Cidadania e Liberdade | Cidade Educadora | Seminário online

A importância de uma cidade educadora na promoção da cidadania e liberdade foi uma das ideias destacadas, no dia 6, na segunda sessão em formato digital de um ciclo de debates a decorrer em Setúbal.


“A Carta Educadora tem um conjunto de princípios que colocam na esfera da governação e da participação as questões da diversidade e da não discriminação e da educação para uma cidadania democrática e global”, sublinhou o vereador com o pelouro da Educação da Câmara Municipal de Setúbal, Ricardo Oliveira.

O autarca, que falava na abertura da segunda sessão do ciclo de seminários “Setúbal, Cidade Educadora: transformar o território com as pessoas”, organizado pela autarquia, intitulada “Cidadania e Liberdade”, falou da importância de uma cidade educadora como veículo de promoção da cidadania.

“A Cidade Educadora vive um processo permanente que tem como finalidade a construção da comunidade e de uma cidadania livre, responsável e solidária, capaz de conviver na diferença, de solucionar pacificamente os seus conflitos e de trabalhar pelo bem comum.”

Esta visão foi partilhada pelas intervenientes da mesa-redonda “Transformar o território com as pessoas – Cidadania e Liberdade”, na qual Cristina Roldão e Ana Alcântara, professoras da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal partilharam uma apresentação sobre o “Roteiro para uma Educação Antirracista”, criado para assinalar os 150 anos da abolição da escravatura em todos os territórios portugueses.

Desenvolvido em 2019 pela ESE/IPS em parceria com o município de Setúbal, este projeto incluiu ciclos de debates mensais, com a participação de historiadores, ativistas, educadores e artistas, um curso de formação de professores, com a duração de 25 horas, e uma exposição sobre as origens do movimento negro entre 1911 e 1933.

No âmbito do projeto “Roteiro para uma Educação Antirracista”, realizou-se ainda uma aula-passeio, intitulada “A Presença Negra na Cidade de Setúbal”, com visita-guiada ao centro histórico da cidade, com o objetivo de, entre outros, desocultar a longa presença das comunidades negras no concelho.

O percurso, em folheto, ainda está disponível para visualização nesta ligação.

Para a investigadora e socióloga Cristina Roldão, a Cidade Educadora deve ser um espaço educativo, de aprendizagem sobre cidadania, sobre a necessidade da pluralidade e de combate à discriminação.

“Este roteiro que construímos procurou exatamente isso. Que a cidade possa falar sobre quem nós fomos e, sobretudo, quem nós somos e quem nós queremos ser”, concluiu.

As outras duas oradoras na mesa-redonda “Transformar o território com as pessoas – Cidadania e Liberdade” consideraram a importância de uma cidade que educa e que forma.

Manuela Correia, do Instituto das Comunidades Educativas, que interveio sobre o tema “Crianças e Jovens: Conhecer e Participar para a Democracia”, justificou esta posição porque “permite a construção de uma sociedade libertadora e com valores e uma sociedade que permite ouvir o que o outro pensa e o que o outro deseja”.

Manuela Correia defendeu, no entanto, a necessidade de reforçar “o espaço público de escuta das crianças”, apelando, nesse sentido, a uma maior participação dos mais novos na sociedade.

“Este é um trabalho que se faz com muita facilidade. Fazê-los entender que é possível enviarem um projeto, enviarem uma resolução de um problema a um presidente de junta de freguesia ou à presidente da autarquia. São várias as formas de participar em democracia.”

Manuela Correia deu como bom exemplo o caso do programa municipal Nosso Bairro, Nossa Cidade, a decorrer na zona do território da Bela Vista, onde as ações são protagonizadas pelos próprios moradores, gerando a participação das pessoas nas decisões que a elas e à sua comunidade dizem respeito, com o objetivo de promover a autonomia, a responsabilidade e o crescimento coletivo.

Também a chefe da Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Setúbal, Cátia Oliveira, que participou no painel, partilhou da mesma opinião de Manuela Correia, destacando a importância de uma cidade que educa e que forma.

“A Cidade Educadora passa por dar ferramentas para que os jovens consigam dar as suas respostas”, considerou a responsável.

A experiência da autarquia na promoção do projeto “Ciclo de Debates”, destinado à reflexão sobre vários temas que preocupam os jovens foi a temática apresentada por Cátia Oliveira.

Incentivar e melhorar a participação dos jovens da comunidade e oferecer terreno para o desenvolvimento do exercício de discussão-valor são alguns dos objetivos do programa municipal de debates temáticos nas escolas do concelho, com periodicidade anual.

Antes da pandemia, o Ciclo de Debates realizava-se entre 11 e 12 escolas do concelho durante o mês de janeiro, enchendo auditórios e bibliotecas, com várias turmas em simultâneo, sempre em colaboração com entidades e convidados especialistas nas matérias a abordar. Atualmente, decorre em formato digital.

A segunda sessão do ciclo de seminários “Setúbal, Cidade Educadora: transformar o território com as pessoas” teve transmissão online, via streaming, no canal de Youtube do município e pode ser visto nesta ligação.

O ciclo de seminários surge na sequência de o habitual painel “Caminhos que se trilham: experiências locais de sucesso”, integrado no programa da Conferência Anual de Educação de Setúbal, realizada em setembro do ano passado, não ter decorrido no formato habitual, devido às restrições decididas no país no âmbito da pandemia.

A primeira sessão do seminário realizou-se a 2 de dezembro.

O próximo seminário realiza-se no dia 15 de junho, dedicado à temática “Ambiente e Sustentabilidade”.