O ensaio no equipamento instalado no cais da Secil permitiu analisar se a transmissão em tempo real do sinal proveniente do sistema de medição para o painel digital é fidedigna e demonstrar que a medição do nível do mar pode ser usada eficazmente como mecanismo de acionamento do sistema de alerta de tsunamis.

A experiência foi conduzida pela equipa técnica do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, entidade que desenvolveu o equipamento experimental, constituído por sistema de medição do nível do mar e por um painel digital informativo, este colocado no Parque Urbano de Albarquel.

O teste consistiu na simulação computorizada da elevação do nível do mar correspondente a um tsunami, num cenário criado a partir dos dados conhecidos aquando da ocorrência do terramoto de 1755 que devastou Lisboa e afetou gravemente Setúbal.

O exercício permitiu “testar, através de um novo software desenvolvido em laboratório, o sensor mecânico do sistema que controla o nível do mar e verificar se deteta, corretamente, a ocorrência de um tsunami”, explica Daniele Galliano, do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia.

No instante em que foi detetada uma elevação significativa do nível do mar, neste caso uma variação de 2,5 metros acima do normal, o sistema, desenvolvido em colaboração com a Câmara Municipal de Setúbal, a Proteção Civil, a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e a empresa Hidromod, acionou um alerta.

A informação foi transmitida para os investigadores do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, assim como para as entidades locais que integram este projeto. Confirmado o risco, a população é alertada, com um aviso a passar no painel digital instalado no Parque Urbano de Albarquel.

Estratégia, prevenção e responsabilidade foram razões invocadas pela presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, para a adesão do Município a este projeto pioneiro e de “fulcral importância para a proteção da cidade e dos habitantes” em caso da ocorrência de um tsunami.

“Há preocupações naturais na região que não podem passar despercebidas à Autarquia”, afirma a autarca, ao vincar o investimento municipal realizado na área da proteção civil nos últimos anos.

Maria das Dores Meira salienta que, em face das características da região, “Setúbal tem de estar preparada para este tipo de situação” e, como tal, a Câmara Municipal tem trabalhado em candidaturas a fundos comunitários para apetrechar a Proteção Civil e a própria cidade.

O dispositivo de alerta de tsunami, em testes na cidade desde 2011, pode ser ativado manual ou automaticamente. As autoridades responsáveis pela monitorização podem acionar remotamente o painel digital sempre que haja necessidade de evacuação.

Alternativamente, no caso de um tsunami gerado por um terramoto, o painel pode ser automaticamente ativado utilizando um software desenvolvido no Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia que estima a altura da onda e o tempo de deslocação com base no epicentro e magnitude do terramoto.

O dispositivo de alerta instalado em Setúbal integra o Modelo Global de Propagação de Ondas Tsunami, desenvolvido pelo Centro Comum de Investigação da Comunidade Europeia no contexto do Sistema de Coordenação e Alerta Global de Desastres.