A discursar na sessão solene da Assembleia Municipal, Maria das Dores Meira assinalou o “contributo decisivo” desta autarquia para “recuperar o atraso em que Setúbal viveu por demasiados anos”, esforço que, garantiu, é para prosseguir, mantendo o modelo de participação cidadã.

“Continuaremos a trabalhar incessantemente para melhor cidade, para melhor concelho”, garantiu a autarca em discurso proferido no Salão Nobre dos Paços do Concelho. “Preparámos estes tempos que hão de vir com muito e árduo trabalho em que envolvemos as populações de todo o concelho, cumprindo o desígnio de Abril de fazer da participação popular uma regra.”

A Câmara Municipal de Setúbal e as juntas de freguesia “estiveram em permanente contacto com os munícipes, ouviram as suas opiniões e integraram as suas ideias e sugestões no trabalho autárquico”, com vista a chamar os cidadãos à esfera da decisão pública.

“Os resultados do trabalho coletivo dos setubalenses estão à vista, porque, se hoje somos uma terra mais atrativa, que se desenvolve mais e melhor, com mais trabalho e projeção, temos de agradecer a todos os que acreditaram que Setúbal tem futuro”, afirmou Maria das Dores Meira.

Os setubalenses são os responsáveis pela existência de uma “terra de trabalho, de turismo, de indústria, de cultura, de desporto”, uma “terra de paisagens únicas, de gastronomia ímpar e de gente extraordinária”, acentuou. “Essa gente somos nós, todos nós, sem exceção. Todos somos Setúbal.”

A discursar perante os membros da Assembleia Municipal de Setúbal, a autarca assegurou que, sustentado na opção política da participação cidadã, o município prossegue a rota evolutiva. “O futuro está à nossa frente.”

O aprofundamento da ligação da cidade ao rio, na sequência do trabalho realizado nos últimos anos de devolução do usufruto público de todas as áreas ribeirinhas sem utilização portuária, conhece novos desenvolvimentos com a recente concretização da reivindicação da autarquia de assumir a gestão efetiva das praias.

“Um dos projetos que queremos concretizar é um passadiço marítimo entre o Parque Urbano de Albarquel e a praia, no que será, sem dúvida, um fortíssimo reforço da atratividade daquela zona”, adiantou.

Maria das Dores Meira deu conta de diversos projetos de modernização do concelho programados pela autarquia, como bacias de retenção para reduzir significativamente as cheias na zona baixa da cidade, a construir no futuro Parque Urbano da Várzea, “um novo e enorme espaço de lazer e de fruição”.

O futuro aponta ainda à implantação de uma nova zona verde na Quinta da Amizade e à revalorização do Parque de Campismo da Gâmbia, ao incluir um espaço dedicado ao campismo e às atividades da juventude.

A melhoria das condições de circulação de todos os utilizadores do espaço público é outra das apostas para aprofundar, no seguimento do “trabalho significativo com a qualificação das vias, criação de novas ruas, avenidas e rotundas, regularização do estacionamento e extensão da rede de ciclovias, no que representa o reforço do que hoje é designado de modos suaves de mobilidade”.

A juntar a este aumento da mobilidade para todos, automobilistas, utilizadores de bicicletas e peões, com ganhos ambientais e de qualidade urbana, a Câmara Municipal de Setúbal pretende criar interfaces de transportes públicos na Praça do Brasil e nas Fontainhas, integrando diversos modos de transporte, rodoviário, ferroviário e fluvial.

Na zona das Fontainhas, a autarquia continua a “alimentar a ideia de demolir o viaduto e de construir uma nova solução de circulação viária mais a nascente”, adiantou Maria das Dores Meira. “A demolição, com o simbolismo que tem, é fundamental para recuperar a beleza e tipicidade daquela zona tão bela da nossa cidade.”

A revitalização do centro histórico da cidade é para manter, assegurou, juntando à animação da baixa comercial “ações de qualificação do edificado, onde for possível, e de melhoria do espaço público”.

A estratégia assente na preocupação primordial de pensar nos que residem e trabalham no concelho não colide com a “disponibilidade para ajudar, para acolher, para ganhar com a riqueza da diversidade de gentes que fazem de Setúbal a sua terra”.

Esta é “uma cidade aberta ao investimento em novas atividades económicas e indústrias” e “às novas oportunidades na inovação e no turismo”, esclareceu a presidente da Câmara Municipal.

A transformação operada nos últimos anos alicerçada no desenvolvimento sustentado do concelho, do centro da cidade a Azeitão, passando pelas zonas mais periféricas, tem, a par do aumento da qualidade de vida das populações, levado a que Setúbal seja, “como nunca, procurada por turistas estrangeiros”.

No discurso de comemoração do 25 de Abril proferido na sessão solene da Assembleia Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira transpôs para a dimensão nacional o desiderato de reforço da qualidade de vida das populações.

“É neste dia de Abril que melhor sabemos e podemos reafirmar a nossa capacidade criadora como nação, a nossa enorme vontade de continuar a construir um país forte, independente e liberto dos constrangimentos financeiros que nos tolhem o desenvolvimento”, afirmou.

A autarca acentuou que Portugal vive hoje “tempos mais consonantes com o espírito de Abril”, com a recuperação de “direitos que alguns tudo fizeram para anular” e a devolução de rendimentos aos trabalhadores, graças a uma “histórica solução governativa que devolve confiança aos portugueses”.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal saudou o desaparecimento da “velha ideia, sistematicamente veiculada por políticos com ideias velhas, de que haveria partidos excluídos da possibilidade de influenciar e determinar as políticas governativas”.

Há, no entanto, advertiu, “muito ainda por fazer”, seja “na recuperação de salários e rendimentos”, seja “na reposição de direitos laborais”, seja, ainda, “na reativação da contratação coletiva”, por forma a “dignificar o trabalho e quem trabalha, apenas isso”.

A luta pelo direito a um emprego com salário digno, a habitação de qualidade, a um sistema de saúde eficiente e gratuito e a educação para todos “continua a estar na ordem do dia”, considera a autarca.

A mesma urgência existe quanto ao debate das questões da dívida de Portugal e dos respetivos juros. “Assim como é imperioso que debatamos a nossa participação numa União Europeia que nos tem tratado como parceiro menor e sem capacidade de responder às necessidades de quem trabalha, ao mesmo tempo que dá inesgotável atenção aos interesses do obsceno sistema financeiro que quase nos esmagou.”

Quarenta e três anos depois de o país ter saído da ditadura fascista para alcançar a liberdade, celebrar Abril constitui “um dever que nasce da obrigação de continuar a caminhada em direção a uma democracia plena em que também os direitos sociais e económicos sejam uma realidade”, afirmou Maria das Dores Meira.