O som do toque de objetos sonoros e de instrumentos musicais cresce de intensidade ao chegarmos ao local de concentração da parada, nas imediações do antigo Quartel de Infantaria 11. Antes da saída, ultimam-se os batuques e ensaia-se, pela última vez, as coreografias preparadas para a ocasião.

Ao apito de Fernando Molina, coordenador do desfile, os mais de dez grupos participantes, compostos por crianças dos agrupamentos de escolas do concelho, de associações de imigrantes e de projetos sociais, ficam em sentido. É tempo de animar a Avenida Luísa Todi.

“Energia!”, grita o coordenador. Os ritmos dos batuques e tambores, construídos de forma criativa e, em grande parte, ambientalmente sustentáveis, juntamente com outros instrumentos musicais, começam a ecoar. Misturaram-se sons e tradições culturais, coreografias e letras musicais numa grande festa da música.

A APPACDM de Setúbal, o Projeto Agora Sim! – E5G e a Edinstvo – Associação de Imigrantes dos Países do Leste marcam presença na tradicional iniciativa do festival, a par de alunos das EB 2,3 de Bocage, Aranguez, Lima de Freitas, Azeitão e Luísa Todi, da Escola Básica e Secundária Ordem de Sant’Iago e da EB da Brejoeira.

À medida que cada grupo toca os ritmos dos respetivos estabelecimentos de ensino e associações, frenético, de um lado para o outro, Fernando Molina não se cansa de falar e interagir com os pequenos percussionistas. “Está bom mas podemos fazer melhor”, desafia, ao mesmo tempo que gesticula movimentos de coordenação.

O azul do “Mar”, o tema desta edição do Festival de Música de Setúbal, é a cor dominante dos participantes. Longos panos simulam a ondulação no percurso do desfile, na Avenida Luísa Todi, que percorre a antiga margem do rio Sado. Por ali passam pequenos marinheiros, princesas, príncipes e piratas, assim como representações de animais da comunidade marítima.

O cortejo culmina no Auditório José Afonso, local escolhido para a dinamização de um apontamento musical. Enquanto Fernando Molina tenta organizar a atuação, cada grupo faz questão de se fazer ouvir, toca como pode e puxa pelos galões da escola ou instituição que representa.

Depois de apresentados, um a um, o momento esperado. “A Foz dos Ritmos” começa com uma atuação do grupo BelaBatuke, da Bela Vista, com um tema preparado pelo professor António Brazinha, que arranca longos aplausos do público.

Entre o público está o compositor Tony Haynes e alguns músicos da Grand Union Orchestra, que, ontem à noite, abriu oficialmente o Festival de Música de Setúbal num concerto com a participação de meia centena de crianças e jovens do concelho.

A pluralidade de sons faz-se ouvir no ato final, numa atuação conjunta no Auditório José Afonso. “Vamos fazer um tsunami musical”, incita Fernando Molina, antes de começar o concerto, liderado por gaitas de foles.

A quarta edição do Festival de Música de Setúbal, subordinada ao tema “Mar”, mantém os princípios com que a iniciativa foi criada, em 2011, numa organização da A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, resultado de uma parceria contínua entre a Câmara Municipal e The Helen Hamlyn Trust.

O Festival de Música de Setúbal, a decorrer desde ontem, continua até dia 1 com um conjunto de espetáculos que reúne grandes artistas e a comunidade local em torno da harmonia dos sons.

O programa do evento está disponível em www.festivalmusicadesetubal.com.pt