“Este é um livro sobre um retábulo histórico, que, convém lembrar, na altura em que foi pintado era arte contemporânea”, observou, na apresentação da obra, na Galeria Municipal do Banco de Portugal, Fernando António Baptista Pereira, investigador que liderou a edição da Câmara Municipal de Setúbal, produzida com o apoio da Rede Portuguesa de Museus.

O livro “Retábulo do Convento de Jesus de Setúbal”, dedicado ao retábulo-mor da Igreja de Jesus, é uma monografia constituída por um conjunto de abordagens científicas sobre diferentes aspetos desta que é considerada uma obra-prima da pintura portuguesa renascentista.

Além de Baptista Pereira, o livro conta com os contributos de Manuel Batoréo, professor jubilado que apresenta um pos doc sobre a fauna e flora patente nas figuras do retábulo, assim como dos investigadores Alice Nogueira Alves, Armando Jesus e Maria José Francisco.

“Temos a partir de hoje um precioso instrumento que nos permitirá ver, com muito mais profundidade, estas magníficas pinturas que fazem, também, a história desta nossa grande cidade”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, durante a apresentação da obra.

O livro está à venda ao público em espaços municipais por 25 euros, enquanto uma edição especial de postais, apresentada juntamente com a obra e produzida igualmente pela Autarquia, custa 7,5 euros.

Com os preços praticados pelas edições de luxo, Baptista Pereira considera que se está a fazer um serviço público, pois “coloca-se uma magnífica investigação científica, belissimamente encadernada e apresentada, ao alcance de estudiosos e da população em geral”.

O investigador sublinhou ainda que “a Câmara Municipal de Setúbal entra agora num número muito restrito de autarquias deste país que investem na divulgação do conhecimento científico”.

As comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, além da entrega das Medalhas de Honra da Cidade numa cerimónia realizada durante a manhã, incluíram várias outras iniciativas ao longo do dia.

Ao início da tarde foram inauguradas oficialmente as obras de arte pública “Zéfiro”, na rotunda da Avenida Álvaro Cunhal, e “Sardinhas”, na rotunda das Fontainhas, ambas erigidas com o patrocínio da Fundação Buehler-Brockhaus.

“Obrigada à Fundação por todo o apoio que tem dado à cidade”, agradeceu Maria das Dores Meira ao casal de mecenas Hans-Peter Buehler e Marion Brockhaus.

“Zéfiro”, uma obra do escultor Sérgio Vicente, inspira-se na figura da mitologia grega que dava o nome ao vento de oeste, considerado uma brisa de esperança e de prenúncio da primavera. “Para nós é o vento da paz e da concórdia”, reforçou a presidente da Autarquia.

A escultura “Sardinhas” é a primeira que a artista setubalense Luísa Perienes expõe no espaço público da terra natal.

A obra, que consiste em três sardinhas em pedra, em posição de salto na vertical, apontando ao céu, presta homenagem àquela que foi a principal indústria sadina desde os finais do século XIX e ao longo de boa parte do século XX.

Luísa Perienes explicou que “um dos principais desafios de um escultor é a escala” e que foi essa a razão que a levou a concretizar em pedra sardinhas grandes, numa afirmação do que foi o passado recente da história de Setúbal.

Baptista Pereira, que realizou, em ambas as inaugurações, em jeito de prefácio, contextualizações artísticas das obras, salientou que a peça escultórica “Sardinhas” é alvo de muitas observações. “Provoca reações. Causa impressões! É isso que se quer de uma obra de arte. É por isso que esta tem tanta qualidade, porque faz pensar.”

O investigador sublinhou ainda que Setúbal tem conhecido nos últimos anos uma viragem no que toca à forma como encara a arte urbana.

“Para uma cidade ‘grande’, só nos últimos 30 ou 40 anos começaram a existir monumentos nas ruas de Setúbal. Na última década, o número tem aumentado consideravelmente, mas, principalmente, existe qualidade”, assinalou.

A tarde do feriado municipal incluiu também uma conferência sobre Bocage conduzida por Daniel Pires, do Centro de Estudos Bocageanos.

Durante “Bocage transgressor”, título do encontro que serviu igualmente para a tese de doutoramento de Daniel Pires, foi apresentada uma visão do poeta setubalense contextualizada com a época em que viveu.

“Bocage era informal. Isso ficou patente, por exemplo, no facto de ter nascido numa classe social ascendente do século XVIII e ter optado por abdicar dos confortos que daí provinham para viver junto do povo”, apontou Daniel Pires.

A conferência, realizada na Casa da Cultura, perante um auditório completamente cheio, contou ainda com o contributo da poeta e pintora Ana Chora, que leu textos de Bocage ou da época, como foi o caso da ordem de prisão do poeta pelo intendente Pina Manique.

As Comemorações Bocagianas 2014 reservaram ainda para o dia 15 de setembro, data em que Bocage nasceu em 1765, a inauguração da sede do Lions Club de Setúbal em instalações da Galeria Municipal do Banco de Portugal.

Ao final da tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, realizou-se a cerimónia de entrega de prémios do XVI Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, organizado pela LASA – Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão.

Os vencedores deste ano foram, na modalidade “Revelação”, Mosguy, de Joane, Famalicão, com a obra “Sem Título”, na de “Poesia”, Rui Curado de Santa Maria, dos Açores, com “Pequeno livro de elegias”, e, na de “Conto”, Mariana Algarvia, de Londres, com “Eu e tu nesta cama”.

O programa municipal das Comemorações Bocagianas 2014 decorre ao longo de setembro com um conjunto alargado de iniciativas.

Durante sensivelmente 15 dias, a arcada dos Paços do Concelho está adornada com iluminação decorativa, oferecida pelas empresas APS Iluminação e Schréder.

O jogo de luz, com mudança cíclica de tons e que se pode começar a apreciar diariamente a partir das 20h30, é feito a partir de lâmpadas LED de baixo consumo.

Cravo. 25 de Abril

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

TRANSMISSÃO EM DIRETO
DA SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

25 de Abril . 10h00 . Fórum Municipal Luísa Todi

Cravo. 25 de Abril