Assinatura de Protocolo projeto Cidade do Conhecimento

O protocolo que visa elaboração do Plano Estratégico da Cidade do Conhecimento, projeto apontado para uma área de 180 hectares no Vale da Rosa, foi celebrado no dia 20 entre a Câmara Municipal de Setúbal e o The Pitroda Group LLC.


“Isto é História”, disse Sam Pitroda, fundador do The Pitroda Group LLC, enquanto assinava o protocolo de cooperação ao lado da presidente da autarquia, Maria das Dores Meira, numa cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A importância deste “dia histórico e memorável”, segundo o empresário e filantropo indiano, foi, igualmente, sublinhada pela autarca, que, há cerca de dois meses, recebeu de Sam Pitroda o “fascinante desafio” de construir em Setúbal uma Cidade do Conhecimento.

“A assinatura deste protocolo é a primeira etapa de um longo caminho que temos pela frente, mas é também um sinal claro da vontade e da eficiência que ambas as partes colocaram neste desafio”, confessou Maria das Dores Meira.

Vontade política e determinação por parte da autarca sadina para concretizar o projeto são dois dos fatores essenciais que levaram Sam Pitroda a perceber que Setúbal é o local ideal para receber este investimento.

“Escolhi Setúbal, em primeiro lugar, pela excelente localização. Faz parte de uma grande área metropolitana, vai ter um novo aeroporto aqui ao lado e está perto de Lisboa. Mas, o mais importante para mim, é que há vontade política por parte da presidente da Câmara Municipal de Setúbal. Sem apoio político, nenhum empresário consegue concretizar este tipo de projetos.”

Sam Pitroda quer construir “uma verdadeira cidade com diversos usos” no Vale da Rosa, numa área de 180 hectares, na proximidade das instalações do BlueBiz Global Parques e do campus do Instituto Politécnico de Setúbal, correspondendo à zona ocidental da área de intervenção do Plano de Pormenor do Vale da Rosa e Zona Oriental de Setúbal I.

A Cidade do Conhecimento de Setúbal idealizada pelo empresário destina-se a escritórios, área residencial, um hotel, um centro de conferências, um hospital, escolas e universidades, comércio, parques de estacionamento e espaços de divertimentos, arte e cultura.

“A ideia é criar uma cidade que não será isolada, estará aberta e fará parte da comunidade. Já fizemos projetos desta natureza, por exemplo, no México e na Índia, mas queremos construir algo em Setúbal que será um exemplo em todo o mundo.”

Os custos do projeto dependem de vários fatores, mas Sam Pitroda estima que o investimento possa situar-se entre 700 milhões a 1000 milhões de euros e assume que, apesar de ainda há “muito trabalho árduo” pela frente.

O empresário indiano já começou a procurar potenciais parceiros e investidores e garante que “há muito entusiasmo” em torno do projeto que visa criar um ambiente propício à inovação e à troca de conhecimento entre diferentes agentes económicos, sociais, culturais e de ensino/investigação, num espaço geográfico especificamente concebido para o efeito.

De acordo com Maria das Dores Meira são objetivos gerais da Cidade do Conhecimento criar um local onde “as pessoas e as empresas vivem, trabalham, colaboram e inovam em conjunto”, bem como uma “plataforma que concentra geograficamente os stakeholders de um determinado setor, permitindo a troca de conhecimentos entre todos de modo eficaz”.

Do ponto de vista urbanístico é objetivo essencial “reforçar a articulação com a zona oriental da cidade”, designadamente com a Cidade Desportiva, o BlueBiz e o Instituto Politécnico de Setúbal.

Além disso, salienta a autarca, pretende-se “constituir uma nova centralidade” em articulação com o Plano Estratégico Setúbal Nascente, desenvolvido em parceria com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, aprovado em 2011.

Nesse sentido, adverte que é fundamental que o modelo de ocupação da Cidade do Conhecimento seja “diferenciado, urbanisticamente muito qualificado e que se assegurem as melhores práticas ambientais e de sustentabilidade”.

