A vereadora Carla Guerreiro, da Câmara Municipal de Setúbal, sublinhou, na abertura da mostra, patente até 8 de março, que é “mais que justa esta exposição”, pois é um dever “refrescar a memória de pessoas que ajudaram a construir a cidade”.

Francisca Ribeiro, técnica municipal, fez uma apresentação sobre a vida de Fran Paxeco às cerca de trinta pessoas presentes na inauguração de uma exposição que conta com vários objetos pessoais do diplomata, muitos deles doados pela neta, Maria Rosa Pacheco Machado, presente na inauguração.

A farda de cônsul, o quepe, luvas brancas de pele, um robe de seda, um colete, um encharpe de ceda, um corta-papéis, boquilhas, cigarreiras, um plastrão e uma bengala são alguns dos exemplos do que se pode descobrir na exposição, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal.

Quanto a documentos escritos, podem encontrar-se livros de poemas, notícias da autoria de Fran Paxeco e referentes a acontecimentos da sua vida – como a mudança de nome, o pedido de admissão na Casa Pia, registos de exames, entre outros –, passaportes diplomáticos, a caderneta militar, diplomas de funções públicas e mesmo comprovativos de que lecionou nos ensinos secundário e superior. 

Após a inauguração foi realizada uma conferência sobre a vida do ilustre setubalense pelo estudioso de história e património locais António Cunha Bento, da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, instituição que também doou alguns dos objetos presentes na exposição.

A mostra, de entrada gratuita, aberta ao público de terça a sexta-feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e ao sábado da parte da tarde, dá a conhecer o percurso pessoal e profissional de Fran Paxeco, nascido a 9 de março de 1874.

O setubalense inicia aos 16 anos a carreira jornalística decidido a defender desde logo os ideais da República. Com esta idade “fundou ‘O Elmano’ e tinha a noção de que o jornal nasceria e morreria no mesmo dia por causa dos seus ideais republicanos”, salientou António Cunha Bento.

Um artigo que escreve sobre uma disputa entre o rei D. Carlos e o comandante das guardas municipais leva-o a deixar o País para evitar ser preso, chegando ao Brasil em 1895.

Ao longo da vida, o jornalista está associado à fundação e colaboração com diversas instituições e associações, escrevendo para vários periódicos em Portugal e no Brasil, entre os quais “O Elmano”, “O Setubalense” e “A Vanguarda”. Distingue-se sempre nos lugares onde vive pela dinamização cultural e comercial que imprime.

Após a implantação da República, Teófilo Braga nomeia-o cônsul em S. Luís do Maranhão e, posteriormente, desempenha a mesma função em Belém do Pará, igualmente no Brasil, e em Cardiff, País de Gales, e Liverpool, Inglaterra. Chega a ser secretário do Presidente da República Bernardino Machado.

Jornalista, diplomata, professor e escritor, publica mais de sessenta títulos sobre história, literatura e economia, distribuídos por artigos em jornais, revistas e livros, sendo o mais conhecido localmente “As Figuras Célebres de Setúbal”, de 1930.

Fran Paxeco, falecido em Lisboa a 17 de setembro de 1952, dá o nome à antiga Rua Direita do Troino e, no Brasil, à Praça do Comércio, em S. Luís do Maranhão, a algumas vias em São Paulo e no Cruzeiro do Sul-Acre e à Biblioteca do Grémio Literário Português em Belém do Pará.

Em Setúbal, consta ainda no Tríptico dos Setubalenses Ilustres, do pintor Luciano dos Santos, patente no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

 

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