O Tipógrafo - lançamento de livro sobre a profissão de tipógrafo na antiga reprografia do Orfanato Municipal de Setúbal - Casa da Baía

O vereador da Cultura, Pedro Pina, anunciou, a 17 de dezembro, a intenção de criação da Casa-Memória da Reprografia do Orfanato Municipal de Setúbal, na sessão de lançamento de um livro sobre o ofício de tipógrafo, da autoria de um antigo aluno da instituição.


Na apresentação da obra “O Tipógrafo”, de António Santos, realizada na Casa da Baía, Pedro Pina indicou que a autarquia está a trabalhar para estabelecer um protocolo de colaboração com o Centro de Convívio dos Ex-Alunos do Orfanato Municipal de Setúbal para a preservação e partilha com o público do “espólio extraordinário e cheio de história” da antiga reprografia da instituição.

No âmbito do protocolo a estabelecer entre as duas entidades, será feito um inventário das peças da antiga reprografia do orfanato que se encontram num espaço localizado na Casa da Baía com vista à criação da futura Casa-Memória da Reprografia do Orfanato Municipal de Setúbal.

“Estamos a trabalhar empenhadamente para que todo este legado seja partilhado e sirva de memória futura para que ninguém se esqueça que estes homens nos deixaram referências para o mundo que queremos.”

António Santos foi um dos antigos alunos que aprenderam a profissão de tipógrafo na antiga reprografia do orfanato, experiência da qual resultou o livro, à venda na Casa da Baía, no qual resgata histórias e curiosidades sobre o ofício.

Para o vereador Pedro Pina, a obra é um legado para as gerações futuras e deve ajudar a refletir sobre a rápida evolução das tecnologias.

“Os jovens de hoje já não sabem o que é uma tipografia. É por isso que este livro é importante para memória futura. Além disso, faz-nos refletir sobre a aceleração das tecnologias. Devido a essa rápida evolução, perdemos as condições da paixão e do amor de como se trabalhava antigamente, como por exemplo na profissão de tipógrafo.”

Em “O Tipógrafo”, António Santos confessa que os leitores vão perceber porque o autor se debruçou especificamente sobre este tema.

Aprendi muito na reprografia do orfanato com grandes mestres do ofício que me ajudaram a alimentar o sonho de ser um tipógrafo. Este é mais um livro que escrevo inspirado na saudade e vivências que sempre me acompanharam quando internado no Orfanato Municipal de Setúbal.”

João Reis Ribeiro, que apresentou “O Tipógrafo”, apontou a importância da obra para o registo da memória setubalense e de todas as famílias dos rapazes que passaram pelo orfanato, enquanto espaço de aprendizagem de artes e ofícios antes de ingressarem na vida profissional, aos 18 anos.

O Orfanato Municipal de Setúbal abriu portas a 18 de maio de 1919, com lotação máxima para setenta crianças e adolescentes, do sexo masculino, órfãs de pai e mãe, onde permaneciam até atingir a maioridade e aprendiam o ofício de tipógrafo, carpinteiro, encadernador ou sapateiro.

Entre 1919 e 1965, o orfanato serviu de albergue a mais de trezentos rapazes.

Nos últimos anos, o espaço do antigo orfanato tem sido gerido pelo Centro de Convívio dos Ex-Alunos do Orfanato Municipal.