A coordenadora Narcisa Costa sublinha que o festival foi “um sucesso a todos os níveis”, acrescentando que os vários espetáculos realizados contaram com a presença de “muito público”, frisando, sobretudo, a notória “evolução desde a primeira edição, existindo um grande sentimento de satisfação”.

O Festival de Música de Setúbal, que concilia no programa performances de artistas de renome, com concertos protagonizados por crianças e adultos de diferentes origens sociais e culturais do Concelho, contou, inclusivamente, com alguns momentos de emoção.

Um dos melhores exemplos foi o concerto “A Visita de Hans Christian Andersen”, realizado no dia 1 ao final da tarde, no Auditório da Anunciada, no qual atuaram alunos do Grupo de Música Contemporânea do Conservatório Regional de Setúbal em conjunto com utentes do externato de ensino especial “Rumo ao Sucesso”.

Mais de uma dezena de jovens, entre candidatos ao ensino superior de música e, em contraste, com necessidades de educação especial, apresentaram o conto do escritor dinamarquês “Dança, Dança Bonequinha”.

António Laertes, que dirigiu o grupo do Conservatório Regional, sublinhou no final da atuação que a cooperação com os utentes do Rumo ao Sucesso “não foi nada difícil”, resumindo que “foi tudo uma experiência humana absolutamente fantástica”.

A diferença de capacidades entre os jovens nunca foi entrave para a concretização do projeto. “A música é uma linguagem universal. Quando os alunos do Conservatório se enganavam nos ensaios eram imediatamente corrigidos pelos jovens do Rumo ao Sucesso”, observou António Laertes.

A atuação com cerca de uma hora de duração surgiu como fruto de apenas dois meses de trabalho e “tudo de uma forma natural, sem qualquer tipo de dificuldade”, salientou Pedro Condinho, coordenador do grupo do externato Rumo ao Sucesso.

“O principal objetivo é que eles sintam prazer no que fazem e que tratem a música por tu”, sublinhou Pedro Condinho, que, juntamente com António Laertes, recebeu os parabéns da presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

Maria das Dores Meira estava “fascinada” no final do concerto, sublinhando que o Conservatório Regional e o Rumo ao Sucesso “são instituições do Concelho que são motivo de grande orgulho”.

Para a autarca, atuações como a que se assistiu a 1 de junho no Auditório da Anunciada demonstram que “crianças com necessidades especiais são ótimas em tantas coisas”, sendo ainda uma “prova de que a música une as pessoas”, de resto um dos principais objetivos do certame.

O Festival de Música de Setúbal, organizado pela fundação britânica The Helen Hamlyn Trust e a Câmara Municipal, pontuou com concertos vários locais do Concelho.

No dia 2 de manhã, o festival foi ao Mercado do Livramento, emblemático espaço de comércio tradicional de Setúbal, onde Firmino Pascoal e Elizabet Oliveira soltaram ritmos da cultura portuguesa e da lusofonia africana.

O espetáculo, uma reunião de sonoridades tradicionais de Angola de Firmino Pascoal, do grupo Lindu Mona, e do hip-hop português de Elizabet Oliveira, conhecida por Dama Bete, envolveu e despertou a curiosidade de comerciantes e clientes que paravam para apreciar momentos musicais de fusão cultural.

Em interação com o público, existindo também espaço para a declamação de poesia, Firmino Pascoal destacou a importância do festival setubalense “para a promoção da cultura musical de vários países de expressão portuguesa”.

Já à noite, ambos os artistas voltaram a atuar, desta feita na Casa da Baía e acompanhados pelas respetivas bandas, dinamizando o espetáculo “O Estrangeiro na Cidade”.

A chuva, todavia, também quis estar presente no festival, para mal do espetáculo “Canções de Setúbal”, programado para dia 2 à tarde no Auditório José Afonso, com grupos corais de diversas escolas e da APPACDM, a que se juntam vozes do Coral Infantil de Setúbal.

O concerto, no formato original, teve de ser adiado, realizando-se no dia 17, às 16h00, no Auditório da Anunciada, mas, ainda assim, o público mais resistente foi brindado com uma amostra do que aí vem. Pela primeira vez, foi possível ouvir o hino do Festival de Música de Setúbal, cantado, duas vezes, por cerca de 70 crianças, além de três temas pelo Coral Infantil de Setúbal.

No álbum de recordações da segunda edição do Festival de Música de Setúbal ficaram também registadas as atuações do grupo de música antiga Concerto Atlântico, dirigido por Pedro Caldeira Cabral, no dia 1, e do coro britânico Contrapunctus, em estreia em Portugal e com direção de Owen Rees, conceituado especialista em música portuguesa, a 2 de junho.

Pedro Carneiro, percussionista setubalense internacionalmente famoso na área da música erudita, voltou a atuar na terra natal, desta feita num concerto apresentado no dia 3, nos Claustros do Convento de Jesus, a encerrar o festival, e no qual contou com a participação de solistas da Orquestra de Câmara Portuguesa.

O programa apresentou, ainda, a banda da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense e solistas da Orquestra de Câmara Portuguesa, num concerto realizado a 3 de junho, de manhã, na histórica Quinta da Bacalhôa, em Azeitão, assim como as atuações do Coral Infantil de Setúbal, da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi e do Conservatório Regional de Setúbal, no mesmo dia, à tarde, no Auditório José Afonso.

O Festival de Música de Setúbal abriu em grande logo no dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, com um desfile inaugural protagonizado por cerca de 1300 alunos de escolas de todos os agrupamentos do Concelho, cinco vezes mais do que na mesma iniciativa realizada na edição de 2011.

“Temos uma comunidade educativa muito unida”, frisou a presidente da Câmara Municipal, sublinhando o orgulho que tem na concretização no Concelho de um evento como o Festival de Música. “Estamos todos de parabéns. Isto é Setúbal”, concluiu.