A capacidade de resposta do dispositivo de proteção civil a um acidente industrial grave foi testada ao limite no dia 16, no Mitrex 2018, exercício da Câmara Municipal de Setúbal realizado na Península Industrial da Mitrena.


Um descarrilamento ferroviário, seguido de derrame e dispersão de uma nuvem tóxica, concretamente amoníaco, foi o cenário simulado neste exercício com o envolvimento de cerca de seis mil pessoas que testou a capacidade interoperacional de resposta a uma situação de emergência.

A ocorrência, de elevado grau de complexidade, e com situações de crise injetadas durante o simulacro inspiradas no recente furacão “Leslie”, exigiu diferentes momentos de intervenção nas operações de proteção e socorro, sobretudo em termos de gestão.

No terreno, com cerca de meia centena de bombeiros em ação, as atenções estiveram centradas no descarrilamento ferroviário, de origem desconhecida, de um vagão cisterna, seguido de derrame e dispersão de uma nuvem de vapor de amoníaco que afetou tanto a zona industrial como a área habitacional.

“Foi um teste conduzido até ao limite das capacidades, com muitos desafios”, salientou o comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Paulo Lamego, sobre o Mitrex 2018, exercício enquadrado na necessidade de revisão do Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Setúbal.

O simulacro, com o envolvimento dos cerca de cinco mil trabalhadores que laboram na península industrial da Mitrena, contou com a participação de mais de seiscentos alunos do secundário, que atuaram como figurantes em operações no terreno, em cenários de retirada para pontos seguros e também para tratamento no Hospital de S. Bernardo.

Entre inúmeras situações simuladas, de evacuações em massa a ações em focos de incêndio e estruturas colapsadas, destaca-se a atuação do Grupo de Intervenção em Matérias Perigosas da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, a única em prontidão a sul do rio Tejo.

Esta equipa, responsável pela contenção da fuga de amoníaco no vagão cisterna, interveio mais em formato de “demonstração de capacidades”, até porque, frisou o responsável pelo comando operacional das operações em território abrangido pelo Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Setúbal, está “em treino constante”.

Paulo Lamego destacou ainda a importância do exercício para a identificação de eventuais lacunas no dispositivo estabelecido. “Houve coisas que correram menos bem e, por isso, o simulacro foi um sucesso, porque nos permite melhorar e estar mais preparados para qualquer situação.”

Sobre o acidente industrial simulado, o comandante dos Sapadores acrescenta que este pode vir a ser um risco real. “Esta é uma situação que não sai de nenhum imaginário. Pode um dia vir a acontecer e temos de estar preparados e capacitados para dar a melhor resposta possível.”

Paulo Lamego frisou ainda que o exercício teve como finalidade testar a ativação da Comissão Municipal de Proteção Civil, de forma a integrar os membros do Grupo Mitrena nos processos de apoio à tomada de decisão, treinar processos conjuntos e ensaiar o empenhamento simultâneo de equipas operacionais.

Nessa matéria, destacou, o exercício proporcionou “um momento de teste e de trabalho de importância fulcral entre os vários intervenientes na comissão, sobretudo na resposta da gestão da emergência, nas quais foi necessário, entre outras, estabelecer prioridades de intervenção”.