O Parque Urbano da Várzea, projeto em desenvolvimento numa área com quase 20 hectares, é um exemplo de como um espaço verde pode assumir um papel importante na preservação de fauna e flora espontânea e autóctone em ambiente urbano.


No âmbito da estratégia da Câmara Municipal de Setúbal de criação de novos espaços verdes e na manutenção do património natural do concelho, o Parque Urbano da Várzea beneficiou, numa primeira fase, da plantação de seis centenas de árvores de diferentes espécies e cerca de 26 mil arbustos.

Nesta ação incluem-se 50 oliveiras centenárias, transplantadas de Azeitão, e três zambujeiros, provenientes do terminal de autocarros da Várzea.

Estão previstas mais plantações de árvores e arbustos, cuja manutenção é feita de forma diferenciada, no período da primavera, para permitir o crescimento de faixas de vegetação espontânea autóctone.

A principal função desta vegetação é a de fornecer alimento e abrigo a uma fauna diversificada de insetos, roedores, aves e répteis que adotaram o futuro Parque Urbano da Várzea como habitat.

De forma a preservar e a manter estas espécies vegetais, a autarquia tem vindo a criar as condições necessárias para que todas as plantas existentes nas faixas naturalizadas na Várzea desenvolvam o ciclo vegetativo normal.

Foram definidas como áreas primordiais para a preservação de vegetação espontânea as faixas existentes em taludes e as que se encontram paralelas a linhas de água.

Nestes locais não se realizam cortes mecânicos antes da floração e do desenvolvimento e queda da semente para permitir o desenvolvimento do ciclo vegetativo.

No que diz respeito às faixas em talude ao longo da Ribeira do Livramento, cerca de 1500 metros quadrados são alvo de manutenção diferenciada, com o objetivo de preservação deste património natural constituído por flora espontânea e respetiva fauna, principalmente insetos polinizadores.

Além de permitir a manutenção da flora e da fauna, a redução dos cortes de vegetação assegura a proteção de todos os taludes da erosão provocada pelas chuvas, uma vez que os sistemas radiculares das plantas existentes ajudam a fixar o solo nas zonas inclinadas.

Além do futuro Parque Urbano da Várzea, equipamento com funções de retenção de cheias na cidade e de área de lazer, com 19 hectares, a preservação do património natural inclui diversas ações em árvores plantadas em vários locais do espaço urbano de Setúbal.

O controlo biológico de pragas de afídios, que já abrangeu 430 árvores, desde 2016, e o controlo do escaravelho da palmeira, com ações em perto de três centenas de palmeiras desde 2010, são algumas dessas ações.

Relativamente à poda das árvores, a manutenção do arvoredo em parques, jardins e arruamentos de todo o concelho obedece a um conjunto de boas práticas que respeitam a espécie e a época adequada de poda e garantem a floração e a preservação da fauna.

Além disso, os restos de podas e de abate de árvores são reutilizados, uma vez que, desde 2017, passaram a ser estilhaçados e reintroduzidos na ornamentação de canteiros e adicionados a compostos de plantação.

A plantação de árvores em espaços verdes já existentes ou em fase de construção é outra prioridade da Câmara Municipal de Setúbal, com vários investimentos realizados nos últimos anos.

Em 2019, foi criado o novo circuito de manutenção da Quinta da Amizade com a plantação de cinco dezenas árvores de várias espécies autóctones, numa iniciativa que contou com o envolvimento voluntário dos moradores daquele local da freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra.

Em 2020, também na Quinta da Amizade, com o objetivo de criar as condições para a construção do futuro parque verde, foram plantadas 224 árvores de várias espécies autóctones.

No Parque Sant’Iago, a melhoria do espaço verde incluiu a plantação de 47 árvores e de mais de sete centenas de arbustos autóctones em zonas de encosta, para revestimento e fixação de solo e enriquecimento da flora e fauna existente.

Já este ano, o Ecoparque do Outão recebeu 17 novas árvores, além de arbustos e herbáceas de várias espécies autóctones com o objetivo de permitir o enquadramento paisagístico deste equipamento turístico municipal no Parque Natural da Arrábida.

Nos novos espaços verdes do concelho há sempre o cuidado de incluir várias espécies autóctones, sendo que, em 2020, este trabalho resultou na plantação de mais de quatro mil plantas, como alecrim, alfazema, murta e aroeira.

A autarquia desenvolve, igualmente, o esforço de contemplar arranjos paisagísticos nos projetos de requalificação da rede viária do concelho, como foi o caso da empreitada realizada na Avenida 22 de Dezembro.

A beneficiação desta importante artéria incluiu a criação de um separador central, no qual foram plantados 4182 arbustos e herbáceas para amenização da temperatura, absorção de poluição e proteção e ampliação do habitat de várias espécies de insetos.

No que diz respeito aos trabalhos realizados nos parques e jardins municipais já existentes são de salientar a substituição da antiga sebe do Parque do Bonfim por uma nova sebe com maior porte e resistência e a manutenção do prado florido do Museu de Setúbal/Convento de Jesus com o cuidado de minimizar cortes mecânicos de modo a preservar a fauna de insetos e a biodiversidade da flora.

De salientar que, desde 2015, foi abolida a utilização de herbicidas químicos nos parques do Bonfim, Algodeia e Vanicelos, com o objetivo de anular todos os riscos associados à aplicação destes produtos para os utilizadores, animais de companhia e fauna existente.