O Setlog 2014, apresentado dia 3 na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, corresponde ao primeiro acantonamento de proteção civil a realizar no País. O objetivo é avaliar a capacidade de reação dos diferentes agentes do serviço de proteção e socorro e, principalmente, sensibilizar a população para medidas corretas a tomar perante a ocorrência de um terramoto.

O exercício decorre ao longo de aproximadamente 24 horas, com início no dia 8, teoricamente cerca de 48 horas depois do registo de um sismo de 6.4 na escala de Richter, com epicentro na Ribeira de Coina, que provoca, em Setúbal, danos severos em 688 edifícios, 3709 desalojados e 821 feridos.

“Acima de tudo, porque é isso que se pretende com este tipo de iniciativas, vão testar-se as insuficiências do serviço de proteção civil”, sublinhou, na apresentação, o responsável pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros (SMPCB) de Setúbal.

José Luís Bucho adiantou que, “pela primeira vez, foi feito o convite a um grupo de voluntários [civis] para participar durante 24 horas num simulacro desta natureza, em que são acompanhados pela Proteção Civil durante 24 horas, tal como aconteceria numa situação real”.

O exercício, “que começou a ser preparado em outubro”, conta com o envolvimento de “um total de 300 a 320 pessoas”, entre voluntários e elementos da Proteção Civil.

Para a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, um sismo de magnitude alta “é um cenário bastante provável, que apresenta sérios desafios logísticos” e que os agentes de proteção civil vão tentar superar da melhor maneira, “com especial incidência nos serviços municipais”, em que serão testadas as capacidades e avaliadas “as fragilidades e necessidades”.

Um dos pontos que vão estar em especial análise é o próprio envolvimento dos voluntários e a respetiva capacidade de reação perante um cenário de calamidade como o que é proposto.

José Luís Bucho adiantou que estão inscritas várias dezenas de voluntários no Setlog 2014, “havendo mesmo famílias inteiras de quatro e cinco pessoas”, e lembrou que durante o exercício “não há computadores, televisões, consolas e, em determinados períodos, nem sequer telemóveis”.

Por este motivo, o SMPCB preparou várias atividades para ocupar os voluntários no decurso do exercício, que começa às 14h00 de dia 8 e termina às 13h00 de dia 9.

Interessados em participar no exercício ainda se podem inscrever, bastando, para o efeito, entrar em contacto diretamente com a Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal.

Duas provas de orientação pessoal, com duração de duas horas e meia, preenchem parte do período em que os voluntários vão contribuir para a realização do exercício.

O Setlog 2014 prevê igualmente a realização de sessões temáticas informativas para adultos e crianças, nomeadamente “Intervenção Civil em Cenário de Catástrofe”, “Plano Especial de Risco Sísmico para a Área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes”, “Primeiros Socorros – A Diferença que Salva”, “Desfibrilhação Automática Externa”, “Quando a terra tremer, o que fazer – Tinoni e Companhia”, “Ciência Viva – À descoberta da Terra: Sismos e Vulcões” e “Fogo Concelho”.

O programa do exercício inclui a pernoita dos participantes no Pavilhão Municipal João dos Santos e está previsto o fornecimento de jantar e pequeno-almoço a todos os voluntários.

Já no dia 9, realiza-se um exercício operacional da CBSS e da Força Especial de Bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil no Largo José Afonso, onde está também instalada uma exposição.

Maria das Dores Meira sublinhou ainda o envolvimento de várias entidades na concretização do exercício, uma vez que “gerir uma situação como esta é algo de bastante complexo, que mobiliza variadíssimos meios e recursos”.

Para que o Setlog se torne uma realidade, a organização conta com a participação da Cruz Vermelha, do Corpo Nacional de Escutas, da Associação de Escoteiros de Portugal, da Cáritas Diocesana, das Misericórdias de Setúbal e Azeitão, do Centro Regional de Setúbal da Segurança Social, da PSP, juntas de freguesia, bombeiros sapadores e voluntários de Setúbal e toda a estrutura da Câmara Municipal.

Maria das Dores Meira salientou que o Setlog “vai ajudar à compreensão em cada um nós de que há catástrofes que podem acontecer a qualquer instante”, além de que o exercício representa a imagem “de uma Proteção Civil consciente e responsável”.

Devido à dimensão do simulacro, o Setlog implica a intervenção da Comissão Municipal de Proteção Civil e a ativação do Plano Municipal de Emergência.

Na apresentação do Setlog 2014 estiveram também presentes o vereador responsável pelo pelouro da Proteção Civil, Carlos Rabaçal, e o comandante do Bombeiros Sapadores de Setúbal, Paulo Lamego.