Família Albino entrega à Câmara cartaz do primeiro filme tecnicolor exibido em Setúbal

A filha de João Albino entregou em 9 de junho à Câmara Municipal de Setúbal, na pessoa do vereador da Cultura, Pedro Pina, o cartaz em seda de “O Rei do Jazz”, o primeiro filme tecnicolor exibido na cidade, em 10 de junho de 1931, há 91 anos.


Em simultâneo, Lucete Maria Aleno Albino Carvalho da Silva, de 95 anos, acompanhada da filha, Maria Manuela Albino Carvalho da Silva, e de outros familiares, assistiu à inauguração de um expositor no foyer do Fórum Municipal Luísa Todi que resume a história da família e a respetiva ligação com a cultura setubalense, desde o seu bisavô, António Maria Albino, presidente da Câmara Municipal no final do século XIX.

O vereador Pedro Pina considerou João Carlos Botelho Moniz Albino “uma figura ímpar” no concelho, com um “papel muito relevante na relação com a cultura e a sociedade civil” e uma “relação estreita” com o Fórum Municipal Luísa Todi, agradecendo a doação do cartaz ao município, sublinhando a importância de se “perpetuar a memória” da cidade e que o mesmo enriquece o espólio da Câmara Municipal de Setúbal.

Intimamente ligado à cultura e ao desporto setubalense nos anos 20 e 30 do século XX, João Albino, falecido precocemente com 43 anos, em 1954, exibiu o filme “O Rei do Jazz” em 10 de junho de 1931 no Cine-Teatro Luísa Todi, que na altura explorava em plena pós-crise de Wall Street, levando o jornal O Setubalense a considerar que se tratava do “mais surpreendente espetáculo criado até hoje pelo fotocinema”.

O musical realizado por John Murray, que deu dimensão mundial a Paul Whiteman, uma das maiores celebridades dos Estados Unidos nos anos 20 do século passado, tinha a particularidade de empregar a técnica tecnicolor, uma inovação utilizada durante poucos anos e que consistia na coloração do filme, peça a peça, com as três cores primárias.

O pai de João Albino, José Maria da Rosa Albino, foi também uma figura emblemática de Setúbal na transição do século XIX para o XX, numa família que, além de ter explorado o Cine-Teatro Luísa Todi, organizou anualmente as Festas à Senhora da Arrábida, esteve envolvida no jornalismo, com a publicação A Mocidade, na filantropia, dirigindo o Asilo da Infância Desvalida, ou no desporto, gerindo o Club Tiro-Tauro.