“Os incêndios florestais são uma pequena parte do trabalho que os bombeiros desenvolvem durante todo o ano” e, por isso, “é necessário um apoio mais permanente”, afirmou a autarca na apresentação do instrumento de proteção civil, que decorreu no Cinema Charlot – Auditório Municipal.

Em matéria de proteção civil, a Câmara Municipal de Setúbal não poupa esforços, vincou Maria das Dores Meira. “Investimos intensamente no corpo de bombeiros, com a renovação de equipamentos e com uma nova recruta. Apoiamos financeiramente os voluntários para que possamos ter um dispositivo mais forte e mais pronto.”

A autarca lamentou que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 2017 “não preveja apoios às equipas de sapadores” de Setúbal e deixou críticas à nova lei de financiamento que penaliza os voluntários. “Têm as mesmas necessidades e, quando vão para a frente de fogo, estão nas mesmas circunstâncias de todos os outros.”

Na sessão, que contou com a presença do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, entre outras individualidades com responsabilidade em matéria de proteção civil, a presidente da autarquia apontou ainda um conjunto de falhas ao sistema que urge corrigir.

Maria das Dores Meira frisou que os munícipes do concelho são duplamente penalizados. “Pagam mais do que os outros para ter uma companhia profissional detida pela autarquia mas os seus impostos acabam por não ser utilizados para apoiar os seus bombeiros.” 

A edil vincou, igualmente, a necessidade de resolver a questão das progressões na carreira, que afeta todas as companhias profissionais de bombeiros do país. “Estão a limitar seriamente a renovação das chefias do nosso corpo de bombeiros e, naturalmente, o seu desenvolvimento.”

A classificação do risco de incêndio florestal na área da freguesia de Azeitão, dentro do Parque Natural da Arrábida, foi outra das preocupações manifestadas. “Está classificada como de risco médio de incêndio florestal, enquanto a de Setúbal é de risco elevado. Há qualquer coisa aqui que não está bem.”

Sobre esta questão, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Campos, concordou, anunciando que a “Autoridade Nacional de Proteção Civil já está a proceder à retificação dos índices de risco de incêndio florestal”, não apenas em Azeitão como noutros pontos do país.

O governante acrescentou que o Estado está igualmente a trabalhar na correção das desigualdades registadas entre bombeiros, concretamente com a “integração de sapadores e voluntários, da mesma forma e nas mesmas condições, dos operacionais no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 2017”.

Jorge Campos apontou ainda uma série de novidades relativamente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 2017, nomeadamente “uma aposta mais forte no ataque inicial a incêndios florestais, para que estes não se propaguem e atinjam maiores proporções”.

O secretário de Estado anunciou ainda que o dispositivo para este ano vai contar com “um helicóptero de coordenação dedicado”, com uma “maior integração das forças armadas”, concretamente em ações de vigilância e rescaldo de incêndios, e com o “pré-posicionamento de equipas em distritos tendencialmente mais críticos”.

Outra das novidades diz respeito à alimentação, com os bombeiros a passarem a dispor, a partir deste ano, de um kit alimentar. “Permite a autossuficiência para 24 horas”, explicou Jorge Campos, que deixou a promessa de revisão da diretiva financeira de forma a assegurar as necessidades dos bombeiros durante todo o ano.

O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 2017, assim como as especificidades do Plano de Operações Distrital foram apresentados pelo comandante operacional distrital do Comando Distrital de Operações de Socorro de Setúbal, Elísio Lázaro de Oliveira.

Trata-se de um instrumento criado no âmbito do sistema integrado de operações de proteção e socorro que garante em permanência, ao longo de todo o ano, a resposta operacional adequada e articulada de forças de proteção e socorro em conformidade com os graus de gravidade e probabilidade de incêndios florestais.

O dispositivo definido para 2017 mantém as cinco fases de perigo, em concreto a Alfa, de 1 de janeiro a 14 de maio, a Bravo, de 15 de maio a 30 de junho, a Charlie, de 1 de julho a 30 de setembro, a Delta, de 1 a 31 de outubro, e a Echo, de 1 de novembro a 31 de dezembro.

Já o Plano de Operações Distrital constitui uma ferramenta de planeamento, organização e coordenação e comando operacional do dispositivo distrital que regula a coordenação institucional entre os diversos agentes que concorrem para a defesa da floresta contra incêndios.

Relativamente à fase Charlie, considerada a mais crítica no que concerne a incêndios florestais, o plano nacional integra 2065 recursos técnicos terrestres, 9740 operacionais e 236 postos de vigia. Inclui, ainda, 678 equipas de vigilância, 362 equipas de vigilância e ataque inicial e 1215 equipas de combate.