A garantia foi deixada na sessão de abertura do I Encontro das Unidades de Saúde Pública da Península de Setúbal, que decorreu ao longo do dia no Fórum Municipal Luísa Todi, com o objetivo de refletir sobre novos caminhos para uma melhor prestação de cuidados de saúde.

Na iniciativa, organizada pelas unidades de saúde pública Arrábida, Arnaldo Sampaio e Higeia, com o apoio, entre outras entidades, da Câmara Municipal, a autarca deixou claro que o município continuará a opor-se ao encerramento de centros de saúde, bem como a defender “a manutenção de todas as valências no Centro Hospitalar de Setúbal e o desenvolvimento da rede de cuidados continuados”.

Para Maria das Dores Meira, “é fundamental um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde, a par do aumento do número de profissionais em todas as áreas dos cuidados de saúde”.

A autarca defende a adoção de uma política de saúde que dê primazia aos cuidados primários, nomeadamente com a construção de novos centros de saúde no concelho, em Azeitão e no Bairro Santos Nicolau.

Importante é também, reforçou, a reabilitação e requalificação dos equipamentos de saúde existentes e a melhoria das condições de instalação e funcionamento dos centros de saúde da Praça da República (beira-mar) e de Vale do Cobro. 

O investimento na prevenção das dependências e na efetiva promoção da saúde mental são outras preocupações da Câmara Municipal de Setúbal, com Maria das Dores Meira a garantir o empenhamento “na concretização de uma melhor cidade, de um melhor concelho, objetivo para que, necessariamente, contribuem estas ações na área da saúde”.

A autarca assegurou ainda a disponibilidade do município no apoio a todos os que, nas unidades de saúde pública, se empenham diariamente para que os cuidados prestados aos munícipes sejam cada vez mais qualificados e de mais fácil acesso.

“A existência de um Serviço Nacional de Saúde público, gratuito e de qualidade continua a ser, para nós, um pilar fundamental da sociedade portuguesa. Foi uma conquista da revolução de Abril que tudo faremos para manter viva, insistindo no inalienável direito que todos os portugueses têm a cuidados de saúde.”

O encontro, com enfoque na reflexão e no debate sobre a comunicação, participação e compromisso do Plano Local de Saúde, é igualmente um dos últimos eventos em que Francisco George, que cessa funções no dia 20, surge na qualidade de diretor-geral da Saúde, facto assinalado por Maria das Dores Meira.

“Sabemos que termina as suas funções, mas temos a certeza de que não termina o seu trabalho, que continuará a desenvolver noutras áreas ligadas a este setor com a mesma qualidade e assertividade a que nos habituou.”

Na hora da despedida, Francisco George, que participou no primeiro painel dos trabalhos, sobre “Mudanças e Evolução na Direção-Geral da Saúde”, deixou o alerta para o “imenso trabalho que as equipas de saúde pública têm pela frente, nos próximos cinco anos”.

A emergência do reaparecimento de doenças transmitidas por vetores, a resistência dos microrganismos aos antibióticos e a frequência das doenças cérebro-cardiovasculares aliadas à falta de promoção de estilos de vida saudáveis são as principais preocupações apontadas pelo responsável.

“É, sobretudo, nas doenças cérebro-cardiovasculares que nos devemos centrar, para reduzir os números da mortalidade antes dos 70 anos e aumentar a esperança de vida. É este o grande objetivo da saúde pública, ou seja, prolongar a saúde dos portugueses, da população inteira, investindo mais nos que mais precisam”, afirmou Francisco George.

Estas questões integram os princípios orientadores da reforma da saúde pública, atualmente em curso, e do Plano Nacional de Saúde, que, segundo o diretor executivo, Rui Portugal, apresenta um novo modelo de governação dos programas de saúde prioritários que “é um marco relativamente ao passado”.

A redução da mortalidade prematura para um valor inferior a 20 por cento e o aumento da esperança média de vida saudável aos 65 anos em 30 por cento são dois dos principais objetivos do Plano Nacional de Saúde, implementado através de estratégias locais, os Planos Locais de Saúde.

De assinalar a realização de uma pequena homenagem a Francisco George com a entrega de lembranças institucionais, o cumprimento de um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios dos últimos dias e um apontamento musical pelo grupo de jazz do Externato Rumo ao Sucesso.

Na parte da manhã houve ainda a discussão do tema “Reforma, que oportunidades para a Saúde Pública”, com Rui Calado, delegado de saúde coordenador do ACES Médio Tejo, Sérgio Sousa, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, Sílvia Silva, da Associação Portuguesa de Saúde Ambiental, e Hugo Nereu, engenheiro sanitarista na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

De tarde, foram entregues os prémios aos melhores cartazes a concurso no I Encontro das Unidades de Saúde Pública da Península de Setúbal e houve lugar à reflexão sobre “Planos Locais de Saúde da Península de Setúbal, novas perspetivas”, com intervenções de responsáveis pelas unidades de saúde pública Arrábida, Arnaldo Sampaio e Higeia.

Os comentários finais da iniciativa estiveram a cargo do delegado regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval.