As 24 gravuras que constituem o ciclo são agora apresentadas pela primeira vez numa mostra pública em Portugal após a exposição inaugural, em Tavira, em 1985, ano em que foram produzidas.

No estrangeiro, apenas por duas vezes o ciclo esteve integralmente em exposição, primeiro no British Museum e, depois, no Wigmore Hall, em Inglaterra.

Com a sequência de 24 imagens, concebidas através das técnicas de água-forte e água-tinta, Bartolomeu Cid dos Santos apresenta uma interpretação de “Winterreise”, obra do período romântico, escrita pelo compositor Schubert um ano antes de morrer aos 31 anos de idade.

“A Viagem de Inverno”, como é intitulada em português a peça alemã, é um ciclo de 24 lieder que reflete a enorme angústia sentida pelo compositor sobre a morte que se aproximava.

A relação entre as gravuras de Bartolomeu e a composição musical de Schubert é explorada não apenas na mostra patente desde o dia 14 de novembro na Galeria de Exposições da Casa da Cultura, inaugurada pelo vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, como numa conferência, conduzida por Manuel Augusto Araújo, no dia 23, a partir das 21h30, no mesmo local.

“Winterreise” retrata a amargura de um indivíduo através da caminhada solitária por paisagens desoladas, sombrias e geladas, desprovidas de qualquer sentimento de esperança, numa nota estética e temática que caracterizou grande parte do período Romântico.

Bartolomeu Cid dos Santos, reconhecido como um dos maiores artistas-gravadores do século XX, era um profundo conhecedor de música e, naturalmente, da obra de Schubert.

Todas as gravuras foram concebidas com a mesma dimensão e cada uma delas é a interpretação do artista plástico português, desaparecido em 2008, de cada um dos lied que constituem o “Winterreise” de Schubert.

As imagens, que podem ser observadas com a mesma admiração com que se ouvem os melhores intérpretes de piano ou canto da obra musical, ajudam a compreender melhor toda a obra “A Viagem de Inverno”.

A exposição pode ser vista de terça a quinta-feira das 10h00 às 24h00, à sexta-feira e ao sábado até à 01h00 e ao domingo até às 20h00.

Tanto a mostra, como a conferência, que inclui a projeção do filme “Bartolomeu Cid dos Santos – Por Terras Devastadas”, de Jorge Silva Melo, sobre a vida do artista plástico, são de entrada livre.