Uma composição musical de piano e saxofone, interpretada ao vivo, serviu de banda sonora a um filme que fez o público reviver memórias de três décadas do Festival Internacional de Cinema de Setúbal, naquela que foi a primeira grande emoção da noite.

Lauren Bacall, Dennis Hopper, Robert Mitchum, Ben Gazzara, Mickey Rooney, Christopher Lee e Michael Madsen, entre muitos outros nomes relevantes do cinema, foram algumas das personalidades destacadas, a par de festas nas piscinas e no clube de golfe, em Troia, das homenagens e das excentricidades das estrelas de Hollywood.

O período foi evocado pela diretora do festival, Fernanda Silva. “É um longo percurso recheado de histórias, apesar de os tempos agora serem outros”, afirmou, para reforçar que o Festroia é feito “com os melhores filmes e a pensar, sobretudo, no público”.

O fundador do certame com origem em Troia também foi recordado. “A par da crise financeira dos últimos anos que afetou o Festroia, o desaparecimento de Mário Ventura foi um dos mais duros golpes”, frisou Fernanda Silva, para adiantar que o festival se afirmou “definitivamente em Setúbal”.

O ambiente de glamour embelezou a passagem do trigésimo aniversário do certame cinematográfico, “um dos mais antigos e prestigiados festivais de cinema do País, que contribuiu para educar o gosto de várias gerações”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira.

A autarca destacou a importância da realização deste evento para o concelho, de que a Câmara Municipal é o principal patrocinador. “Quem ganha é a cidade e os amantes da sétima arte, que têm em Setúbal o melhor cinema.”

Maria das Dores Meira enalteceu o trabalho e o empenho da diretora do Festroia na realização do festival, que “honra a memória do seu fundador”, e lançou duras críticas ao Governo central, pelo sucessivo corte de verbas destinadas à cultura. “Cortam as pernas aos criadores nacionais.”

A capacidade do festival em mostrar novos caminhos foi igualmente destacada por Maria das Dores Meira, para adiantar que, “em tempo de aprendizagem e de aperfeiçoamento”, a festa do cinema pode regressar, como extensão, ao local onde nasceu, assim haja interesse dos responsáveis do outro lado do rio.

“Acreditamos que este festival pode converter-se num atrativo suplementar para aquele espaço turístico”, realçou a presidente da Autarquia.

A cinematografia alemã, em destaque na 30.ª edição do Festroia, foi distinguida com o Golfinho de Cristal, prémio entregue ao ministro conselheiro da Embaixada da Alemanha, Robert Weber. Em português, agradeceu o galardão, “um símbolo maravilhoso que tão bem representa a linda cidade de Setúbal.”

O representante diplomático, além de agradecer a homenagem ao cinema alemão, enalteceu o trabalho da organização do Festroia na promoção e divulgação da sétima arte além-fronteiras. Congratulou, igualmente, o festival pelo 30.º aniversário e fez votos para que continue por mais anos.

Ao palco do Fórum Municipal Luísa Todi subiram também os irmãos Bruggermann, responsáveis por “As Estações da Cruz”, filme realizado por Dietrich com argumento escrito em parceria com a irmã Anna, que este ano teve honras de abertura do Festroia.

“Lamento não vos trazer uma comédia hilariante, mas este é um filme longo e trágico”, brincou Dietrich Bruggermann, que, como é hábito em iniciativas deste género nas quais participa, brindou o público com um presente. “Trago sempre um DVD para oferecer”, disse, antes de o lançar para a plateia.

O Festroia homenageia nesta edição o produtor português Paulo Branco com a atribuição do prémio Golfinho de Ouro de Carreira, em cerimónia a realizar no dia 13, às 21h00, no Fórum Municipal Luísa Todi.

Com mais de 270 filmes em Portugal e no estrangeiro, o produtor trabalhou com realizadores como Manoel de Oliveira, João César Monteiro, João Canijo, Wim Wenders, David Cronenberg, Paul Auster, Chistophe Honoré e Chantal Akerman.

Já a cerimónia de entrega de prémios do Festroia decorre a 14, igualmente às 21h00, no Fórum. Em competição estão 45 filmes nas categorias Secção Oficial – que inclui uma coprodução de Portugal, Espanha e Estónia, intitulada “Diamantes Negros”, e um western dos países nórdicos europeus, “The Dark Valley” –, Primeiras Obras e O Homem e Natureza.

O 30.º Festroia – Festival Internacional de Cinema de Setúbal, a decorrer até domingo, conta com um total de 188 filmes de quatro de dezenas de países, em exibição no Fórum Municipal Luísa Todi, no Cinema Charlot – Auditório Municipal e no Auditório José Afonso.