Na sessão de abertura da iniciativa, “que demonstra grande regularidade na relação da Câmara Municipal com os dirigentes associativos”, Augusto Flor, presidente da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, sublinhou que “o movimento associativo é um poder local”, considerando ser crucial o envolvimento em rede com instituições representativas dos restantes poderes sociais.

“É importante que os dirigentes tenham noção da rede em que trabalham e que tirem proveito dela”, concluiu.

O vereador Manuel Pisco, da Câmara Municipal de Setúbal, reforçou igualmente na sessão de abertura a noção de que o trabalho em equipa é vital para o desenvolvimento do associativismo. “A ideia-chave no trabalho social é de que a união faz a força”, frisou, acrescentando que a Autarquia, consciente da importância do movimento associativo e do respetivo trabalho em rede, dá “apoio logístico a 155 eventos promovidos por coletividades no concelho, fora os apoios financeiros”.

Para Manuel Pisco, “o que as associações fazem é uma verdadeira ação de inclusão social” e o apoio ao associativismo representa uma medida basilar para “uma Setúbal mais rica e mais dinâmica”, combatendo, em contraciclo, “o empobrecimento e a crise”.

Enquadrando o papel das associações com a conjuntura económica nacional, Augusto Flor sublinhou que, “independentemente das circunstâncias financeiras atuais, é importante dizer que o movimento associativo não tem qualquer responsabilidade na situação atual do País, antes pelo contrário”.

O dirigente reforçou que a aposta no trabalho em rede é ainda mais relevante na atualidade, sendo necessário “tirar rentabilidade dos meios disponíveis, sem desperdícios”.

O encontro incluiu a realização de vários painéis de debate, o primeiro dos quais subordinado ao tema “Que futuro para o trabalho em rede?”, o qual contou com a participação de Isabel Vieira, da Universidade Católica Portuguesa, palestrante que acredita ser necessária a criação de um novo paradigma de organização em rede.

“Não trouxe respostas, apenas perguntas”, ressalvou, adiantando, em contraponto, que “intervenção local deverá ser participativa e inclusiva” e que “sem compromisso pessoal nada pode mudar”, considerando que todos os cidadãos “são responsáveis pela sociedade em que vivem”.

No segundo painel, dedicado a “Práticas de trabalho em rede I”, Pedro Soares, da Experimentáculo, salientou que “trabalhar em rede, principalmente nos dias de hoje, deve ser tão natural como respirar” e apresentou um exemplo prático da associação que dirige, baseado no intercâmbio de jovens de diferentes países europeus e os projetos que dessa troca cultural já foram realizados.

Isabel Monteiro, da NPISA – Núcleo de Intervenção e Planeamento – Sem Abrigo, explicou, no mesmo painel, que é “extremamente importante o funcionamento da NPISA com a rede de instituições pública e privadas parceiras do projeto, principalmente num cenário de orçamento zero, que é o caso deste núcleo”.

O trabalho em parceria e de troca de mais-valias entre instituições é um fator relevante sublinhado pela maioria dos palestrantes.

Leonel Silva, do Clube de Ténis de Mesa de Setúbal, último orador do segundo painel do encontro, salientou que, “das dez mesas do clube, apenas uma foi adquirida pela coletividade. As restantes, tal como bolas, raquetes e outros materiais, resultam das parcerias e do trabalho em rede”.

O vereador Carlos Rabaçal apresentou, ao final da manhã, o programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, sublinhando a importância do trabalho em rede que está a ser realizado com os moradores de cinco bairros, incluindo a Bela Vista, com o objetivo de reabilitar o espaço habitacional e a imagem daquela zona da cidade.