“Setúbal, Porto e Cidade – Crescer em Conjunto” foi o tema central do encontro, realizado no Fórum Municipal Luísa Todi, que refletiu sobre as estratégias e soluções de crescimento em matérias como a atividade portuária, o turismo marítimo, a náutica de recreio e o desporto náutico.

Uma dessas estratégias tem vindo a ser desenvolvida pela Câmara Municipal de Setúbal em conjunto com a APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra com o objetivo de valorizar a frente ribeirinha da cidade.

As duas entidades delinearam uma estratégia comum que “tem como prioridades fomentar a ligação a Troia e desenvolver a náutica de recreio e o turismo náutico”, sublinhou a vereadora das Atividades Económicas da autarquia, Carla Guerreiro, que interveio na sessão de abertura.

A autarca defendeu a “necessidade de potenciar novas oportunidades para o turismo náutico”, através da identificação de novos locais onde poderão ser instaladas infraestruturas para o apoio às atividades náuticas e da valorização das instalações já existentes.

Com o turismo em crescimento no país e no concelho, Carla Guerreiro entende ser necessária uma reflexão sobre a possibilidade de criar mais e melhor oferta e “condições para um desenvolvimento sustentado através da estratégia comum que tem vindo a ser trabalhada pela autarquia em conjunto com a APSS”.

Nesse sentido, José Fernando Gonçalves, assessor municipal para a área do Turismo, anunciou que o concurso para a Marina de Setúbal será lançado ainda este ano e que, sempre em consonância para a APSS, serão instalados cais de atracagem em vários locais, como o Portinho da Arrábida.

“Há muito trabalho que está a ser feito em conjunto e todas as decisões são tomadas em conjunto”, reforçou o técnico municipal.

Outra consequência desta estratégia comum é o facto de Setúbal estar a preparar-se para receber o primeiro cruzeiro em março de 2018, o que “terá reflexos no turismo da região”, bem como noutras atividades económicas, já que o navio “vai depois entrar para reparação na Lisnave”.

José Gonçalves garantiu ainda que a passagem da gestão das praias da Arrábida para a Câmara Municipal, concretizada em protocolos celebrados este ano, tem sido decisiva para melhorar as condições de zonas balneares como a Albarquel que “no próximo verão terá saneamento básico pela primeira vez em quarenta anos”.                     

De sublinhar, igualmente, que o EcoParque do Outão estará “a funcionar em pleno, com todas as valências abertas, a partir de 1 de março de 2018”.

Do lado da APSS, a presidente do conselho de administração, Lídia Sequeira, assegurou que a parceria com a Câmara Municipal tem sido “indispensável a uma cidade que tem o quarto maior porto do país, assim como o porto tem o privilégio de ter em redor uma cidade em crescimento, com um grande capital turístico e know-how”.

O porto de Setúbal, que movimenta sete milhões de toneladas de mercadorias por ano essencialmente para exportação, está a apostar em “reafirmar a sua posição nas cadeias logísticas e no desenvolvimento turístico, contribuindo para dinamizar a economia regional e nacional”.

Nesse sentido, estão em curso investimentos de 25 milhões de euros na melhoria dos acessos marítimos, que vão permitir “aumentar a operacionalidade e a segurança”, e na melhoria dos acessos ferroviários à zona central do porto, nomeadamente com a eletrificação do troço final, o que será “muito importante para a competitividade”.

A modernização dos sistemas de informação portuária, com medidas como a janela única portuária, a janela única logística e a modernização do sistema de VTS, é outro investimento fundamental.

“O nosso objetivo é incluir o porto de Setúbal na plataforma logística global dos grandes operadores mundiais, de forma a que o porto seja considerado um acelerador de negócios mais eficiente e sustentável e uma área de negócios no atlântico.”

Já Augusto Mateus, que encerrou o seminário com a apresentação do tema “Aprofundar estratégias comuns – entre os planos estratégicos dos portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra e do Município de Setúbal, sublinhou que Setúbal “deve ter capacidade para prosseguir uma estratégia baseada na internacionalização”, para “aproveitar as oportunidades que estão a ser criadas com o desenvolvimento turístico”.

O economista, professor e consultor salientou que deve ser feita uma aposta numa interligação entre o Tejo e o Sado, que, “juntos, têm um posicionamento forte, que pode rivalizar e ser mais positivo do que locais como Hamburgo”.

Assim, são necessários investimentos e estratégias a longo prazo que “valorizem a ligação entre o Tejo e o Sado, focadas na internacionalização, para responder à procura turística e criar oferta diferenciadas”.

Participaram ainda como oradores no seminário o administrador da Lisnave, José Rodrigues, e o presidente da Sapec, Antoine Velge, que integraram o primeiro painel, no qual interveio Lídia Sequeira, com o tema “Setúbal: uma estratégia de reforço da atividade portuária – reflexos na economia da cidade e da região” e moderação do subdiretor do Jornal de Negócios, Celso Filipe.

O segundo painel, com o tema “Turismo Marítimo, Náutica de Recreio, Desporto Náutico – concretizar soluções”, contou, além de José Gonçalves, com alocuções de Pedro Vale, da empresa Boatcenter, e de José Rodrigues, consultor de planeamento urbano. A moderação esteve a cargo do chefe da Divisão de Turismo Marítimo da Administração do Porto de Lisboa, Nuno Almeida.

Após a intervenção final, por Augusto Mateus, houve lugar a uma degustação de produtos do mar, dinamizada pela DocaPesca.

A Semana do Mar Setúbal 2017, uma organização conjunta da Câmara Municipal e da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, a decorrer até dia 8, inclui ainda um vasto conjunto de iniciativas, como visitas aos navios Sagres, Creoula, Santa Maria Manuela e Vera Cruz.

Veleiros ao luar com street food e música, batismo de mar passeios de barco fazem igualmente parte do programa dinamizado em colaboração com a Aporvela, a Marinha Portuguesa e outros parceiros, como associações náuticas, culturais e outras entidades relacionadas com a designada economia do mar.