A vigésima segunda edição dos Ateliers de Verão volta a proporcionar, em tempo de férias, a ocupação dos tempos livres de forma ativa, com grande diversidade de propostas gratuitas destinadas a crianças e jovens, entre os 6 e os 18 anos, e aos munícipes com mais de 65 anos.

A iniciativa, que promove a ocupação das férias letivas, aliando momentos de aprendizagem, diversão e troca de conhecimentos entre gerações, proporciona atividades para a população sénior, como informática, artes plásticas, moda, teatro e jogos, enquanto os mais novos podem optar por perto de quarenta atividades diferentes.

As atividades ao ar livre, como paddle, canoagem, windsurf, vela e remo, mas também as danças, artes plásticas, moda e culinária são alguns dos ateliers mais procurados por crianças e jovens que procuram viver novas experiências durante as férias letivas.

Muitos já são repetentes, mas outros, notoriamente mais tímidos, participam pela primeira vez nos Ateliers de Verão e observam como os “veteranos” se comportam para retirarem o maior enriquecimento possível da experiência.

Pouco antes das 10h00, a presidente da AMBA – Associação de Moradores do Bairro da Anunciada, Hortense Passos, abre às portas às meninas que já aguardam para mais uma aula de danças latinas com os monitores João Santos e Liliane Rivera, da Associação Oridanza.

Além das danças latinas, às segundas e quartas-feiras de manhã, a associação dinamiza, em parceria com a autarquia nos Ateliers de Verão 2018, oficinas de dança criativa, quizomba e sevilhanas, para crianças e jovens, e danças sociais, para seniores.

O trabalho com os mais novos é algo a que os dois monitores não estão habituados, mas Liliana confessa-se entusiasmada.

“Está a ser ótimo trabalhar com crianças. Elas comportam-se muito bem e seguem os nossos ensinamentos. Estou ansiosa pela atuação conjunta com os seniores que vamos realizar no final dos ateliers.”

João liga o rádio e entoa a primeira música com ritmos latinos que convida a dançar. Primeiro, vem o aquecimento com alguns exercícios que, na verdade, se traduzem em movimentos que serão depois incorporados nas coreografias.

“Estamos no centro e isto vai ser a marcação lateral. Damos um passo muito pequeno para o lado e voltamos ao centro”, exemplifica Liliane.

As pequenas, com idades entre os 8 e os 13 anos, ouvem com atenção e tentam imitar a monitora. Uns passos para a direita, outros para a esquerda e muitos risos entre a descoordenação inicial, mas aos poucos acertam os movimentos e entram no ritmo.

As mais velhas, Beatriz e Carolina, ambas com 13 anos, que já frequentaram os Ateliers de Verão no ano passado, dão o exemplo às restantes que, de vez em quando, tiram o olhar da professora e as observam.

A outra Beatriz do grupo, com 12 anos, também é veterana e assegura que esta é uma excelente experiência.

“Em vez de estar em casa no telemóvel ou a ver televisão, venho divertir-me e aprender coisas novas. É muito fixe.”

De fora, João Santos observa a aula e avisa Liliane quais os passos que “podem integrar as coreografias” que pretendem ensaiar com as meninas para levarem ao espetáculo final dos ateliers.

Num cenário diferente que aproveita as potencialidades do rio Sado para a prática de modalidades desportivas aquáticas, um grupo de dez crianças e jovens, com idades entre os 8 e os 18 anos, prepara-se para mais uma aula de paddle, no Parque Urbano de Albarquel.

Pedro Reis, do Centro de Formação de Atividades Náuticas de Setúbal, orienta esta atividade que teve início no ano passado nos Ateliers de Verão e que conquista cada vez mais adeptos.

“É uma modalidade que tem sido muito falada e está na moda. Os miúdos têm muito interesse em experimentar”, atira Pedro Reis.

Com os coletes de segurança colocados a preceito, os alunos ouvem os planos do monitor para o que vai ser feito durante a manhã.

“Primeiro, praticamos alguns exercícios defronte do Parque Urbano de Albarquel e, como as condições estão favoráveis, fazemos uma saída”, explica.   

Os alunos transportam as pranchas e as pás até à linha de água onde começam por fazer o primeiro exercício que consiste em dar duas voltas num pequeno trajeto para treinar o equilíbrio.

“Mais firme em cima da prancha, Bruna”, indica Pedro à jovem, que confessa entre risos: “já caí duas vezes.”

Em terra, Henrique Nogueira, 15 anos, e Eduardo Miranda, 14, conversam animadamente enquanto aguardam a vez para fazer o exercício, pois o material “não chega para todos” e têm de se revezar.

Não é a primeira vez que participam nos Ateliers de Verão e este ano quiseram experimentar o paddle, modalidade que consideram “engraçada” porque, além dos benefícios da atividade desportiva, proporciona igualmente “momentos de diversão”.

Enquanto os dois amigos conversam, o monitor continua a dar indicações para que tudo corra bem dentro de água.

“O vento vai virando”, grita Vasco, que mostra dificuldade em equilibrar-se em cima da prancha. “Tens de ser tu a controlar a força”, indica Pedro Reis que, ao olhar para outro lado, percebe que Joana não está na posição adequada para garantir o equilíbrio. “Joana, tens de te colocar um pouco mais atrás na prancha.”     

Do rio para a cozinha, no Centro de Cidadania Ativa, na Fontenova, às segundas e quartas-feiras há aulas de culinária divertidas para crianças e jovens dos 6 aos 15 anos.

O chef Sebastião Almeida, do Hotel Meliá, no Bonfim, tem um público muito atento que anota todas as dicas para confecionar pescada à portuguesa acompanhada de batata divertida.

Num tabuleiro, dispõe a pescada e por cima coloca um molho de cebolada com pimentos cozinhado previamente.

“Cada um agarra numa colher e prova o molho. Temos de saber se está bom de temperos antes de ir ao forno.”

Com o peixe já a cozinhar, está na hora de preparar o acompanhamento que consiste em batata cozida com cebola roxa e coentros picados envolta num pouco de maionese.

“Só vamos usar metade da cebola?”, perguntar Mariana, 13 anos, a mais velha das pequenas chefs num grupo onde se encontram seis meninas e dois meninos.

O chef responde que sim e aproveita para recordar algumas regras de higiene e segurança na cozinha.

“Posso cortar os coentros com a mesma faca que utilizei para cortar a cebola?” Satisfeito com a resposta “sim”, testa de novo a atenção dos alunos. “Se eu tivesse cortado carne crua com esta faca, podia utilizá-la para cortar os coentros?”. À unanimidade da resposta “não” segue-se a justificação de Mariana. “É perigoso por causa da contaminação.”

Com a lição bem estudada, os alunos do atelier de Cozinha Divertida são desafiados pelo chef Sebastião Almeida a cozinhar sozinhos na última aula, a 1 de agosto. “Nesse dia vocês fazem tudo. Eu só vou observar”, avisa com um sorriso.

Os Ateliers de Verão 2018, com oficinas disponibilizadas até 3 de agosto, incluem atividades de ocupação das férias letivas em vários locais da cidade, organizadas pela Câmara Municipal com diversas parcerias, que aliam momentos de aprendizagem, de diversão e de troca de conhecimentos entre gerações.

No ano passado, o projeto envolveu a participação de perto de cinco centenas de pessoas participaram em 54 oficinas lúdicas e pedagógicas para ocupação de tempos livres de crianças e jovens e, também, de idosos.