Semana do Mar - presidente da Câmara Municipal, André Martins, discursa na abertura da conferência “Visão para o desenvolvimento sustentável do porto e cidade de Setúbal”.

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, salientou em 17 de outubro, no início da Semana do Mar 2022, a importância do porto para o desenvolvimento do concelho e os frutos obtidos com o trabalho de parceria com a administração portuária.


Na sessão de abertura da conferência “Visão para o desenvolvimento sustentável do porto e cidade de Setúbal”, que decorreu durante a manhã no Fórum Municipal Luísa Todi, o primeiro evento da Semana do Mar 2022, o presidente da autarquia afirmou que o porto “é fator-chave de estruturação do território concelhio”, por ser “uma porta de conexão da Península e, sobretudo, do concelho e da cidade de Setúbal com o exterior”.

André Martins considerou que, “por todas as potencialidades que possui”, o porto “é um importante fator de desenvolvimento da base económica” do concelho, mas sublinhou que “o contributo da qualificação da cidade e da sua organização territorial” é também um “fator essencial” para o “sucesso da estratégia definida” pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS).

O município, consciente dessa realidade, “mantém, em conjunto com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, um grupo de trabalho que tem vindo a desenvolver uma parceria frutuosa nos últimos anos”, recordou.

O autarca qualificou a plataforma portuária como um “fator de primordial importância” num momento em que “Setúbal continua a viver uma fase de crescimento económico, seja com o reforço das suas potencialidades turísticas, seja com a captação de novos e avultados investimentos”.

Depois de sublinhar as “boas relações existentes”, o autarca destacou que a “parceria permanente” entre a Câmara Municipal e a APSS tem permitido “chegar a resultados bastante positivos para Setúbal e para o país”, porque “o porto só pode existir em plena harmonia e cooperação com a cidade”.

André Martins recordou que o Executivo aprovou recentemente um protocolo com a APSS que prevê a extensão, a partir de janeiro, da “área que já está sob gestão partilhada na zona ribeirinha” de Setúbal – a qual qualificou como “notável” –, de modo a passar a incluir todo o território entre o Parque Urbano da Albarquel e a Doca da Fontainhas.

Após recordar que a cidade “tem boa parte da sua história e do seu desenvolvimento ligados às atividades relacionadas com o mar”, através do porto, da pesca, da piscicultura, da indústria conserveira, da náutica de recreio e do turismo, exaltou a “beleza paisagística” da zona ribeirinha de Setúbal, membro do Clube das Mais Belas Baías do Mundo.

“Este é o espaço que, nos últimos anos, reconquistámos a outras utilizações portuárias e industriais para, com enorme sucesso, reconheça-se, devolvê-lo à população, reestabelecendo, assim, uma relação de grande proximidade da cidade com o seu rio e o mar”, afirmou.

André Martins manifestou “muita alegria” pelo regresso da Semana do Mar, após a pandemia, considerando que o evento, a decorrer até dia 23, com organização da Câmara Municipal, APSS, Aporvela – Associação Portuguesa de Treino de Vela e Marinha Portuguesa, aviva a memória coletiva “para a importância histórica e cultural de Setúbal na sua relação social e económica com o mar”.

Segundo o autarca, a Semana do Mar afirma “a responsabilidade histórica” de Setúbal “na defesa, preservação e promoção” do património natural “único e de valor incomensurável constituído por Estuário do Sado, Baía de Setúbal, Serra da Arrábida e mar que lhes abre portas ao mundo”, bem como perante “uma comunidade piscatória que importa continuar a defender e valorizar na sua dimensão cultural, social e económica”.

O presidente da Câmara também sublinhou o objetivo de “afirmar o potencial de desenvolvimento económico” de Setúbal através do porto, “seja no plano local, regional ou nacional”, e a “importância de continuar a trabalhar para alcançar uma cada ver maior e melhor relação da cidade com o rio, incentivando também as atividades da marítimo-turística e os desportos náuticos”.

