João Paulo Cotrim, curador, juntamente com José Teófilo Duarte, das mostras a apresentar, sublinhou que a linha conceptual do evento “mantém-se em relação ao ano passado, ou seja, celebrar o trabalho de ilustradores mais clássicos, caso de Luís Filipe Abreu, e o dos mais contemporâneos, como Nuno Saraiva”.

O certame, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal em parceira com a DDLX Design Comunicação e a Abysmo Editora, foi apresentado oficialmente ao final da manhã de dia 5, na Casa da Cultura, num encontro que contou também com as participações do vereador da Cultura, Pedro Pina, e de José Teófilo Duarte.

“Temos 16 frentes expositivas. É muita exposição!”, constatou, em tom de humor, Teófilo Duarte, que destacou as mostras de Nuno Saraiva e de Luís Filipe Abreu como alguns dos eventos mais relevantes do certame.

Num exemplo criado a partir de “Fónix”, a exposição de Nuno Saraiva a visitar na Casa da Cultura, em Setúbal, e nos recém-remodelados Lavadouros de Azeitão, em Vila Nogueira, o curador salientou que, “tal como no ano passado com André Carrilho, estas são exposições compreensivas do ilustrador”, pois “é fácil para o público perder a noção do todo em relação a artistas como estes, que têm ilustrações dispersas em tantos meios e publicações”.

Entre as várias mostras que integram o programa, o vereador Pedro Pina sublinhou o envolvimento da comunidade local com o evento, em particular, das escolas.

“Muitos jovens já tiveram, entretanto, contacto com ilustradores, como o Nuno Saraiva, que andou a deambular por vários pontos do concelho. Esta é uma das apostas deste projeto, fazer da comunidade escolar um interveniente ativo, sabendo que se está a contribuir para a formação de um público para daqui a vinte anos, assim como a potenciar o aparecimento de criadores no país. Este é um projeto claramente com futuro”, frisou o autarca sobre o certame que arrancou em 2015 e tem como imagem de marca o desafio “É preciso fazer um desenho?”.

“Quase me atreveria a dizer se não valeria a pena trocar o ponto de interrogação por um de exclamação”, brincou Pedro Pina, numa forma de fazer ver a importância com que o certame já afirmou no contexto nacional e que faz de Setúbal a capital da ilustração em Portugal.

A Festa da Ilustração é constituída por um conjunto de eventos prontos a captar a atenção do público.

Um desses eventos é a mostra de ilustração de Luís Filipe Abreu, artista com uma longa carreira e responsável, entre muitos outros trabalhos, pela criação de centenas de selos, vários deles premiados, assim como de notas do Banco de Portugal, caso concreto da antiga nota de cem escudos, em que figurava Fernando Pessoa.

A mostra está patente no Teatro de Bolso, instalações cedidas pela Câmara Municipal para funcionamento do TAS – Teatro Animação de Setúbal, e abre ao público no dia 9, numa exceção à data da maioria das inaugurações, praticamente todas previstas para 1 de junho.

Apenas “Fónix”, de Nuno Saraiva, tem abertura agendada para outro dia, 3 de junho, às 24 horas, na Casa da Cultura. “Tal como aconteceu com a de André Carilho na edição anterior, achámos que seria interessante repetir uma inauguração à meia-noite. Até porque a experiência anterior teve uma afluência de público impressionante”, reforçou Teófilo Duarte.

A Casa da Baía, na Avenida Luísa Todi, vai hospedar uma outra repetição no evento. Trata-se do regresso da coletiva de contemporâneos Ilustração Portuguesa, uma iniciativa que fez parte da edição inaugural do certame e que se inspira na mostra homónima que marcou a agenda cultural portuguesa no final dos anos 90.

Além de Teófilo Duarte e João Paulo Cotrim, Nuno Saraiva e o diretor de arte e investigador Jorge Silva fazem uma seleção dos trabalhos finais a expor nesta mostra, que procura reunir um conjunto de obras de referência de diferentes áreas da ilustração, desde que aplicadas em meios como imprensa, internet, literatura e exposições.

