O sentido da existência, no campo filosófico, foi o tema que deu o mote, no dia 12 de manhã, à primeira conferência do ciclo “A Praça do Sapal”, iniciativa da Uniseti – Universidade Sénior de Setúbal, que está a comemorar o 15.º aniversário.


O encontro, que encheu o Salão Nobre dos Paços do Concelho, na Praça de Bocage, em Setúbal, contou com as participações do bispo de Setúbal, D. José Ornelas, do professor emérito da Uniseti Mário Moura, do escritor Fernando Dacosta e do professor catedrático José Custódio Vieira da Silva.

A conferência integra um ciclo alargado de quatro encontros, agendados, os três restantes, para novembro de 2018 e fevereiro e abril do próximo ano.

O presidente da Uniseti, Arlindo Mota, destacou na abertura da conferência de hoje, subordinada ao tema “O Sentido da Existência”, que o ciclo de colóquios “não se trata de uma obrigação de calendário ou de mera efeméride só por causa da comemoração dos 15 anos da universidade”.

Arlindo Mota sublinhou que os quatro encontros agendados contam com “o valioso contributo de especialistas nacionais sobre os temas a debater”, acreditando que o ciclo “ganhará pleno direito na realidade da cidade de Setúbal”, pelo que, antevê, novos programas de debates deverão ser organizados pela Uniseti no futuro próximo.

A sessão de abertura foi partilhada com Ricardo Oliveira, vereador da Educação da Câmara Municipal de Setúbal, entidade que apoia a Uniseti na organização do evento.

O autarca salientou que “Setúbal afirma-se como Cidade Educadora e não o faz da boca para fora”, uma vez que a educação no concelho ocorre não apenas nas escolas das redes pública e privada, mas “no quotidiano do território, em todo o seu contexto”.

Sobre “O Sentido da Existência”, o escritor Fernando Dacosta, moderador do painel de convidados, recordou as palavras de Raúl Brandão, para quem “o maior drama do Ser Humano é não encontrar um sentido para a vida”.

Num tema que colheu os contributos, também, do professor Mário Moura, o bispo D. José Ornelas observou que a realidade atual é a de “uma sociedade de cultura líquida, ou seja, maleável, prática e ajustável”.

O prelado observou que a atualidade social está muito diferente da que se verificava há algumas décadas e é fundamental o indivíduo saber reconhecer as mudanças, adaptar-se e conseguir melhorar o que estiver mal.

José Ornelas alertou para uma realidade atual em que os indivíduos são permeáveis ao imediatismo, desresponsabilizando-se das suas ações e obrigações e na qual se “banalizou o ato de rasgar acordos com assinaturas lá postas”.

Este sentido de existência, para o bispo de Setúbal, “é perigoso, sendo preciso regressar ao sentido comum, ao senso comum, ao entendimento do que é necessário para o bem comum”.

José Ornelas, preocupado com as consequências no Homem de alterações como “a Economia e a Política estarem deslocadas completamente da realidade”, afirmou que a sociedade “não pode rejeitar o mundo em que vive, mas tem que lhe dar um sentido”.

A conferência incluiu, igualmente, uma intervenção do professor José Custódio Vieira da Silva, subordinada ao tema “O Visível e o Invisível na Arte Medieval”.

O ciclo “A Praça do Sapal”, assim designado por ser o antigo nome da Praça de Bocage, tem novas conferências agendadas para o dia 9 de novembro, sobre “Metáforas do Mercado – A Economia do Tardo-Capitalismo”, para 8 de fevereiro, sobre “Comunicação e Pós-Verdade”, e para 5 de abril, dedicada ao tema “O Mundo é feito de Mudança”.

Os colóquios decorrem sempre nos Paços do Concelho, durante o período da manhã.