente do município sadino, Maria das Dores Meira, a apreciar o certame na companhia do homólogo da Horta, José da Silva.

Na Praça de Bocage, uma mandala de flores, ornamentada com diferentes elementos da natureza, como bambu, casquinha de árvores, pinhas, conchas, pedras, terra vegetal e areia do mar, centrou igualmente atenções dos visitantes, que despendiam largos minutos para apreciar a criação artística tanto na sexta-feira como no sábado.

Ao centro da mandala, os frutos da árvore pau-de-arco machucas pomíferas, alindados por gerberas, surpreendiam pela diferença. “Tive de por uma explicação sobre o fruto porque estava sempre a ser abordada para explicar o que era aquilo”, confessou Inês de Barros Batista, que conduziu a criação da mandala.

A mandala floral, construída ao longo de cerca de nove horas, entre intervalos, contou com a participação popular. “Eu só ponho o coração da mandala a bater”, adiantou a artista, para depois explicar que a obra foi realizada a pensar na sustentabilidade. “Coisas que recolho na natureza nas minhas caminhadas.”

Além da vertente expositiva na Praça de Bocage e noutros pontos da Baixa da cidade, a Festa da Flor 2019 contou ainda com um conjunto de iniciativas variadas, entre animação de rua e ateliers, palestras, workshops e atividades para as crianças em espaços como a Casa da Cultura e os Paços do Concelho.