Numa cerimónia simbólica, que contou com a presença do autor da escultura, o artista plástico Carlos Andrade, e dos responsáveis pela Fundação Buehler-Brockhaus, que doou a estátua à cidade, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, assinalou que “não há dúvida de que os golfinhos são o símbolo que mais une Setúbal e que melhor representa o concelho”.

Os roazes-corvineiros, “parte essencial da forte identidade setubalense”, são homenageados na obra do escultor Carlos Andrade, em 250 toneladas de pedra mármore branca, com dimensões aproximadas de 15 metros de largura, 2 de profundidade e 4 de altura.

A escultura, que, desde abril, dá as boas-vindas a quem entra em Setúbal, retrata artisticamente “os belos movimentos” dos roazes-corvineiros, “velhos companheiros nas marés do Sado, aqueles amigos que acompanham as travessias para Troia, que generosamente se mostram na crista da onda”.

Mais do que uma homenagem aos habitantes mais famosos do Sado, Maria das Dores Meira defende que a nova peça escultórica é “um símbolo da transformação” por que passa a cidade. “Estes roazes podem ser vistos como a metáfora da transformação em curso, porque ainda há muito por fazer, mas também como representação do muito que já está feito.”

O local onde estão instalados é, de resto, “uma das melhores evidências dessa transformação”, pois há cerca de cinco anos era uma zona “descaracterizada, feia” e uma mera via rápida a exigir “condições qualificadas para viaturas e peões”.

Maria das Dores Meira considera que a escultura dos golfinhos simboliza também as transformações que a autarquia tem desenvolvido na rede viária do concelho, com a implementação de novas soluções que “em muito facilitam a vida a todos o que têm de circular na cidade”, resultado de processos de planeamento cuidados.

A peça da autoria do artista plástico Carlos Andrade é a quinta obra doada à cidade pela Fundação Buehler-Brockhaus, no âmbito de um protocolo de colaboração celebrado com a Câmara Municipal de Setúbal, depois de figuras evocativas de profissões no Mercado do Livramento, de um conjunto escultórico no exterior no Fórum Luísa Todi, e das esculturas “Zéfiro” na rotunda do Monte Belo Norte e “Sardinhas” na rotunda das Fontainhas.

“Soubemos que a senhora presidente da Câmara procurava uma escultura emblemática para instalar nesta rotunda e apaixonámo-nos pela ideia de doar a quinta peça de arte à cidade”, contou Marion Buehler-Brockhaus.

Em fevereiro de 2015, Marion e o marido, Hans-Peter Buehler, casal alemão que se apaixonou por Setúbal, onde reside há vários anos, levaram a presidente da autarquia a conhecer os primeiros esboços da peça que Carlos Andrade iria conceber e “foi logo tomada a decisão de instalar os golfinhos na rotunda mais emblemática da cidade”.

Para a conceção da peça, foram escolhidos dez blocos de mármore de Estremoz, “o ouro branco do Alentejo”, com o peso inicial de 300 toneladas, levados para uma pedreira em Sintra, que serviu de local de trabalho para Carlos Andrade ao longo de vários meses.

“Esta obra foi uma oportunidade única que ficará para sempre marcada na minha perna e na minha vida”, ilustrou Carlos Andrade, ao lembrar um acidente que teve durante a produção da obra.

Para o artista, os golfinhos do Sado, uma das poucas comunidades sedentárias em todo o mundo, são “a singularidade de Setúbal”, e, por isso, esta peça “não é uma obra de decoração”, mas, sim, “de arte pública, instalada na principal entrada da cidade e concebida para materializar a alma do povo de Setúbal”.

Pedro Narra, empresário na área de observação de golfinhos no Sado e promotor da salvaguarda da espécie, também marcou presença na inauguração da estátua e apontou a necessidade de garantir “um turismo sustentável”.

Após as intervenções, a cerimónia de inauguração da escultura terminou com o descerramento de uma placa no exterior do Centro Comercial Alegro Setúbal.

De salientar que na envolvência da peça escultórica foi criada, pela autarquia, uma ampla zona de relvado que complementa o embelezamento da rotunda.