Fórum de Saúde de Setúbal - segundo debate prévio - Comunicação em Saúde

A importância da comunicação na promoção da saúde e na relação entre médico e doente, acrescida dos novos desafios colocados pela pandemia de Covid-19, foi discutida no segundo debate prévio efetuado no âmbito do Fórum de Saúde “Setúbal a Pensar em Si”.


Em mais uma sessão em formato digital, realizada no dia 8 de fevereiro, com organização da Câmara Municipal de Setúbal, o vereador com o pelouro da Saúde, Ricardo Oliveira, lançou o desafio aos convidados para falarem sobre projetos desenvolvidos nas organizações onde trabalham.

Perto de meia centena de participantes assistiram à reflexão feita por três oradores sobre “Comunicação em Saúde”, temática de “grande complexidade”, classificou o moderador da reunião, António Marques, diretor da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal.

“Existem ruídos por trás da comunicação que podem levar a diversos erros por parte do utente, mas também na relação utente/prestadores de cuidados de saúde”, advertiu.

O primeiro orador foi a médica Paula Lopes, do Serviço de Medicina Interna da Unidade de Hospitalização Domiciliária do Centro Hospitalar de Setúbal, que apresentou o programa de comunicação no contexto da criação do serviço de hospital domiciliário.

A comunicação presencial, através das equipas de apoio ao doente em casa, e o contacto telefónico direto à Unidade de Hospitalização Domiciliária são duas formas de comunicação asseguradas por este serviço que “não é alargado a todos os doentes”.

São doentes agudos estáveis e que, “no entanto, em qualquer altura, podem ser transferidos para o hospital”, referiu Paula Lopes, para destacar a importância do envolvimento da família.

A nível interno, a estratégia de comunicação foi um “elemento fulcral para a constituição de uma equipa que tem de funcionar em uníssono e para a criação de protocolos de abordagem e de tratamento dos doentes no domicílio, os quais são necessariamente diferentes daqueles que são aplicados quando o doente se encontra em internamento hospitalar”.

No que diz respeito à comunicação com os utentes, “teve de ser adaptada aos diferentes grupos populacionais, designadamente ao nível dos materiais informativos e da terapêutica a aplicar”.

Os contactos diretos presenciais são privilegiados pela equipa coordenada por Paula Lopes, constituindo “uma mais-valia”, na medida em que os profissionais de saúde aproveitam a visita ao ambiente familiar do doente para “perceber se a medicação é cumprida adequadamente e até para fazer sugestões de disposição estrutural em casa, por exemplo, no caso de doentes com dificuldades de mobilidade”.

A aposta do Hospital da Luz Setúbal na utilização das ferramentas digitais para reforçar a ligação entre médico e doente foi abordada por José Ferreira Santos, cardiologista e diretor clínico deste estabelecimento.

“Quando pensamos em e-Saúde pensamos em algo que no século XXI é incontornável. É quase impossível nos dias de hoje fazermos medicina sem termos o apoio de tecnologias de informação e de comunicação”, sublinhou o especialista.

Neste contexto, o grupo Luz Saúde criou, em 2016, o Centro Clínico Digital, através do qual os utentes podem aceder aos registos de saúde pessoais no portal do cliente, designadamente resultados de exames e diagnósticos que resultam das consultas no hospital.

Outros pilares do projeto são as videoconsultas programadas, essencialmente para seguimento de doentes crónicos, e as videoconsultas urgentes, para situações pouco complexas com triagem prévia pela linha Luz24.

Segundo José Ferreira Santos, em 2020, devido à evolução da pandemia de Covid-19, “houve um crescimento exponencial das videoconsultas no Centro Clínico Digital da Luz Saúde, que passaram de 504, em 2019, para 17.176, sendo que um em cada quatro doentes repetiu a videoconsulta”.

A ginecologia e obstetrícia, a cardiologia, a medicina geral e familiar e a psicologia clínica são as especialidades em que se regista o maior número de videoconsultas.

