A Gráfica - Centro de Criação Artística

António Aleixo, Marta Cerqueira e Tânia Dinis foram os autores dos projetos selecionados pelas Bolsas de Criação Artística, criadas pela Câmara de Setúbal para promoção e desenvolvimento de trabalhos artísticos, e que vão agora receber apoios de cinco mil euros.


A iniciativa, que se destina a apoiar criadores ou coletivos que desenvolvam projetos em diferentes áreas artísticas, proporcionando, a cada projeto selecionado, um incentivo financeiro no valor de cinco mil euros e a possibilidade de usufruir de um espaço de trabalho nas instalações de A Gráfica – Centro de Criação Artística, localizada em Setúbal, recebeu 306 candidaturas, provenientes de todo o país e de todos os quadrantes culturais.

O júri constituído por Cláudia Galhós, jornalista especialista em artes performativas e escritora, e Tiago Pereira, realizador, documentarista, radialista e visualista, em articulação com a Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, fez a seleção tendo em conta algumas linhas orientadoras, como a qualidade do projeto e a valorização da relação com o território de Setúbal ou o novo equipamento cultural A Gráfica – Centro de Criação Artística.

“Quis Saber Quem Sou”, de António Aleixo, é um dos três projetos selecionados para receber o apoio da bolsa artística.

Trata-se de um projeto de filme documental sobre os avós do realizador, proeminentes figuras da burguesia setubalense nas décadas de 1960 e 1970, e para o qual surgiu a ideia depois de António Aleixo descobrir um filme, com a duração de onze horas com imagens captadas pelo avô, João Rodrigues Aleixo.

Marta Cerqueira foi selecionada para bolseira com “Over-our-head drawings”, projeto que tem como ponto de partida a dança e que se concretiza numa instalação visual participativa.

O movimento dos espetadores, que são também participantes, através da interação que mantêm com o dispositivo artístico criado, designadamente elementos escultóricos e o ambiente sonoro e visual da instalação, ativa uma relação ecológica entre os visitantes e o meio ambiente artisticamente concebido.

“Álbuns da Terra – um imaginário familiar” é título do projeto de fotografia, arquivo, cinema e teatro de Tânia Dinis, concebido especificamente para o contexto de Setúbal e A Gráfica.

O conceito parte das memórias de um grupo de participantes que partilham com a criadora o ritual familiar de visualização de fotografias de família, com vista a uma criação performativa.

Os projetos selecionados têm de ser desenvolvidos entre maio e dezembro deste ano.

O júri responsável pela análise das mais de três centenas de candidaturas sublinhou que a elevada qualidade da generalidade das propostas apresentadas às Bolsas de Criação Artística, nomeadamente pela sua singularidade, suscitam interesse, têm mérito e representam a riqueza criativa, cultural e artística de todo o país, com uma pluralidade de vozes, abordagens e entendimentos sobre as possibilidades e a imaginação artística.

Entre as candidaturas incluem-se projetos sobre a migração, questão do género, racismo, transfobia, exploração do trabalho, tradição, memórias, História, construção de comunidade e emergência climática, projetos de mapeamento, diálogo e levantamento do património natural, humano e construído de Setúbal, da Serra da Arrábida e do rio Sado e propostas de interrogação formal da própria Arte.

De entre as candidaturas submetidas à primeira edição das Bolsas de Criação Artística, num total de 306, 40 por cento correspondem a projetos de artes performativas, 18 por cento são criações relacionadas com artes visuais e 42 por cento correspondem a projetos de cruzamentos disciplinares.

A maioria dos projetos apresentados é proveniente dos distritos de Lisboa, com 41,5 por cento das submissões, Setúbal, com 21 por cento, e Porto, 15 por cento.

Com esta iniciativa, a Câmara Municipal de Setúbal pretende apoiar criadores de artes performativas e visuais, com especial destaque para os artistas emergentes, e fomentar a partilha entre os grupos de trabalho e os agentes locais.

As Bolsas de Criação Artística têm também a finalidade de promover a abertura dos processos de trabalho ao público, potenciando a consciencialização de que a cultura deve ser acessível a todos, bem como contribuir para a renovação do tecido artístico local e nacional.