O encontro, a decorrer no Fórum Municipal Luísa Todi, teve início na manhã do dia 19 com uma sessão de abertura na qual a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, reafirmou as orientações que autarquia irá seguir nos próximos tempos em matéria de saúde.

“Iremos continuar a assumir o compromisso de defender intransigentemente o Serviço Nacional de Saúde, opondo-nos ao encerramento de centros de saúde, e defenderemos a manutenção de todas as valências no Centro Hospitalar de Setúbal e o desenvolvimento da rede de cuidados continuados.”

Na sessão de abertura das 3.as Jornadas de Enfermagem do CHS – Centro Hospitalar de Setúbal, com o tema “Uma só enfermagem – Diferentes perspetivas do cuidar”, organizadas com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, a autarca defendeu que “é fundamental um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde, a par do aumento do número de profissionais em todas as áreas dos cuidados de saúde”.

Maria das Dores Meira recordou que, embora as autarquias tenham um contacto muito próximo com as questões relacionadas com a saúde, não têm responsabilidades nesta área, a não ser, muitas vezes, as de “exigir, reivindicar, indicar quais são os melhores caminhos, baseados no conhecimento que têm das realidades locais”.

Nesse sentido, apontou a necessidade de adoção de uma política de saúde que dê primazia aos cuidados primários, nomeadamente com a construção de novos centros de saúde no concelho, em Azeitão e no Bairro Santos Nicolau.

Importante é também, reforçou, a reabilitação e requalificação dos equipamentos de saúde existentes e a melhoria das condições de instalação e funcionamento dos centros de saúde da Praça da República (beira-mar) e de Vale do Cobro. 

O investimento na prevenção das dependências e na efetiva promoção da saúde mental são outras preocupações da Câmara Municipal de Setúbal.

“Para nós, o Serviço Nacional de Saúde continuará a ser uma conquista da revolução de Abril que tudo faremos para manter viva, insistindo no inalienável direito que todos os portugueses têm a cuidados de saúde.”

Sérgio Branco, representante da Ordem dos Enfermeiros, também interveniente na sessão de abertura, acentuou que os enfermeiros são um dos pilares do Serviço Nacional de Saúde, mas deixou um alerta à situação profissional que vivem atualmente.

“Sacrificamos tempo de família por um sistema que nunca reconhece o quanto damos de nós a troco de quase nada. Não daremos nem mais um cêntimo para o peditório da hipocrisia.”

Sérgio Branco apelou aos enfermeiros para ganharem “consciência crítica individual e coletiva”, pois “o poder está na união de todos”.

Quanto aos temas em análise no encontro que reúne enfermeiros e alunos de enfermagem de todo o país, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal, Manuel Roque, espera que este seja o ponto de partida para dar respostas aos novos desafios que se colocam ao setor da enfermagem.

“É imprescindível aprofundar as temáticas dos cuidados paliativos, terapias integrativas, cuidados informais e envolvência com a comunidade num fórum com estas características, tendo em conta o papel privilegiado que os enfermeiros têm junto de quem procura os serviços de saúde.”

Para a enfermeira-diretora do CHS, Carla Mendes, os enfermeiros “devem estar capacitados para acompanhar estas mudanças”, bem como devem ter “sensibilidade para lidar e aceitar as novas perspetivas de cuidar do outro”.

Os cuidados paliativos, tendo em conta as práticas atuais no CHS e as perspetivas futuras, em Portugal e na Europa, estiveram em destaque no período da manhã das 3.as Jornadas de Enfermagem do CHS, trabalhos que continuam à tarde, a partir das 14h30, com uma conferência conduzida pela psicóloga Helena Marujo sobre “O futuro da saúde: felicidade pública, bens relacionais e organizações virtuosas”.

Segue-se, entre as 15h15 e as 17h00, uma reflexão sobre os temas das novas dimensões terapêuticas, espiritualidade nas organizações, terapêuticas integrativas e o impacte do ambiente hospitalar nos cuidados de enfermagem.

O encontro prossegue amanhã, a partir das 09h00, com um painel “Criar pontes no cuidar, uma janela de oportunidades – intervenções de enfermagem”, na parte da manhã, e com a reflexão sobre “Cuidar dos que cuidam: os cuidadores informais e formais”, no período da tarde, entre as 15h00 e as 16h30, a que se segue a sessão encerramento.