A Festa da Ilustração conta, também, com o regresso de André Carrilho a Setúbal, presente no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em data ainda a confirmar, para desenhar ao vivo.

O ilustrador vai terminar em Setúbal o projeto “Desenhar em Cima da Conserva”, com origem na loja Conserveira de Lisboa, e que, ao longo de um ano, desafiou um conjunto de artistas plásticos a, todos os meses, contribuírem com fragmentos para uma história que será publicada em livro durante o verão.

O certame acolhe, igualmente, no Teatro de Bolso, o trabalho de Luís Afonso, nomeadamente os famosos cartoons humorísticos “Bartoon”, que há cerca de vinte anos figuram no jornal “Público”.

Numa outra exposição, a coletiva “Daqui e de Agora – O Lugar do Desenho”, dez ilustradores setubalenses ou residentes no concelho apresentam, no Palácio Fryxell, no centro da cidade, diferentes interpretações sobre o tema da indústria das conservas de peixe.

O Museu do Trabalho recebe igualmente uma outra mostra coletiva, “Resumo da Matéria Dada”, constituída por clássicos da ilustração dedicados ao 25 de Abril.

O desenho de João de Azevedo, autor da capa do disco “Com as Minhas Tamanquinhas”, de José Afonso, está patente ao público na Casa da Cultura, enquanto na renovada Biblioteca Pública Municipal de Setúbal se pode apreciar “Cadernos de Viagens”, mostra de vários autores, com diferentes nacionalidades, sobre Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês que passou por Setúbal há 130 anos.

Na Casa da Avenida, na Avenida Luísa Todi, lança-se um outro desafio. “É preciso contar uma história?” vai acolher durante todo o mês de junho exposições orientadas para o público infantil, nomeadamente de Planeta Tangerina e Gémeo Luís, visitas guiadas e ateliers, assim como sessões de leitura com Madalena Matoso e Yara Kono.

Na órbita da Festa da Ilustração giram ainda várias outras atividades.

“TPC” é uma mostra patente nos claustros do Instituto Politécnico de Setúbal constituída pelos melhores trabalhos de alunos de escolas superiores de artes.

Numa experiência inovadora em Setúbal, reclusos do estabelecimento prisional local também participam no certame.

No Museu do Trabalho e na sala de visitas do Estabelecimento Prisional de Setúbal podem ser apreciados os diferentes trabalhos propostos. O vereador Pedro Pina sublinhou que esta atividade é uma demonstração de que, “mesmo na condição de recluso, se pode dar um contributo para uma visão sobre a sociedade”.

A Festa da Ilustração de 2016, com o programa final a fechar brevemente, terá um catálogo abrangente de todas as iniciativas previstas e propõe, ainda, à população escolar do concelho, através da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, o desafio de apresentar desenhos sobre como veem o futuro. O melhor trabalho será posteriormente cunhado.

Ainda no âmbito da comunidade escolar, em armazéns defronte da Lota de Setúbal, são apresentados desenhos de alunos da região que fizeram retratos de Bocage e é dada a oportunidade a alunos de artes do ensino secundário exporem pela primeira vez os seus trabalhos ao público.

O vereador da Cultura destacou, igualmente, o envolvimento dos comerciantes da Baixa comercial de Setúbal com a Festa da Ilustração, algo demonstrativo “da enorme aceitação do evento por todos os que fazem o concelho”.

Mais de setenta lojas da Baixa expõem nas vitrinas ilustrações que constituíram uma edição especial do Diário de Notícias, em 2015, em referência à Festa da Ilustração.

O periódico repete a iniciativa este ano, com uma edição especial de referência ao certame setubalense, em que todas as peças noticiosas são acompanhadas exclusivamente por ilustrações.

Cravo. 25 de Abril

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

TRANSMISSÃO EM DIRETO
DA SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

25 de Abril . 10h00 . Fórum Municipal Luísa Todi

Cravo. 25 de Abril