O evento mantém como principal linha o princípio que serviu de predicado à sua génese, em 2010, o de contar com o envolvimento da comunidade local, desde o movimento associativo, escolas, estabelecimentos de ensino musicais e pessoas com deficiências, na participação artística ativa nos espetáculos do programa, muitos deles em estreita parceria com músicos profissionais e consagrados.

“Perguntam-me, com frequência, porque este festival é diferente de todos os outros. É por causa do papel de toda a comunidade local em fazer deste um evento único”, sublinhou Ian Ritchie, diretor artístico desde a primeira edição do certame setubalense e conhecido por ser o principal orientador do Festival de Música de Londres.

O diretor artístico falou na manhã de dia 3, juntamente com a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e do presidente da A7M, António Laertes, na apresentação oficial do evento, realizada a bordo do galeão do sal “Riquitum”, embarcação tradicional de Setúbal e que, estabeleceu, assim, uma ligação com o tema da edição de 2016, “Sal”.

O certame realiza-se em vários locais da cidade, entre os dias 26 e 29, com um programa que inclui 15 iniciativas, a maioria das quais concertos, numa organização da A7M – Festival de Música de Setúbal, com os apoios financeiros da Câmara Municipal, The Helen Hamlyn Trust e da Fundação Calouste Gulbenkian.

“Este festival é hoje uma importante peça da estratégia municipal para promover a cultura e a música na cidade. Creio que o tem feito com bastante sucesso, promovendo forte cooperação entre escolas e entidades ligadas ao ensino e divulgação da música, criando peças únicas e inovadoras, rompendo com a tradicio0nal forma de realizar festivais de música”, destacou Maria das Dores Meira.

John Kenny, Marcelo Bratke, Rolf Gehlhaar e Irene Lima são apenas alguns dos músicos que participam nesta edição do Festival de Música de Setúbal.

“Tal como noutros festivais, é importante ter estrelas. Mas, neste caso, não são estrelas que ficam lá no alto, a brilhar ao longe. Elas vêm a Setúbal e inspiram-se na cidade e na comunidade para criar, enquanto, em simultâneo, inspiram a própria comunidade, tudo em prol da arte”, reforçou Ian Ritchie.

Componente que também foi sublinhada pelo presidente da A7M, António Laertes. “Este festival é nosso. Dos professores, dos jovens, de jovens artistas. Todos eles estão no terreno, a prepará-lo ao longo do ano inteiro.”

Como já é tradição, o Festival de Música de Setúbal inclui um espetáculo de percussão protagonizado por centenas de jovens de escolas e grupos comunitários de Setúbal.

Sob direção de Fernando Molina, os tambores e batuques vão soar às 10h30 do dia 27 no Auditório José Afonso, de entrada livre, com uma demonstração do megagrupo de crianças e jovens, que desfila, sempre com música, a partir das 11h30, pela Avenida Luísa Todi, entre o auditório e o Fórum Municipal Luísa Todi.

“Já temos milhares de jovens que ficaram enriquecidos com as experiências deste festival, graças a iniciativas como o projeto de percussão liderado por Fernando Molina e que se verifica desde a primeira edição. É um exemplo de como há muita gente que faz parte da base, das fundações, da essência deste festival”, salientou Ian Ritchie.

Faceta também reconhecida por Maria das Dores Meira, que fez questão em vincar a continuidade na aposta da autarquia nestas características únicas do festival setubalense. “Sempre que ouço alguém dizer que investimos demasiado em cultura, numa cidade que, há dez anos, tinha enormes carências nesta matéria, não posso deixar de sentir alguma estranheza. O investimento na cultura tem sempre retorno garantido. Isso é universalmente reconhecido. Porque o sabemos, esse é o caminho que continuaremos a seguir.”

“Sound=Space” é o título da primeira iniciativa do festival aberta ao público, uma instalação sonora interativa da autoria de Rolf Gehlhaar, compositor e investigador em tecnologia pensada para a criação de instrumentos para pessoas com deficiência.

