O fenómeno da street art em Portugal centra atenções, ao longo do dia 22, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, num encontro com artistas, autarcas, agentes socioculturais e académicos, que refletem sobre as várias dimensões deste movimento.


Na abertura do encontro “Impactos da Street Art”, organizado pelo Instituto Politécnico de Setúbal em parceria com a Câmara Municipal, o vereador da Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclusão Social no município sadino, Pedro Pina, destacou a importância da iniciativa para melhor compreender este fenómeno.

“Permite alargar o conhecimento, refletir e analisar as diferentes dimensões deste movimento”, afirmou o autarca. “Setúbal tem acolhido, nos últimos anos, em particular no espaço público, diferentes manifestações artísticas de street art.”

Artistas ou marginais? Legal ou ilegalidade? Estas são algumas das inquietações que motivam o encontro que reúne um conjunto “de gente conhecedora sobre esta matéria e que promove, em simultâneo, a interação e o debate entre aqueles que, literalmente, têm a lata na mão”, vincou Pedro Pina.

O movimento não se cinge à criação artística. “Tem, igualmente, implicações culturais, sociais e económicas na sociedade e, por isso, é fundamental esta reflexão”, apontou o autarca, para acrescentar que “a street art já ultrapassou as fronteiras exclusivamente urbanas”.

Para o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos, a street art “é um movimento amplo e, de certa forma, emergente, que importa continuar a investigar pelas múltiplas repercussões que tem na sociedade”, nomeadamente na requalificação urbana e como forma de expressão artística.

Neste sentido, anunciou que o Instituto Politécnico de Setúbal vai promover um concurso no âmbito das comemorações dos 40 anos da instituição para pintura da fachada, com diferentes expressões artísticas e criativas, de um dos edifícios do campus.

O encontro “Impactos da Street Art” resulta de uma investigação académica liderada por Luís Souta, docente na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. “É um estudo que procura contribuir para alargar o conhecimento da street art enquanto arte emergente”, adiantou o professor e investigador.

O encontro continuou com “Street Art e os impactos artísticos”, o primeiro tema em reflexão na iniciativa, com intervenções de Ivo Santos (smile1 art), José Carvalho (Ozearv) e Tiago Proença (Tiago Hesp), que abordaram, na primeira pessoa, as experiências deste movimento.

Seguiu-se o painel dedicado às “Autarquias e os impactos socioeconómicos”, com a participação de eleitos das câmaras municipais da Moita, de Cascais e de Loures.

Na parte da tarde, o encontro reserva intervenções subordinadas ao tema “Associações culturais e de moradores e os impactos culturais”, com a apresentação de projetos comunitários desenvolvidos em Lisboa, Loures e Setúbal.

“Académicos e a análise dos impactos” dá tema a um debate conduzido com intervenções do geógrafo André Carmo, da historiadora de arte Ana Pinto e das sociólogas Ágata Dourado Sequeira e Letícia do Carmo.