“António Maria Eusébio: o Calafate entre a Monarquia e a República” é o título da mostra documental e bibliográfica, patente até 17 de dezembro, que exibe também folhetos originais do poeta, agora pertencentes à família Peres Claro.

Os 92 anos de vida de António Maria Eusébio, nascido a 15 de dezembro de 1819, são retratados nesta exposição, que homenageia, como referiu o vereador André Martins, o “real valor deste genial poeta”.

Um poeta que cantou sobre as gentes setubalenses – o povo, os operários e os pescadores –, sobre a própria vida, desde a infância, sobre Bocage e sobre acontecimentos nacionais e do mundo, como a passagem do cometa Halley, em 1910.

Calafate de profissão, António Maria Eusébio retratou a passagem da Monarquia para a República, os confrontos entre patrões e operários, senhorios e inquilinos e os ideais socialistas e conservadores.

Alto, encorpado e de voz grossa, “Calafate”, que mal sabia ler, está associado aos primórdios do fado, cantando à desgarrada e compondo cantigas para guitarra que vendia a dez réis.

A morte do “cantador de Setúbal”, já parcialmente cego e pobre no fim da vida, a 22 de novembro de 1911, foi notícia no jornal “Elmano”: “(…) ainda há poucos dias percorria a cidade, falando baixinho, compondo e estudando as suas décimas que conservava de memória como se fosse novo.”

Também as homenagens, como a inauguração do busto, a 29 de dezembro de 1968, no Parque do Bonfim, e uma pintura a óleo do retrato de Calafate, de 1963, estão documentadas em recortes de jornal.

Os originais, tanto o retrato como o molde em gesso do busto, estão igualmente em exposição.

A mostra pode ser visitada até 17 de dezembro, de segunda-feira a sábado, das 13h00 às 19h00.