A reflexão e a partilha de experiências educativas com vista à melhoria do sistema de ensino no concelho foram destaques do encontro promovido pela Câmara Municipal e pelo Conselho Municipal de Educação de Setúbal, entidade da qual a Autarquia faz parte, com o tema “Cidade Educadora – Um Compromisso com Todos”.

As boas práticas de Setúbal na área da educação e cidadania são partilhadas na Associação Internacional das Cidades Educadoras, plataforma de aprendizagem da qual a cidade é membro desde 2012, juntamente com cerca de meio milhar de representantes dos cinco continentes.

“É nosso compromisso orientarmos e planearmos a ação de acordo com os princípios da Carta das Cidades Educadoras, nos quais acreditamos e que são a base na construção de uma cidade com todos e para todos”, realçou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na abertura da conferência.

Para a autarca, a educação é “um caminho obrigatório para o sucesso e o desenvolvimento” não só individual mas também coletivo, pelo que “é necessário que cada um, na sua prática quotidiana, seja educador, em cada gesto, em cada palavra e em cada ação”.

Maria das Dores Meira destacou que, “em matéria de educação formal”, a Câmara Municipal de Setúbal tem procurado, nos últimos anos, “aumentar a qualidade da oferta educativa do concelho”, seja com a construção e requalificação de equipamentos, seja com o apoio aos ensinos artístico, profissional, superior e sénior. 

Na continuidade deste trabalho, salientou “a necessidade de construção do Projeto Educativo Local”, um documento “orientador do rumo da educação no concelho” e para o qual é imperativo que haja “uma forte participação e intervenção de todos” os agentes da sociedade.

Na III Conferência Anual de Educação de Setúbal, iniciativa integrada num ciclo de encontros promovido pela Autarquia com início em 2007 e que regressou após um interregno de vários anos, Maria das Dores Meira traçou um balanço do trabalho realizado na área do ensino.

“Ao olharmos para trás e fazendo uma reflexão comparativa entre o que nos preocupava então em questões como o sucesso educativo, o abandono escolar e o absentismo, podemos concluir que o resultado foi uma intervenção profunda e radical no município.”

Antes do início dos trabalhos, o poeta setubalense Manuel Maria Barbosa du Bocage, personificado pelo ator José Nobre, subiu ao palco do Fórum Municipal Luísa Todi para um pequeno apontamento cénico com uma resenha histórica do homem que nasceu há 250 anos.

O “Conceito de cidade educadora, hoje” foi refletido por Joan Manel del Pozo, da Universidade de Girona, em Espanha, naquela que foi a primeira exposição do encontro, no qual marcaram presença perto de quatro centenas de pessoas, entre agentes educativos, técnicos municipais e representantes de forças de segurança.

“A educação tem de ser vista como a alma da construção humana e a cidade como o local privilegiado para essa criação”, destacou o investigador, para depois falar da génese do movimento das cidades educadoras, em 1990 no “I Congresso Internacional de Cidades Educadoras”, em Barcelona, Espanha.

Joan Manel del Pozo, ao defender que o compromisso de cidade educadora “é de todos e para todos”, frisou que “todos os indivíduos são simultaneamente educadores e educandos”. Acrescentou que “uma cidade educadora deve assentar não só no presente, mas também no passado e no futuro”.

Seguiu-se uma intervenção com a temática “Projeto Educativo Local, um desafio para a cidade”, em formato de mesa redonda, com alocuções de participantes de várias esferas da vertente da educação, moderada pelo jornalista Raúl Tavares.

Isabel Vieira, da Universidade Católica de Lisboa, partilhou a visão de que “todos, sem exceção, devem ser educadores”. Para o cumprimento deste objetivo apontou três eixos prioritários de intervenção – habitação, valores e solidariedade – e reforçou que o Projeto Educativo Local “é uma oportunidade de organização em comunidade”.

Joan Manel del Pozo afirmou que o Projeto Educativo Local só faz sentido se “nascer da energia local, com a participação e o compromisso de todos” e vincou que este pode vir a ser “uma das formas de materialização do conceito de cidade educadora e uma mais-valia no fortalecimento dos recursos locais”.

Fernanda Oliveira, diretora do Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama e membro do Conselho Municipal de Educação, apresentou o projeto educativo do agrupamento e explanou sobre os contributos que este pode dar para a construção de um documento orientador comum.

Já Carla Diegues, da Associação de Professores e Amigos das Crianças do Casal das Figueiras, realçou a importância de construção do Projeto Educativo Local para a rede escolar do concelho. “É um desafio para os vários interlocutores, uma aposta comum e que pode potenciar a ação conjunta.”

O vereador com o pelouro da Educação na Câmara Municipal, Pedro Pina, afirmou que a III Conferência Anual de Educação de Setúbal materializa “o primeiro passo para a construção do Projeto Educativo Local, numa reflexão assente na premissa de um compromisso alargado a todos e para todos”.

Pedro Pina explicou ainda que o Projeto Educativo Local “é um documento que se quer aberto e que possa ir sendo construído”. Reforçou, igualmente, que a “participação e o envolvimento ativo é crucial para o sucesso e que o grande desafio assenta em descobrir que caminho tomar”.

Na parte da tarde, foi debatida “A escola e o projeto educativo local”. A mesa redonda, moderada por Luís Liberato, diretor do Departamento de Cultura, Educação e Desporto da Autarquia, contou com as participações de Clara Félix, diretora do Agrupamento de Escolas de Azeitão, Iolanda Rodrigues, da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, Helena Álvaro, da Escola Profissional de Setúbal, Joana Brocado, da Escola Superior de Educação de Setúbal, e José Carlos Morgado, da Universidade do Minho.

A III Conferência Anual de Educação de Setúbal encerrou com uma intervenção pelo vereador Pedro Pina.