A instalação interativa, de entrada livre, decorre ao longo dos quatro dias do festival e pode ser visitada, das 11h00 às 13h00 e das 15h00 às 17h00, no Convento de Jesus.

Na tarde do dia 26, entre as 15h00 e as 17h30, e ainda no dia 29, com abertura às 16h00, está patente ao público a exposição “Escute, Olhe e Toque”, constituída por instrumentos acessíveis a todos.

A iniciativa, que propõe a aproximação ao público de instrumentos que podem ser tocados por qualquer pessoa, inclui demonstrações e oficinas gratuitas, conduzidas por inventores e especialistas internacionais, para grupos e indivíduos de todas as idades e capacidades.

“Salinas” é o título do primeiro concerto do cartaz do certame, dia 26, às 21h00, no Fórum Luísa Todi, com a Sinfonieta de Lisboa, o concertino António Figueiredo, o saxofonista Pedro Corte-Real, a violoncelista Irene Lima e a orquestra de cordas do Conservatório Regional de Setúbal.

O espetáculo, com entradas a dez euros, é conduzido pelo maestro António Laertes, compositor da primeira obra do reportório, precisamente “Salinas”, e que inclui, ainda, “Kol Nidrei”, de Bruch, “St. Paul’s Suite”, de Holst, “Concerto para Saxofone”, de Glazunov, “Serenade”, de Elgar, e “Holberg Suite”, de Grieg.

O dia 27, além da atuação do grupo de percussão liderado por Fernando Molina, reserva, às 18h30, na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, a iniciativa “…com uma pedrinha de sal!”, de entrada livre, embora condicionada à reserva de bilhetes.

O espetáculo, criado e dirigido pela Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, conta com a colaboração da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, da Cenas à Vista, do Conservatório Regional de Setúbal, da Escola de Dança Desportiva Mónica Banza, da Escola de Música Capricho Setubalense, da Escola de Sevilhana e Flamenco SFH – Palmela, de Patrícia Rosa e Agostinhos Torres e do Universe Gong.

Na entrada principal do Fórum Luísa Todi realiza-se, no mesmo dia, às 21h00, o “Pré-concerto”, pequena atuação de percussão, de assistência gratuita, de Sant’Iago Olodum, grupo dirigido por Rosa Nunes e António Brazinha, e que serve de aperitivo ao concerto principal “Alma Brasileira”, com início às 21h30.

Este espetáculo, que estabelece uma ponte entre a partilha cultural entre Portugal e o Brasil, conta com as participações do pianista Marcelo Bratke, dos percussionistas Fernando Molina, José Correia, Ana Corolina Ferreirinha e Sara Caldeira e do Coral Infantil de Setúbal, dirigido por Nuno Batalha.

O evento musical, que inclui a projeção de vídeos da autoria de Mariannita Luzzati, apresenta um reportório com obras de Villa-Lobos, Ernesto Nazareth e Tom Jobim.

Hugo O’Neill e Marcelo Bratke participam na tertúlia “Sal de Setúbal: Portugal e Brasil”, moderada por José Luís Catalão, no dia 28, às 11h00, na Casa da Avenida.

Também neste espaço localizado na Avenida Luísa Todi e no mesmo dia, às 15h00, realiza-se o concerto “O Sal da Língua”, com canções tradicionais de Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor.

No espetáculo, que, tal como a atividade anterior, é de entrada livre, participam a 4 Às – Associação de Angolanos e Amigos de Angola, a Edinstvo – Associação de Imigrantes dos Países de Leste, a Associação Cultural Busuioc dos Cidadãos Moldavos da Península de Setúbal.

“Amor como Sal”, um dos pontos altos do Festival de Música de Setúbal, é a proposta seguinte do programa, agendada para as 17h30, no Fórum Municipal Luísa Todi.

