Tanto a Creche Golfinho Azul, situada na Rua General Daniel de Sousa, como o Centro Álvaro Dias, localizado na zona da Nova Azeda, encontram-se em funcionamento desde o verão, tendo agora decorrido a abertura simbólica dos espaços.

O presidente da direção da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Setúbal sublinhou que a nova creche é “um espaço de esperança e de futuro”.

José Salazar salientou que o equipamento, orientado também para crianças sem deficiências, representa os primeiros passos na definição de um novo paradigma de funcionamento da associação, até agora “uma instituição particularmente vocacionada para a área da deficiência mental”.

A construção de ambos os espaços contou com os apoios da Autarquia, através da isenção de taxas urbanísticas para a creche e da cedência de terreno para o lar, e da administração central, co-financiando os projetos e o funcionamento através do PARES – Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais.

Para a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a abertura dos equipamentos constitui um motivo de celebração do “Estado Social, que continua vivo” e “sabe reconhecer a capacidade de associações como a APPACDM para criar as melhores condições para acolher, acarinhar e capacitar todos os cidadãos, particularmente os com necessidades especiais”.

Ana Clara Birrento, diretora do Centro Distrital de Setúbal de Segurança Social, que teceu largos elogios ao trabalho social desenvolvido pela APPACDM local, sublinhou igualmente a importância das instituições de solidariedade social, responsáveis, só no distrito de Setúbal, por 6 por cento da empregabilidade.

A creche, aberta todo o ano e com horário de funcionamento alargado, das 07h30 e às 19h30, tem uma mensalidade calculada por capitação familiar.

O espaço, preparado para receber meninos dos 4 meses aos 3 anos, tem capacidade para 33 crianças, sendo que, com a nova legislação, a lotação deverá passar em breve para as 39.

Já o Centro Álvaro Dias suporta as valências de lar, residência autónoma e apoio domiciliário, todas orientadas para pessoas com deficiências mentais.

A componente de lar, a funcionar já perto da capacidade máxima de 18 utentes, destina-se a indivíduos com deficiências mais profundas.

A residência autónoma, que deverá entrar em funcionamento este mês, tem o objetivo de servir de solução temporária para pessoas com deficiências mentais pouco severas, capacitando-as para gerir autonomamente a maioria ou todas as tarefas diárias domésticas.

Consciente das necessidades do presente e do caminho a percorrer no futuro, José Salazar sublinhou que o ambiente de festa vivido esta manhã não deve ocultar outras necessidades prementes, como substituir as instalações do Centro de Atividades Ocupacionais, a funcionar “num barracão de madeira moribundo”, e reduzir “uma lista de espera de situações dramáticas que não cessa de crescer”.

Visão partilhada por Maria das Dores Meira, para quem “muito já foi feito, havendo ainda muito para fazer”.

A Câmara Municipal, consciente da importância do trabalho desenvolvido por instituições de solidariedade social, faculta à APPACDM, sublinhou a autarca, um leque variado de apoios.

Essas ajudas, “que nunca poderão ser de mais”, adiantou, traduzem-se em medidas como a transferência de verbas para o apoio ao transporte de pessoas com necessidades especiais, a integração de utentes da associação em serviços municipais, o apoio, “ainda que limitado”, à área cultural, como é o Festival ExpressArte, integrando o consórcio do Programa Escolhas e ainda em múltiplos apoios logísticos.

“Ao contrário da narrativa que se está a vulgarizar, as autarquias são uma das principais apoiantes das instituições particulares de solidariedade social em todo o País, pese embora a acelerada redução de transferências financeiras de verbas do Estado central a que se assiste hoje”, salientou Maria das Dores Meira.