A Semana do Mar, que agora se inicia, é, também, uma forma de destacar essa mudança de paradigma operada na relação urbana da cidade com o mar. “Por isso, aqui estamos a retomar este conjunto de iniciativas dedicadas ao mar nesta nossa cidade que vive tão intensamente a sua relação com o rio e os oceanos. Nesta cidade que vive do mar, que vive para o mar”, indicou.

O administrador da APSS Carlos Correia afirmou que a Semana do Mar representa “o alinhamento estratégico, a cooperação entre todos os stakeholders do porto de Setúbal”, o qual pretende ser reconhecido como “um ativo” da cidade e da região “na criação de emprego, na atração de investimento, na melhoria da qualidade do território e da qualidade de vida das populações de Setúbal”.

Carlos Correia salientou que a Câmara Municipal “tem sido sempre um apoio importante no desenvolvimento do porto de Setúbal”, que celebra o seu centenário em 18 de dezembro de 2023, afirmando que só deste modo é possível materializar os investimentos previstos nas vertentes económica, do turismo, da economia azul, da pesca ou da aquicultura.

O gestor recordou que foi o “alinhamento estratégico” com a autarquia que permitiu captar para Setúbal “um importante investimento” de 700 milhões de euros, da Galp e da Northvolt, para a construção de uma unidade de conversão de lítio no parque industrial Sapec Bay, que permite a criação de 200 novos postos de emprego diretos e 3000 indiretos.

“A Galp escolheu Setúbal porque reconheceu que tem infraestruturas que lhe permitem o desenvolvimento da sua atividade e porque também encontrou em Setúbal qualidade de vida. Setúbal oferece condições privilegiadas para captar este investimento, desde que haja estre trabalho conjunto, esta vontade e estas sinergias entre os vários stakeholders”, sublinhou.

No âmbito das relações entre a APSS e a Câmara Municipal, Carlos Correia falou também da “criação da futura marina de Setúbal”, a qual “potenciará a requalificação de uma zona nobre da cidade, proporcionando um novo paradigma de usufruto pelos cidadãos e disponibilizando novos lugares de acostagem”.

Outros exemplos enunciados foram a “articulação da gestão da zona ribeirinha e das praias” e a “viabilização de novas zonas ligadas ao turismo náutico, com relevância regional e nacional”, como a Vila Náutica, a implementar em Santa Catarina, zona da Mitrena, num investimento de 12 milhões de euros “para reabilitação e requalificação de 50 mil metros quadrados de frente ribeirinha para a atividade náutica”.

A conferência, com cerca de cem inscritos e especialmente dedicada aos agentes económicos ligados à atividade portuária, teve depois dois painéis, um sobre “Compromisso e sustentabilidade para as próximas décadas” e outro dedicado à “Preservação e valorização dos recursos endógenos”.

No primeiro, Vítor Caldeirinha, da APSS, falou sobre “O porto de Setúbal nas próximas décadas”, Diogo Marecos, da Sadoport, sobre os “Planos de expansão para o TM2” e Pedro Dominguinhos, da Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sobre “Oportunidades do PRR para a mobilização dos agentes económicos”.

No segundo painel, João Lourenço da Piedade, da Marinha, interveio sobre o Centro de Experimentação Operacional da Marinha (CEOM), Nuno Almeida, da APSS, discursou sobre “Oportunidades para o turismo náutico e marítimo”, Luís Liberato, diretor do departamento de Cultura, Desporto, Direitos Sociais, Saúde e Juventude da Câmara Municipal de Setúbal, falou sobre “Desporto náutico” e Ricardo Melo, do MARE – Centro de Ciências do Mar e Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, abordou a “Cartografia das pradarias marinhas do estuário do Sado”.

Programa completo da Semana do Mar 2022 pode ser consultado aqui.

 

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