O Ensemble Juvenil de Setúbal, projeto criado a partir do próprio certame, protagonizado por jovens com e sem experiência musical, além de pessoas com deficiência, atua em conjunto com Clarence Adoo, trompetista que ficou tetraplégico na sequência de um acidente e que prossegue a carreira a musical graças à invenção de um novo instrumento musical, o HiNote, de Rolf Gehlhaar.

O concerto, com entradas a três euros, dirigido pelo maestro Rui Borges Maia, apresenta os temas “Music for Pieces of Wood”, de Steve Reich, “Carnaval dos Animais”, de C. Saint-Saëns e arranjo de Sara Ross, e “Amor como Sal”, de Cevanne Horrocks-Hopayian.

A terminar o dia 28, a Igreja do Convento de Jesus recebe, às 21h00, “O Sal da Terra”, com o Coro de Câmara do Conservatório Regional de Setúbal, o Coro de Câmara da Escola Superior de Lisboa e o violoncelista Filipe Quaresma.

Com direção musical de Paulo Lourenço e condução da maestrina Inês Lopes, “O Sal da Terra” tem entradas a dez euros e inclui interpretações de “Suite n.º 1 para violoncelo”, de Bach, “Missa Brevis”, de Buxtehude, “Magnificat” e “Nunc Dimittis”, de Tarik O’Regan, “O Sal da Terra”, de Raul Avelãs, “Svyati”, de Tavenger, e “The Composer”, de António Pinho Vargas.

O último dia do Festival de Música de Setúbal, 29, começa às 10h30 e às 11h30, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, com “O Sal do Trabalho”.

Os espetáculos, de entrada livre, têm a direção musical de Pedro Condinho e António Laertes, que conduzem utentes do Externato Rumo ao Sucesso e elementos do Grupo de Música Contemporânea do Conservatório Regional de Setúbal.

A “Fábula do Sal” é a proposta para o início da tarde, às 15h00, no Fórum Luísa Todi, de entrada livre.

O concerto, com momentos cénicos, apresenta canções com inspiração no sal, interpretadas por coros de escolas do 1.º ciclo, utentes da APPACDM de Setúbal e elementos do Coral Infantil de Setúbal.

A atuação tem conceção, guião e coordenação de Carlos Barreto Xavier, encenação de Fernando Casaca, que também participou na elaboração do guião, e apoio nos figurinos e acessórios por estudantes da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal.

O Festival de Música de Setúbal encerra com “A Rota do Sal”, às 18h00, nos Claustros do Convento de Jesus, com entrada a seis euros.

O concerto, com músicos de renome do Reino Unido a interpretar música antiga e contemporânea, conta com as participações do HeadSpace Ensemble, constituído por Clarence Adoo, em HiNote, Torbjorn Hultmark, no trompete, John Kenny, no trombone e carnyx, e Chris Wheeler, desenho de som.

Participam ainda no espetáculo o Grupo de Metais da Escola Superior de Música de Lisboa, dirigido por Hugo Assunção, e o Grupo de Metais do Conservatório Regional de Palmela, com direção de Mário Carolino.

O certame inclui, ainda, duas exposições em torno do sal, ambas na Casa da Avenida.

“O Perfume do Sal” é constituída por pintura, desenho, instalação e escrita de Graça Pinto Basto e Maria João Frade, enquanto “Cartazes para um Festival” apresenta propostas de cartazes promocionais realizadas por alunos da Escola Secundária D. João II e inspiradas na presente edição do certame.

As mostras podem ser visitadas de 7 a 29 de maio, das 14h00 às 18h00 de quarta a sexta-feira e das 11h00 às 18h00 ao fim de semana.

Os bilhetes para os espetáculos podem ser adquiridos ou reservados no Fórum Municipal Luísa Todi, em www.bol.pt ou através do telefone 265 522 127.

O programa completo do Festival de Música de Setúbal, que conta ainda com os apoios do British Council, da Antena 1 e da Antena 2, pode ser consultado em www.festivalmusicadesetubal.com.pt.