Esta foi a primeira das três sessões públicas a desenvolver em Setúbal, Palmela e Sesimbra, os concelhos abrangidos pelo Parque Natural da Arrábida, no sentido de recolher sugestões e opiniões da comunidade civil para enriquecer a Candidatura da Arrábida a Património Mundial Misto da Unesco, processo que se aproxima da reta final.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, frisou no encontro realizado no auditório da Casa da Baía, que esta candidatura não é apenas dos três municípios. “É do País. É um grande projeto para o País.”

Na sessão com quase três horas de duração, o público manifestou apoio e concordância com o processo da candidatura, coordenada pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), em articulação com as três autarquias e com o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).

Uma das necessidades apontadas é a de mais materiais informativos, de cariz turístico, sobre o Parque Natural da Arrábida. Sofia Castel-Branco, do ICNB, que, juntamente com a autarca de Setúbal e o representante da AMRS João Afonso, ouviu as sugestões do público, sublinhou que a conjuntura atual do País inviabiliza um investimento mais forte naquela área.

Sofia Castel-Branco realçou que a promoção turística não é a principal função do Parque Natural, mas, indicou, o organismo tem orientado vários projetos e ações de sensibilização e divulgação da importância daquela área protegida junto da comunidade educativa e da população em geral.

Antes da discussão pública, Cristina Coelho, da AMRS, apresentou os principais eixos da candidatura e Miguel Répas, da empresa Strix – Ambiente e Inovação, explicou o plano de gestão, uma das peças do dossier a apresentar, que operacionaliza as ações a implementar no território.

José Pedro Calheiros, diretor-geral da empresa de animação turística com atividade na Arrábida “SAL – Sistemas de Ar Livre”, sublinhou que está “deslumbrado” com esta candidatura. “O selo de Património da Humanidade é dos melhores e mais procurados na área do turismo.”

O mesmo otimismo foi partilhado por Mário Candeias, das Pousadas de Portugal, ao frisar a “forma apaixonada como foi feita a apresentação da candidatura [na sessão pública], fator essencial para que qualquer projeto tenha êxito”.

O processo, adiantou João Afonso, deve ser entregue ao Governo “no final de julho”, seguindo depois para avaliação da Comissão Nacional da Unesco. “A candidatura deverá ser apresentada oficialmente em Paris no início do próximo ano.”

O processo da candidatura teve início em 2001, sendo que em maio de 2004 o Bem Arrábida foi incluído na Lista Indicativa Portuguesa, ou seja, na pré-seleção nacional de patrimónios a candidatar a uma eventual classificação da Unesco, na altura a Património Mundial.

Atualmente a Arrábida é candidata a Património Mundial Misto, conjugando critérios de vertente natural, cultural e cultural imaterial, segundo a convenção da Unesco de 1972, diferente da de 2003, a que se candidatou o Fado.

Com o objetivo de proteger, preservar e valorizar a Arrábida, numa simbiose sustentada entre natureza e presença humana, a candidatura apoia-se em vários valores diferentes, como a presença de espécies de fauna e flora raras ou únicas na cordilheira, os fenómenos geológicos de grande importância e o relevante papel que desempenhou na história de Portugal, como o caso do período da formação do território nacional.

Maria das Dores Meira, num misto de otimismo, confiança e alguma apreensão, alertou que, “depois do deferimento da candidatura, a Arrábida vai dar muito que falar na Assembleia da República”, recordando a necessidade de alterações legislativas em relação ao Parque Natural. “Por exemplo, onde é que estão os guardas florestais ou os meios necessários para a manutenção e limpeza da serra?”, questionou a autarca.

Além da participação nas sessões públicas a realizar em Palmela, dia 20, e Sesimbra, a 27, a população pode fazer chegar sugestões à organização da candidatura da Arrábida a Património Mundial Misto da Unesco através do endereço arrabida@amrs.pt.