Fórum de Saúde - 1.º Debate Prévio - 2 de fevereiro

Doenças infecciosas, saúde mental e polimedicação foram alguns dos temas em análise na sessão “Estado de Saúde e Promoção de Estilos de Vida Saudáveis”, realizada no dia 2 de fevereiro, o primeiro webinar no âmbito do Fórum de Saúde de Setúbal.


Numa sessão em formato digital, assistida por mais de meia centena de participantes, seis oradores partilharam conhecimentos sobre o panorama das morbilidades e mortalidade no concelho de Setúbal, acidentes domésticos e de lazer e segurança e saúde no trabalho.

“Este é um espaço que pretende ser objeto de reflexão, troca de perspetivas e conhecimento, de estratégias”, referiu o vereador da Saúde da Câmara Municipal de Setúbal, Ricardo Oliveira, na abertura do primeiro de um conjunto de seis debates que antecedem o Fórum de Saúde “Setúbal a Pensar em Si”, agendado para 8 de abril.

Um dos temas em destaque no primeiro webinar foi a atual situação pandémica, com o diretor do Serviço de Infecciologia do Centro Hospitalar de Setúbal, José Poças, a manifestar preocupação com as consequências da “primeira pandemia do século XXI”, designadamente ao nível da saúde mental cujos “impactes vão refletir-se por muitos anos”.

O médico deu a conhecer os números da pandemia no Centro Hospitalar de Setúbal, no que considera ter sido um “avassalador” mês de janeiro, com 2666 episódios registados nas ADR – Áreas Dedicadas para Doentes Respiratórios.

Já Joaquim Judas, médico e assessor do pelouro da Saúde no município de Setúbal, abordou o tema “Indicadores de morbilidade e mortalidade identificados no Perfil e Plano de Saúde do ACES ARRÁBIDA, particularidades do Concelho de Setúbal”.

A estrutura etária da população, a esperança de vida, a taxa de mortalidade, as doenças do aparelho circulatório identificadas como a principal causa de morte e os anos de vida saudáveis perdidos foram alguns elementos em destaque.

O painel incluiu, igualmente, uma alocução sobre os “Problemas de Saúde Mental no Concelho de Setúbal”, pela professora Lucília Nunes, da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, que frisou a “elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa”, sendo Portugal o segundo país com a maior taxa de incidência.

No entender da especialista, a pandemia de Covid-19 e o combate à sua propagação “vão deixar consequências, nomeadamente ao nível do consumo de álcool, medicamentos e drogas, desigualdades socioeconómicas e aumento da violência doméstica”.

Os riscos associados à polimedicação e automedicação foram abordados por Lucília Pascoal, representante da Associação Nacional de Farmácias no Concelho de Setúbal, que alertou para o facto de que “mais de metade dos doentes crónicos não toma a medicação corretamente”.

As reações adversas a medicamentos e interações medicamentosas são dois efeitos associados à polimedicação, que “em grande parte levam a que a terapêutica deixe de fazer efeito”, sublinhou a farmacêutica.

Neste contexto, Lucília Pascoal apresentou o PIM – Preparação Individualizada da Medicação, um serviço em que o farmacêutico organiza os medicamentos num dispositivo de múltiplos compartimentos, selado de forma estanque e descartado após a sua utilização, o qual contribui para uma toma adequada da medicação.

“Acidentes domésticos e de lazer” foi o tema apresentado pela enfermeira Tatiana Alves, do INSA – Instituto Ricardo Jorge e da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, que deu a conhecer o Sistema EVITA, que permite a recolha e análise dos dados dos acidentes doméstico e de lazer, possibilitando monitorizar os vários cenários em que estes acidentes ocorrem, desde a faixa etária, sexo, como e onde.

Em Portugal, de acordo com a especialista, as lesões tencionais e não intencionais são um “problema de saúde pública” e “têm uma expressão na morbilidade e mortalidade, sendo a principal causa de recurso hospitalar”.

Já Maria Benedita Pernas, da Autoridade para as Condições de Trabalho, centrou-se na importância da prevenção da segurança e da saúde em contexto laboral.

A oradora referiu que o concelho e o distrito de Setúbal têm uma maior sinistralidade e doenças profissionais devido às indústrias e defende que as entidades empregadoras devem investir na prevenção e devem valorizar fatores como a gestão do stress e um ambiente psicossocial positivo.

Durante os meses de fevereiro e março, realizam-se mais cinco debates no âmbito do Fórum de Saúde “Setúbal a Pensar em Si”, com o próximo agendado para dia 8, às 16h00, com o tema “Comunicação em Saúde”.

As inscrições devem ser feitas pelo preenchimento de um formulário online disponível no link https://bit.ly/39FEP1f . Posteriormente, são enviados para os inscritos os dados de acesso à participação no webinar, durante o qual podem colocar questões aos oradores convidados.

Todas as sessões são transmitidas em direto no canal de Youtube e na página de Facebook do município de Setúbal.

O Fórum de Saúde, que procura também celebrar, em Setúbal, o Dia Mundial da Saúde, assinalado anualmente a 7 de abril, pretende criar um espaço de reflexão e partilha de conhecimento nesta área da sociedade.

A primeira edição, a realizar no dia 8 de abril, conta com duas sessões específicas destinadas a debater o Perfil de Saúde e o Plano de Desenvolvimento de Saúde do Município de Setúbal, ambos em elaboração.

A comissão organizadora do evento é composta, além da Câmara Municipal, pelo ACES Arrábida – Agrupamento dos Centros de Saúde da Arrábida, pela Associação da Indústria da Península de Setúbal, pela Associação Nacional de Farmácias, pelo Centro Hospitalar de Setúbal, pela Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas e pelo Hospital da Luz Setúbal.

O Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas, o Instituto Politécnico de Setúbal e as juntas de freguesia do concelho, bem como personalidades ligadas à comunidade educativa, ao movimento associativo popular, às instituições particulares de solidariedade social e à Comissão Municipal de Proteção Civil também fazem parte da comissão organizadora.