“Esta é uma história de quarenta anos para a qual precisava, no mínimo, de quatro dezenas de horas para a contar”, afirmou o autor, livreiro e proprietário da Culsete, Manuel Medeiros, dia 13, na inauguração da exposição “Olhares sobre a Livraria”, patente na Casa da Cultura até 9 de outubro.

O livreiro setubalense foi aclamado à entrada da galeria de exposições por familiares e amigos e clientes de longa data, num momento de emoções com encontros e reencontros. “Sinto-me um homem muito feliz por vos ter aqui presentes. Por isso, os parabéns são também para vós.”

A trabalhos inéditos criados por um grupo de artistas plásticos junta-se nesta exposição um lote representativo do espólio documental da livraria, como correspondência com escritores, editores e instituições diversas, material de divulgação e promoção de atividades e imagens evocativas de momentos marcantes da Culsete.

“Esta exposição é uma iniciativa histórica”, realçou Manuel Medeiros, explanando, de seguida, sobre o novo dinamismo cultural que existe em Setúbal. “A união de esforços dos agentes culturais está a fazer a diferença”, frisou, para destacar o apoio da Câmara Municipal na concretização de iniciativas e na criação de equipamentos culturais.

“É um momento de mudança da mentalidade cultural de Setúbal. Estou orgulhoso por a Culsete ter contribuído um pouco para esta causa”, salientou o proprietário da livraria, instituição promotora da leitura, sempre numa perspetiva de diálogo cultural e humanista com a sociedade.

A exposição “Olhares sobre a Livraria”, patente até dia 9 de outubro na Galeria de Exposições da Casa da Cultura, faz parte das comemorações do 40.º aniversário da Culsete, a decorrer desde maio, e das Comemorações Bocagianas, programa que assinalou, no domingo, o Dia de Bocage e da Cidade.

O diretor do Departamento de Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social da Câmara Municipal de Setúbal, Luís Liberato, enalteceu a “participação e o trabalho da Culsete na dinamização, ao longo de quarenta anos, de inúmeras atividades culturais para a população”.

Frisou ainda que a Autarquia “orgulha-se de estar associada a esta iniciativa comemorativa”.

A exposição contou com os contributos e os olhares dos artistas visuais Anita Vilar, António Correia, António Galrinho, Carlos Augusto Ribeiro, Cristina Mestre, Gonçalo Duarte, José Ruy, Nuno David, Paulo Catrica, Pedro Soares, Silva Duarte e José Teófilo Duarte, designer que é, igualmente, curador da mostra “Olhares sobre a Livraria”.

“Um livreiro, para os crentes, é como um sacerdote”, afirmou José Teófilo Duarte, entre recordações e histórias de momentos passados na Culsete. O curador, ao destacar a importância da iniciativa, afirmou que “a cultura é uma poderosa arma de resistência em tempos conturbados”.

O Clube Culdex, projeto cultural embrionário da Culsete que abriu portas em 1973, encaminhou gerações de setubalenses para o prazer de ler um bom livro, proporcionando, antes mesmo do 25 de Abril, encontros com autores e clubes de leitura.

Fátima Medeiros, igualmente proprietária da Culsete, caracterizou-a como “uma empresa familiar, de difusão e animação do livro e da leitura” e “uma das livrarias mais antigas de Portugal”, cujo programa de celebração do 40.º aniversário inclui ainda um espetáculo no Fórum Municipal Luísa Todi, a 20 de outubro, com encenações e leituras.

Na cerimónia de inauguração da exposição, que pode ser visitada de terça a quinta-feira das 10h00 às 24h00, à sexta-feira e ao sábado até à 01h00 e ao domingo até às 20h00, Manuel Medeiros foi homenageado pela LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão.