Depois da apresentação do álbum mais recente, “A Bunch of Meninos”, num concerto esgotado em março de 2014, a dupla Pedro Gonçalves e Tó Trips voltou à sala de espetáculos setubalense, que ficou apenas a algumas cadeiras de conseguir igual lotação, para uma noite em que fizeram novo a partir do que já é conhecido.

Em registo acústico, os Dead Combo encontraram novos ritmos para alguns dos temas que lhes têm conferido notoriedade em Portugal e no estrangeiro, casos, entre vários outros, de “Esse olhar que é só teu” e “Elétrica Cadente”.

A famosa “Rodada” foi servida, por exemplo, em vil companhia. Sentido figurado, claro está, uma vez que a dupla fez-se acompanhar, aqui e ali, de As Cordas da Má Fama, trio constituído por Carlos Tony Gomes, Bruno Silva e Denys Stetsenko, que interpreta instrumentos como violino, violoncelo e viola de arco.

As duas horas de espetáculo, que acabaram em ovação após o frenético encore de “Lisboa Mulata”, oscilaram, como é característico de Dead Combo, entre o melancólico do fado – que está na génese da dupla, quando, em 2002, decidiu prestar tributo a Carlos Paredes – com os clímax dos western spaghetti, remissivos para tiroteios e duelos épicos ao pôr do sol sincopados por composições de Morricone.

No meio desta viagem sonora transatlântica, Dead Combo e as suas cordas convidadas tocaram em plena cidade castiça, inspirada na Lisboa de Alfamas e Mourarias, rodeados por um cenário de taberna e clientela feita a partir de espetadores afortunados raptados da plateia para ouvir no palco, em primeira mão, entre petiscos e copos de três, num renovado concerto de memórias da dupla mais viva do país.