“Este efeito da pandemia na evolução das teleconsultas veio para ficar, pois este tipo de relação entre o médico e o doente tem potencial para melhorar o acompanhamento do doente crónico. É uma ferramenta que contribui para um melhor controlo da doença e para que o doente esteja mais satisfeito”, conclui.

Outro tema em análise no segundo webinar do Fórum de Saúde de Setúbal, evento agendado para 8 de abril, foi a experiência da parceria municipal na promoção da saúde através da comunicação, designadamente o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal do Seixal.

A chefe da Divisão de Comunicação e Imagem, Leontina Sousa, destacou a mais-valia das parcerias estabelecidas entre a autarquia seixalense e várias instituições, uma vez que “permitem ter uma noção mais abrangente da comunidade, bem como criar sinergias para partilha de informação, meios e know how”.

No entender da responsável, a promoção da saúde pela comunicação “é importante para aumentar o conhecimento dos temas ligados à saúde, para sensibilizar as pessoas para a adoção de estilos de vida saudáveis e para prevenir comportamentos de risco”.

Os desafios colocados pelo contexto pandémico levaram o município do Seixal a desenvolver uma estratégia de comunicação que passou pelo lançamento de campanhas de comunicação em outdoors, nos meios digitais do município e nos órgãos de comunicação social, a produção de material pedagógico e a colocação sinalética no espaço público.

A autarquia desenvolveu, igualmente, projetos de promoção da saúde dirigidos à população em geral, no âmbito do Seixal Saudável, que tem como objetivos sensibilizar e formar, e dirigidos à comunidade escolar.

No final do encontro houve ainda lugar a perguntas via chat dos participantes inscritos.

Antes deste webinar dedicado à “Comunicação em Saúde”, realizou-se uma primeira sessão, no dia 2 de fevereiro, que abordou a temática “Estado de Saúde e Promoção de Estilos de Vida Saudáveis”.

Durante os meses de fevereiro e março, realizam-se mais quatro debates, todos às 16h00, no âmbito do Fórum de Saúde “Setúbal a Pensar em Si”, com o próximo agendado para dia 18, às 16h00, com o tema “Desigualdades no Acesso à Saúde”.

Seguem-se “Território e Planeamento Urbano: O potencial Salutogénico do Património Natural e Construído”, a 25 de fevereiro, e “Recursos da Comunidade enquanto Determinantes da Saúde” e “Participação – Experiências de Cidadania Ativa promotora da Saúde Física e Mental”, a 18 e 25 de março, respetivamente.

As inscrições devem ser feitas pelo preenchimento de um formulário online disponível nesta ligação. Posteriormente, são enviados para os inscritos os dados de acesso à participação no webinar, durante o qual podem colocar questões aos oradores convidados.

Todas as sessões são transmitidas em direto no canal de Youtube e na página de Facebook do município de Setúbal.

O Fórum de Saúde, que procura também celebrar, em Setúbal, o Dia Mundial da Saúde, assinalado anualmente a 7 de abril, pretende criar um espaço de reflexão e partilha de conhecimento nesta área da sociedade.

A primeira edição, a realizar no dia 8 de abril, conta com duas sessões específicas destinadas a debater o Perfil de Saúde e o Plano de Desenvolvimento de Saúde do Município de Setúbal, ambos em elaboração.

A comissão organizadora do evento é composta, além da Câmara Municipal, pelo ACES Arrábida – Agrupamento dos Centros de Saúde da Arrábida, pela Associação da Indústria da Península de Setúbal, pela Associação Nacional de Farmácias, pelo Centro Hospitalar de Setúbal, pela Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas e pelo Hospital da Luz Setúbal.

O Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas, o Instituto Politécnico de Setúbal e as juntas de freguesia do concelho, bem como personalidades ligadas à comunidade educativa, ao movimento associativo popular, às instituições particulares de solidariedade social e à Comissão Municipal de Proteção Civil também fazem parte da comissão organizadora.