O projeto deve, “acima de tudo”, contribuir “decisivamente para a valorização de toda a cidade de Setúbal” e todos os setubalenses devem rever-se nele e usufruir da sua existência.

A Cidade do Conhecimento enquadra-se na estratégia definida no PEDS 26 – Plano Estratégico de Desenvolvimento de Setúbal 2026 e na Revisão do Plano Diretor Municipal de Setúbal, “contribuindo para a concretização dos desafios traçados nestes dois instrumentos”.

O PEDS 26 preconiza que a implementação de “uma estratégia de especialização inteligente para o concelho é um desafio crucial, face à dimensão económica e competitiva de Setúbal”, referiu Maria das Dores Meira.

O protocolo celebrado ontem entre a Câmara Municipal e o The Pitroda Group LLC dá início ao processo de elaboração do Plano Estratégico da Cidade do Conhecimento (PECC), no qual, além da articulação funcional e urbanística com a envolvente e com a cidade, serão identificadas as áreas de conhecimento adequadas aos objetivos e à realidade de Setúbal e da região.

O plano estratégico vai permitir identificar qual o cluster de conhecimento a instalar no Vale da Rosa e, com base nisso, o grupo de Sam Pitroda compromete-se a encontrar as parcerias necessárias para garantir a sustentabilidade da operação e o seu faseamento.

Além disso, o The Pitroda Group LCC vai assumir a coordenação de todos os investidores e parceiros envolvidos e desenvolver as ações de marketing e promoção necessárias para dar visibilidade ao processo.

O PECC será elaborado por uma equipa técnica contratada pelo The Pitroda Group LLC, com o acordo da Câmara Municipal de Setúbal, e os trabalhos serão acompanhados e orientados conjuntamente pelas duas entidades.

Após a identificação de todos os investidores e garantida a sustentabilidade económica e financeira e o faseamento de toda a operação, a Câmara Municipal de Setúbal vai elaborar um Plano de Pormenor.

Neste instrumento de gestão do território, o município assume a responsabilidade de planear a execução das infraestruturas gerais de acordo com o faseamento do PECC e de coordenar a necessária participação de todos os proprietários envolvidos.

“Sei que este projeto é aliciante, mas não é simples. Exige vontade, saber, persistência e forte e permanente articulação entre promotores e com os organismos da administração central”, reconhece Maria das Dores Meira.

Apesar de ter consciência de que um projeto desta dimensão não se concretiza em dois dias, a autarca garante que a Câmara Municipal de Setúbal tudo fará para que sejam dados “passos seguros” que fortaleçam a confiança entre as duas entidades.

“O trabalho que já desenvolvemos nestes dois meses reforça a nossa convicção de que estamos ambos a trabalhar empenhadamente e de que as nossas equipas conseguiram excelentes resultados em tão pouco tempo.”

Maria das Dores Meira garantiu a Sam Pitroda que existe da parte da Câmara Municipal “forte determinação e clara vontade política para que a Cidade do Conhecimento seja uma realidade em Setúbal”.

Ao longo das últimas quatro décadas, Sam Pitroda desenvolveu atividade no setor das telecomunicações nos Estados Unidos da América, Europa e Índia, país onde, enquanto consultor do primeiro-ministro Rajiv Ghandi, contribuiu fortemente para a transformação das infraestruturas de telecomunicações e tecnologias de informação locais.

Na Europa, colaborou com a ITU (International Telecom Union) no desenvolvimento de infraestruturas de telecomunicações em países em vias de desenvolvimento, como forma de reduzir as diferenças tecnológicas a nível global.

Com mais de 75 patentes registadas, o empresário e filantropo indiano criou e liderou diversas empresas nos Estados Unidos, tendo também lecionado nas áreas de tecnologias, desenvolvimento e telecomunicações um pouco por todo o mundo.