Uma nova curta-metragem de João Bordeira e Sérgio Braz d’Almeida, a exibir em duas sessões distintas, a 21 e 22 de novembro à tarde, revela parte da identidade do Troino, bairro típico piscatório de Setúbal.


O documentário “Sal no Sangue” resulta da obtenção de testemunhos de pescadores artesanais no decorrer de uma residência artística realizada em Setúbal durante a pandemia.

A curta-metragem, com realização de João Bordeira e Sérgio Braz d’Almeida e o contributo da antropóloga Mariana Macedo Dias, documenta histórias de vida, dificuldades quotidianas e a ligação ao mar dos pescadores do Bairro do Troino.

As entrevistas foram realizadas perto de cacifos, estrutura física que é, simultaneamente, um local onde os pescadores guardam os materiais necessários à faina, como redes, chumbos, motores, extintores, agulhas e linhas, e um ponto de encontro entre a comunidade.

No documentário, há relatos de homens com idades entre os 34 e os 85 anos, que recordam um passado de pesca melhor.

“O futuro que todos veem é o de uma terrível perda da pesca, quer para dar lugar a grandes corporações, quer pela falta de interesse dos mais jovens. Talvez sintam que a pesca está a piorar porque eles próprios já estão envelhecidos e não veem o mundo como viam quando eram jovens”, indica a antropóloga Mariana Macedo Dias.

“Sal no Sangue”, a apresentar em duas sessões de entrada gratuita, dia 21, às 16h00, na Casa da Cultura, e dia 22, às 18h00, no Mercado do Rio Azul, é um dos filmes do projeto documental “Troino”, que tem como objetivo a criação de um arquivo audiovisual dos hábitos e das memórias dos moradores do bairro.

A exibição da curta-metragem, com a duração de trinta minutos, é antecedida de um período de conversa com os realizadores e a antropóloga.

“Troino” é o segundo projeto documental de um trabalho de pesquisa de João Bordeira e Sérgio Braz d’Almeida, que, a partir de filmes documentais, procura preservar o património cultural imaterial da cidade de Setúbal.

Esta pesquisa, que se iniciou em 2017 com “Miradouro”, filme que retrata as gentes e o Bairro de São Domingos, é feita com o envolvimento da comunidade local e dinamizada com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da União das Freguesias de Setúbal e da programação cultural em rede Mural 18.

O principal objetivo é realizar um conjunto de filmes que resultem num registo com valor etnográfico de todo o território de Setúbal.